Humorista tem feito sucesso com vídeos publicados nas redes sociais e revela sonho de ter seu próprio programa de TV
Nos últimos meses, quem usa Twitter, Instagram e Tik Tok, provavelmente, viu um dos vídeos da humorista Lorrane Silva, mais conhecida como Pequena Lô. A jovem, de 24 anos, já produz conteúdos de humor desde 2015, mas viu sua popularidade crescer recentemente. De Araxá, Minas Gerais, ela nasceu com membros curtos devido a uma síndrome que até hoje não foi identificada, porém está associada com a displasia óssea. Com seus 1,3 m de altura, Pequena Lô é uma gigante em talento e perseverança. A influencer digital afirma que sempre gostou de fazer graça e foi por causa desse jeito cômico que começou a gravar vídeos para o seu canal no YouTube, em 2015.
No começo, ela falava sobre o preconceito que vivia por causa da sua síndrome, mas destaca que “colocava humor em tudo para aliviar”. Depois veio o Instagram, quando os vídeos fizeram sucesso e ela passou a gravar semanalmente. Foi no final de 2016 que decidiu dar uma pausa na produção para se graduar em Psicologia. Lorrane comenta que os estudos na área ajudaram a lidar melhor com os elogios e ataques que recebe. Hoje, ela possui quase 10 milhões de seguidores, é uma das comentaristas do Plantão BBB, na Globo, e se diz ‘anestesiada’ com o que está acontecendo: “Ser reconhecida e levar a representatividade para deficientes também era um sonho”.
Quem é a Pequena Lô?
É mais um nome artístico do que uma personagem. Ela é psicóloga, humorista e influencer digital.
Qual é o seu diagnóstico?
Desde o meu nascimento, os médicos tiveram dificuldade para identificar o nome da síndrome. O caso foi até para fora do Brasil, mas, ainda assim, não chegaram a uma conclusão. Então, eles nomearam como displasia óssea, ou seja, nasci com membros curtos. Fiz tratamento durante cinco anos. Até os 7, andei normalmente, sem o apoio das muletas. Foi quando fiz a primeira cirurgia e, aos 11, a última cirurgia – desde então, passei a precisar do apoio das muletas.
O humor sempre foi sua marca registrada?
Sim, sempre foi! Desde menina, sempre gostei de piadas, histórias engraçadas...
De onde vem tanta descontração e alegria de viver?
Sempre fui uma pessoa que gosta de sorrir e fazer as outras pessoas sorrirem também. Sinto prazer nisso. Claro, sou humana e, como qualquer um, nem todos os dias estou bem. Mas tento levar a vida da maneira mais leve possível.
Você participou da abertura das Paraolimpíadas de 2016. Isso aumentou sua visibilidade?
Sim, porém, na época, eu ainda não fazia tantos vídeos de humor sobre o cotidiano. Eu costumava fazer vídeos engraçados de danças no Instagram e contava minhas histórias no YouTube.
A formação como psicóloga ajudou a lidar melhor com todo o tipo de comentário que recebe?
Claro, me ajuda muito. E, além disso, eu faço terapia. A psicologia me fez ter um outro olhar em relação aos haters - a gente passa a olhar mais para o lado pessoal de cada pessoa que está ali e percebe que um ataque que ela faz é alguma projeção ou algo que não tá bem dentro dela, entende?
Aliás, você já foi vítima de haters?
Várias vezes, acho que a crítica nunca vai acabar. Na medida que você cresce, as pessoas vão te conhecendo e gostando de você… ou não. Tem pessoas que também estão ali só para te criticar. Talvez porque elas sejam amargas, queiram estar no seu lugar ou ainda porque o prazer delas é criticar o outro.
O humor transforma as pessoas?
Acredito que ajuda bastante. Muitas pessoas me mandam mensagens falando que meus vídeos ajudaram a diminuir a ansiedade, que não tiveram um dia muito bom e, depois de assisti-los, conseguiram sorrir… E isso é muito gratificante. Pessoas PcDs [pessoas com deficiência] mandando mensagens de que tinham vergonha de se expor e hoje têm vontade de começar a se mostrar mais na internet e na sociedade. Isso é incrível!
Ser reconhecida sempre foi seu sonho?
Sempre, mas, como sempre falo, a gente nunca imagina como vai ser, e eu não imaginava que seria dessa forma, que eu teria tanta visibilidade e conseguiria conquistar inúmeras coisas.
Repercutir nas redes foi a forma que você encontrou para levar a representatividade para pessoas com deficiência?
Com certeza, a internet deu essa visibilidade maior, mostrando que pessoas PcDs podem ser e estar onde quiserem, não importando sua limitação. Nós somos capazes.
De onde vêm suas inspirações?
De situações cotidianas, às vezes de algumas atitudes da minha mãe, do meu pai, amigas, de mim mesma… Pesquiso muito também, e recebo sugestões dos seguidores.
Planos para o futuro?
Fazer teatro e ter meu próprio programa de televisão.