Emicida, Roberto Carlos e Raimundos - você nem imagina, mas alguns desses cantores têm músicas com letras machistas e você pode nem perceber ao cantar. Vem conferir!
Nos últimos anos, a música popular brasileira tem sido objeto de discussões acaloradas em torno do impacto cultural que promovem. Músicas com letras machistas não são novidade - tanto que vários sucessos musicais, celebrados por gerações, carregam mensagens com estereótipos de gênero, que objetificam mulheres e minimizam questões de respeito e igualdade.
A seguir, AnaMaria analisa algumas músicas com letras machistas que, quando cantadas, às vezes podem passar despercebidas em seu conteúdo problemático - confira!
"Esse Cara Sou Eu" - Roberto Carlos
A balada romântica 'Esse Cara Sou Eu', de Roberto Carlos, na verdade, não tem nada de romântica. Ela reforça estereótipos de gênero ao pintar o homem como protetor e herói desejado pelas mulheres. A letra sugere uma visão unidimensional do papel masculino e feminino nas relações amorosas:
"O cara que pega você pelo braço/ Esbarra em quem for que interrompa seus passos/ Está do seu lado pro que der e vier/ O herói esperado por toda mulher/ Por você ele encara o perigo/ Seu melhor amigo/ Esse cara sou eu."
"Trepadeira" - Emicida
Na obra de Emicida, 'Trepadeira', a linguagem é utilizada como forma de objetificação da mulher e a retrata de forma pejorativa. A expressão "Minha tulipa, a fama dela na favela enquanto eu dava uma ripa" desumaniza a parceira ao reduzi-la a um mero objeto sexual.
O verso "E os mano me falava que essa mina dava mais do que chuchu" critica a vida sexual da mulher, perpetuando estigmas sobre a liberdade feminina.
"Vidinha de Balada" - Henrique e Juliano
O sucesso sertanejo 'Vidinha de Balada', da dupla Henrique e Juliano, apresenta um retrato machista das relações amorosas. A letra sugere um controle masculino sobre a vida da mulher, transformando o relacionamento em uma imposição:
"Tô a fim de você/ E se não tiver, cê vai ter que ficar/ Eu vim acabar com essa sua vidinha de balada/ Vai namorar comigo, sim/ Vai por mim, igual nós dois não tem/ Se reclamar, cê vai casar também."
"Me Lambe" - Raimundos
Em 'Me Lambe', dos Raimundos, é apresentada uma visão possessiva e controladora do homem sobre a mulher. Além disso, há uma inquietante referência à atração por uma menor de idade:
"O quê? O que que essa criança tá fazendo aí toda mocinha?/ Vê, já sabe rebolar, e hoje em dia quem não sabe?/ Se ela der mole, eu juro que eu não faço nada/ Dá cadeia e é contra o costume/ Mas se eu tiver na rua e ela de mão dada com outro cara/ Eu morro de ciúme."
"Tapinha" - Bonde do Tigrão
A música 'Tapinha', do Bonde do Tigrão, descreve ações físicas específicas esperadas da mulher para satisfazer o parceiro. Tal abordagem reflete na objetificação feminina, ao focar no comportamento desejado pela perspectiva masculina. Além disso, minimiza a violência física sob o pretexto da diversão:
"Dá uma quebradinha/ E sobe devagar/ Se te bota maluquinha/ Um tapinha eu vou te dar porque/ Dói um tapinha não dói/ Um tapinha não dói/ Um tapinha não dói/ Só um tapinha."
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