Família teve que recorrer a uma instituição particular pois não haviam vagas na rede pública
Carlos Massatoshi Higa, de 72 anos, recebeu alta do Hospital São Camilo, na Zona Norte de São Paulo, na última segunda-feira (4). O idoso passou 191 dias internado para o tratamento da covid-19, sendo mais da metade deles intubado. Entretanto, a alegria da cura se divide com uma nova preocupação à família: a dívida deixada é de nada menos que R$ 2,6 milhões.
Em entrevista ao G1, Juliana Suyama Higa, filha de Carlos, explicou que a família teve que recorrer ao hospital particular devido à superlotação da rede pública. “Meu pai foi internado no dia 27 de março. Foi bem naquela época em que teve um boom de internações por causa da variante de Manaus e faltou vaga em hospital público. Faltava até medicamento para intubação. No desespero, fomos direto para o particular”, relembrou.
As complicações enfrentadas pelo idoso elevaram ainda mais o valor da dívida. Marcos foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva após dar entrada no hospital com sintomas graves de covid-19. Após quatro meses de intubação, foi mandado para o quarto, porém sofreu com convulsões e um AVC e teve que retornar à UTI. Outro custo significativo foi com aparelhos de hemodiálise.
Atualmente, a família não esconde o desespero em arcar com a dívida: “A gente não está se recusando a pagar, se tivéssemos [o dinheiro], teríamos pagado, mas esse valor é surreal para qualquer família de classe média. Sou professora, meu pai era dono de banca de jornal. Não temos condições”, explicou Juliana.
O caso ganhou repercussão na web e a família conseguiu cerca de R$ 50 mil em doações em uma vaquinha online. Apesar disso, ainda há a preocupação em bancar a pós-internação de Seu Marcos.
Segundo a filha do idoso, será necessário recorrer à fisioterapia para que ele recupere os movimentos do corpo e à fonoaudiologia para as questões relacionadas à fala. “Recebemos doações de pessoas que nem conheço, mas que me escreveram contando que o conheciam da banca", em menção ao estabelecimento de Marcos na Vila Nova Cachoeirinha.
“Estamos usando esse dinheiro para custear a última internação e para pagar vários custos de pós-internação. Não temos mais condições. Mas é uma vida e vida não tem preço”, finalizou Juliana.
RESPOSTA DO HOSPITAL
Em nota, o Hospital São Camilo reforçou que internações de longa permanência implicam altos custos, especialmente em diagnósticos de covid-19. "No caso em questão, as informações eram atualizadas constantemente à família. A instituição reforça sua missão de cuidar e valorizar a vida, priorizando a excelência dos serviços prestados, e segue à disposição para quaisquer esclarecimentos”, explicou.