Doença ocorre quando o disco da coluna sai de sua posição normal, gerando desconforto, segundo o neurocirurgião Dr. Antônio Araújo, a d
Publicado em 06/06/2023, às 09h00
Com certeza você já ouviu falar sobre a hérnia de disco, condição que ocorre quando um disco intervertebral - que serve como um amortecedor entre as vértebras - sai de sua posição normal e comprime as raízes nervosas, que são ramificadas a partir da medula espinhal.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), oito em cada dez pessoas no mundo já tiveram, têm ou podem futuramente sofrer com essa condição. “O diagnóstico da hérnia de disco pode ser feito considerando os sintomas, o exame neurológico e o resultado de exames complementares, tais como ressonância magnética e raio-x”, comenta o neurocirurgião Antônio Araújo, da Clínica Araújo & Fazzito e do Corpo Clínico do Hospital Sírio-Libanês.
Assim como muitas condições que envolvem a saúde, as pessoas ainda têm dúvidas a respeito da hérnia de disco. Exatamente por isso, AnaMaria Digital pediu para o especialista responder sobre alguns mitos e verdades do problema. Confira!
Mito! “Muito pelo contrário”, diz Araújo. Conforme o especialista, na grande maioria dos casos, a hérnia de disco pode melhorar sem a necessidade de intervenção cirúrgica, mas é algo que varia de caso a caso.
A cirurgia só é necessária em menos de 10% dos casos. Ainda assim, o primeiro objetivo é sempre evitar o procedimento, dando preferência aos tratamentos conservadores e com seguimento multidisciplinar fisiatra, neurologista, ortopedista, fisioterapeuta, preparador físico, etc.
Outro mito. Em grande parte dos casos, o paciente consegue se livrar da dor com tratamento conservador. Ou seja, com uso de analgésicos, anti-inflamatórios, repouso, e reabilitação, descartando a cirurgia.
“Como dito anteriormente, o tratamento conservador, quando possível, é a melhor opção. O disco intervertebral é um tecido vivo, quando se retira a carga excessiva sobre ele o disco se regenera e a hérnia reabsorve. Mesmo em casos mais dramáticos de hérnias de disco volumosas (chamadas “extrusas”) as chances de reabsorção giram em torno de 80%.”, comenta o neurocirurgião.
Verdade! Engana-se quem sempre associa a hérnia de disco com dores fortes, conhecidas como “ciáticas”. Em alguns casos, a pessoa pode ter a presença da hérnia na ressonância magnética, mas sem nenhum sintoma. Nesse caso, não é necessário fazer nenhum tipo de tratamento, apenas seguimento radiológico.
Sim! Apesar do senso comum de que a condição afete apenas a população idosa, elas afetam mais pessoas jovens do que os de mais idade. Isso porque, como as causas da hérnia envolvem falência da musculatura do tronco, má postura e exercícios físicos incorretos - hábitos mais comuns nos jovens, a população mais nova é a mais afetada.
“É importante que as pessoas saibam que as hérnias de disco são doenças de pessoas jovens, quando ainda apresentam uma grande mobilidade da coluna. O processo de envelhecimento cursa com um desgaste da coluna, levando a quadros de artrose e espondilose, onde “bicos de papagaios” acabam sendo a preocupação, e não mais as hérnias do disco.”, ressalta o médico.
Falso! A hérnia de disco não tem nenhuma relação com o peso corporal. Apesar do sobrepeso ser um dos fators de risco - tal como problemas posturais, quedas, tabagismo e sedentarismo, isso não significa que toda pessoa com sobrepeso vá desenvolver uma hérnia. "Na verdade, o sedentarismo acaba sendo o fator mais preocupante”, finaliza o Araújo.