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Famosos / Especialista responde

Bariátrica está em alta com Jojo Todynho, mas será que cirurgia é segura?

Apesar dos vários casos de sucesso, como o da cantora, procedimento não é livre de problemas

*Renata Rode, colunista de AnaMaria Digital Publicado em 11/08/2023, às 09h40

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Jojo Todynho celebrou o sucesso de sua cirurgia bariátrica. - Instagram
Jojo Todynho celebrou o sucesso de sua cirurgia bariátrica. - Instagram

Jojo Todynho fez questão de registrar a experiência de ter passado por uma cirurgia bariátrica na última terça-feira (8), em um hospital da Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ). No caso da cantora, o procedimento aparentemente foi um sucesso e ela teve alta na manhã da última quinta-feira (10). Infelizmente, porém, nem sempre dá tudo certo no final, como foi para Lisa Presley, única filha do cantor Elvis Presley.

Ela, que tinha 54 anos, morreu em 12 de janeiro deste ano, após sofrer sintomas do que parecia ser algum problema cardíaco. No entanto, o relatório da autópsia, divulgado em julho passado, descobriu que, na verdade, ela faleceu por conta de uma obstrução do intestino delgado, suposta consequência de uma cirurgia bariátrica para perda de peso feita alguns anos antes. Esta, inclusive, é uma complicação conhecida a longo prazo deste tipo de cirurgia. 

Para o ex-presidente da Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e Transtornos Metabólicos (IFSO), o médico Almino Cardoso Ramos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), é preciso ter cautela ao analisar a notícia, pois qualquer paciente submetido a uma cirurgia abdominal – e não somente bariátrica – podem ter o risco de apresentar aderência ou hérnias internas.

"Trata-se do intestino, que fica solto dentro do abdômen, se prender a outro órgão, no caso, a parede abdominal. Com esse ponto de fixação, ele pode rodar ou torcer", explica o médico. O fato da cirurgia ser realizada por videolaparoscopia, garante ele, diminuiu exponencialmente a chance de isso acontecer. "Trata-se de uma situação rara, não sendo comum uma ocorrência como essa em um pós-operatório de cirurgia bariátrica”, explica Ramos.

No entanto, explica o especialista, é preciso acompanhar de perto o pós-operatório do paciente, pois aderências podem acontecer durante o processo de cicatrização de qualquer tecido. Isso não é um problema a princípio, mas pode virar um quando há rotação e, por fim, a obstrução. “A ponta do intestino entra num processo de restrição vascular ou isquemia progressiva, sendo que, se o quadro não for revertido a tempo de maneira natural - já que, muitas vezes, o próprio intestino desfaz a rotação – deve-se então fazer cirurgia para reversão do quadro", ressalta.

Se o tratamento não for feito a tempo, contudo, aquela parte que está com mau suprimento vascular pode necrosar e, com isso, ser necessária a retirada dessa parte que morreu. "Por isso, é da mais alta importância que se realize o tratamento antes de se chegar a esse ponto”, enfatiza.

CONTROLE PÓS-OPERATÓRIO

Segundo o médico, o ideal é ser acompanhado por uma equipe médica mesmo anos após passar pela bariátrica, pois o procedimento requer um controle para o resto da vista, visando especialmente o monitoramento adequado dos nutrientes e funções do organismo.

“É importante frisar que o legista não afirmou que Lisa morreu em decorrência de cirurgia bariátrica, mas sim da aderência, sendo constatado que ela tinha feito uma cirurgia bariátrica. Ou seja, não podemos ligar diretamente a questão ao procedimento, pois não sabemos o histórico prévio dela, que pode ter sido submetida a uma cesárea, cirurgia plástica ou a qualquer outra cirurgia abdominal prévia e que poderia também influenciar no quadro”, detalha Almino.

Para o médico, a artista deve ter utilizado analgésicos potentes visando mascarar a dor, que é um dos sinais mais graves do problema. Os principais sintomas são dores abdominais com piora progressiva que podem se associar a outros sintomas, como: distensão abdominal, taquicardia, dificuldade respiratória/falta de ar, febre, náusea, vômito, parada de eliminação de gases e fezes, além de quadro de desidratação.

“Novamente, toda pessoa que se submeteu a qualquer tipo de cirurgia abdominal – e não somente a bariátrica – deve estar atenta sobre a vigência de quadros abdominais de dores intensas e procurar um serviço de emergência de imediato. O diagnóstico do quadro é feito por exames de tomografia ou ressonância magnética e, quanto antes é feito, maior o sucesso no tratamento e reversão do quadro. Sendo assim, faça acompanhamento e exames periódicos e evite a automedicação”, finaliza o cirurgião.