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Leite materno: muito mais que um alimento

As vantagens da amamentação vão além de nutrir o bebê. Ela fortalece o vínculo entre mãe e filho, e ajuda no desenvolvimento da criança

Caroline Cabral Publicado em 29/09/2017, às 14h00 - Atualizado em 07/08/2019, às 17h45

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Leite materno: muito mais que um alimento - iStock
Leite materno: muito mais que um alimento - iStock
O bebê descobre um mundo completamente novo ao nascer, inundado por sensações, sentimentos e estímulos externos. Ainda assim, mantém-se ligado à sua genitora. Esse contato precisa ser nutrido com amor, atenção e paciência. Coisas boas levam tempo, não seria diferente com o amor entre mãe e filho. Para Nathália Sarkis, pediatra do Hospital Santa Lúcia, de Brasília, e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, a melhor maneira de sustentar essa ligação no início da vida é pela amamentação. “O elo estabelecido entre a criança e a mãe é criado e fortalecido assim”, atesta a médica.

Saúde e bem-estar
“É o leite da mãe que fornece os nutrientes necessários para o sistema imunológico e o desenvolvimento da criança, como vitaminas, minerais e anticorpos”, explica Nathália. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que a amamentação seja exclusiva durante os seis primeiros meses de vida. Um estudo liderado pelo epidemiologista Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul, comprovou a ligação entre a amamentação exclusiva e a prevenção da taxa de mortalidade infantil – ela reduz em até 14 vezes o risco de mortes infantis por diarreia e em 3,6 vezes por infecções respiratórias. A prática também atua como uma medida preventiva para que a criança tenha menos propensão a desenvolver diabetes, obesidade, hipertensão ou anemia durante a vida adulta. De acordo com Nathália, “amamentar diminui o risco futuro de alergias alimentares e infecções respiratórias”. As substâncias encontradas exclusivamente no leite materno ainda contribuem para que o bebê desenvolva melhor as áreas do cérebro relacionadas à emoção e à linguagem. Na outra ponta, mães que amamentam têm menos riscos de desenvolver câncer de mama e de ovário.

Para amamentar melhor
■ Buscar um local tranquilo e confortável é fundamental para que não haja estresse no momento do aleitamento.
■ Delegar os afazeres cotidianos também auxilia a mãe a manter a mente tranquila e o foco no que importa.
■ “Pequenos gestos são muito benéficos para o momento, como posicionar o rosto do bebê de frente para a mama, de forma que o nariz fique na altura do mamilo e seu corpo próximo ao da mãe, barriga com barriga”, orienta Nathália, enfatizando que a cabeça e o tronco do bebê precisam estar alinhados. Para que a pega se dê sem dor, a auréola da mama precisa estar visível, acima da boca do bebê, que deve estar bem aberta, com o lábio inferior virado para fora e o queixo encostado na mama. Se possível, opte por amamentar sentada ou de pé. Deitada gera risco de otite na criança.

E se eu tiver pouco leite?
Os Bancos de Leite Humano funcionam como centros de apoio, proteção e promoção do aleitamento materno. “É uma casa de acolhimento e aconselhamento para mães com dificuldade no período de lactação”, diz Danielle Aparecida da Silva, Coordenadora do Centro de Referência da Rede Global de BLH do IFF/Fiocruz. O Brasil tem 221 Bancos de Leite e 187 postos de coleta. Para
consultar os endereços, visite rblh.fiocruz.br.

Livre demanda
Para potencializar os benefícios do aleitamento, a OMS encoraja a amamentação sob livre demanda, ou seja, quando e por quanto tempo o bebê desejar. Ofertar outros alimentos pode ser nocivo. O leite de vaca, por exemplo, pode contribuir para que a criança desenvolva alergias como dermatite, rinite e sinusite. Depois dos seis meses de aleitamento exclusivo, a recomendação da OMS é que a amamentação continue, aliada à alimentação complementar, até os 2 anos. “Enquanto as mães estiverem amamentando haverá produção de leite. Basta existir a sucção”, garante Nathália.

Mamães soropositivas também podem amamentar?
De acordo com Nathália, a amamentação não é indicada para mães soropositivas. “Pela baixa quantidade de leite nos bancos,
oferecemos fórmulas infantis nesses casos”, explica. Elas são feitas a partir da proteína do leite de vaca e oferecem vitaminas, ferro e nutrientes necessários para o desenvolvimento neurológico da criança. Já o leite coletado de mães doadoras é pasteurizado e direcionado, prioritariamente, para crianças na UTI neonatal ou que tenham alguma patologia específica, como uma alergia alimentar. Mães com HPLV, outra DST, também não podem amamentar.