A grande maioria de nós irá, em algum momento da vida, ficar dependente de outra pessoa
"Meus sogros não estão conseguindo mais se virar sozinhos, mas não querem morar com os filhos. Asilo ou um cuidador, qual a melhor opção?”
J. I., por telefone
A mentalidade latina dos brasileiros nos diz para mantermos todos em casa, em vez de lidar com o sentimento de culpa de colocar um familiar numa residência para idosos. Mas, em países desenvolvidos, os mais velhos já se programam para ir morar num local
desses! Será que isso é abandono? Se os cuidados forem bons ou até melhores do que em casa, não! Não há por que sentir culpa. O que faz pensarmos assim é a má impressão causada pelos residenciais que visitamos e que se encontram fora das exigências da Anvisa. Agora, se for contratar cuidador, deve-se levar em consideração as leis trabalhistas e pagar horas extras para o que exceder oito horas diárias. Muito cuidado com as empresas que não fazem contratos de carteira assinada com seus funcionários. Elas estão fora da lei e isso pode repercutir sobre a família que a está contratando. Além de exigir uma boa formação técnica, é bom avaliar a índole do cuidador. Vale ressaltar que também há uma mudança importante de toda a dinâmica da casa, onde haverá mais gente vivendo. De qualquer forma, o que vale é a mentalidade do paciente ou familiar. A grande maioria de nós irá, em algum momento da vida, ficar dependente de outra pessoa. Vamos nos preparar para um dia sermos cuidados?
Mercado aquecido
Maior expectativa de vida e famílias mais enxutas estão fazendo com que o mercado de cuidadores de idosos cresça cada vez mais. Segundo um levantamento feito pelo Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (Nead), praticamente aumentou em quatro vezes o número de empresas deste setor entre os anos de 2005 e 2013 – de 108 para 400 companhias. Isso
quer dizer que o crescimento é cerca de 5% a cada ano.
"A decisão depende de uma série de fatores e é dificultada pela sensação de culpa que os familiares podem sentir"
Dr. Paulo Camiz é geriatra e professor da Faculdade de Medicina da USP. É também idealizador do projeto “Mente Turbinada”, que desenvolve exercícios para o cérebro. Para ler outros artigos escritos por ele, acesse ogeriatra.com.br