Especialistas em sono infantil abordam o tema e listam curiosidades acerca do descanso de bebês, crianças e adolescentes
O sono infantil é um aspecto fundamental para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, e, ainda assim, muitos pais e cuidadores têm dúvidas sobre esse tema. Para esclarecer as questões mais comuns e apresentar algumas curiosidades interessantes sobre o descanso dos pequenos, AnaMaria conversou com a pediatra e médica do sono Beatriz Sardano e com a consultora materno infantil Eliana Dias.
As especialistas em sono explicam melhor o que acontece desde a fase de bebê até a adolescência. A seguir, confira dez curiosidades sobre o sono infantil que você provavelmente não conhecia e que podem ajudar a garantir noites mais tranquilas e reparadoras para os pequenos.
Os padrões de sono infantil passam por mudanças significativas desde a fase de bebê até a adolescência, tanto em termos de quantidade quanto de distribuição ao longo do dia. Beatriz explica que "os bebês têm uma necessidade fisiológica maior de sono, podendo chegar a quase 20 horas ao longo das 24 horas do dia". Essa necessidade diminui progressivamente ao longo dos anos, com adolescentes precisando em média de 8 a 10 horas de sono por noite.
Além da quantidade, a forma como o sono é distribuído ao longo do dia também se altera. Nos primeiros meses de vida, os bebês têm o que é chamado de sono polifásico, que é distribuído em vários trechos curtos ao longo do dia e da noite. "Os bebês não conseguem estender muitas horas seguidas dormindo porque precisam ser amamentados e também não conseguem sustentar muitas horas seguidas em vigília", esclarece Sardano.
Ainda sobre quantidade total de sono que o bebê precisa dormir, Eliana Dias destaca que essa quantidade depende muito da idade do pequeno. De uma forma geral o importante é compreender que, até os 6 meses de idade o bebê muda mês a mês, essas mudanças são significativas em seu desenvolvimento neurológico e comportamental, e isso certamente influencia seu padrão de sono.
"Por isso, podemos afirmar que por exemplo: o padrão de sono de um bebê de 30 dias que necessita de 5 a 6 sonecas diárias é diferente do padrão de sono de um bebê de 6 meses que em media precisa 2 a 3 sonecas, sendo assim o ponto crucial é buscar por conhecimento sobre comportamento e necessidades dos bebês", aponta a consultora materno infantil.
Então, conforme as crianças crescem, o sono tende a se consolidar em uma única fase principal, que é o período noturno. Esse processo de transição é gradual e se torna mais evidente a partir da idade escolar. "Durante essa fase de transição, as crianças conseguem consolidar cada vez mais o sono no período noturno, sustentando mais horas seguidas dormindo e, em contrapartida, reduzindo sua necessidade de cochilos diurnos tanto em tempo quanto em frequência", explica Beatriz Sardano.
Essas mudanças são fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes, e compreender essas necessidades pode ajudar os pais e cuidadores a promover melhores hábitos de sono em cada fase do crescimento.
De acordo com Sardano, os problemas de sono variam conforme a fase de desenvolvimento da criança. "Dentro da faixa etária de bebês, a queixa mais comum é a insônia comportamental da infância", afirma a especialista. Esse tipo de insônia está muitas vezes relacionado a maus hábitos de sono e associações inadequadas ao dormir.
"Os pais podem ajudar criando uma rotina de sono saudável e positiva, com horários regulares e apropriados para cada faixa etária. Realizar tarefas que promovam relaxamento mental e muscular antes de deitar-se e evitar exposição a telas ao menos 30 minutos antes de dormir são estratégias fundamentais", recomenda a médica do sono.
Eliana Dias, por sua vez, destaca a importância de entender os sinais dos bebês para lidar com problemas de sono. "Para lidar com as situações desafiadoras em relação ao sono do bebê, primeiro é preciso identificar o motivo pelo qual o bebê apresenta dificuldade para dormir. Persistir em estratégias de induzir o sono sem essa observação pode ser cansativo e frustrante", alerta a consultora materno infantil.
Ela recomenda observar o comportamento do bebê para entender se o choro ou resistência ao sono está ligado a fatores externos ou a algum desconforto na saúde do bebê. "Se o bebê está bem, o sono desajustado é geralmente um problema comportamental e não de sono", acrescenta.
Já na fase pré-escolar e escolar, além da insônia comportamental, Sardano destaca que é importante estar atento à apneia obstrutiva do sono. "Nessa fase, ocorre o pico de crescimento dos tecidos linfoides, responsáveis pela principal fisiopatologia da apneia obstrutiva do sono", aponta a especialista. Para identificar e tratar essa condição, é essencial buscar avaliação médica e seguir orientações específicas, que podem incluir intervenções comportamentais e, em alguns casos, tratamentos médicos.
Para adolescentes, o principal distúrbio do sono é a síndrome do sono insuficiente, que resulta de uma alteração fisiológica conhecida como atraso de fase de sono. "O adolescente demora mais tempo para ter sua liberação de melatonina, o que empurra o início do sono para frente, muitas vezes resultando em sono insuficiente", diz a médica. As mesmas orientações comportamentais, como manter horários de sono regulares e evitar a exposição a telas antes de dormir, são extremamente válidas e podem ajudar a resolver boa parte desses problemas.
Em todas as fases do desenvolvimento infantil, é essencial criar um ambiente que favoreça o sono e adotar práticas consistentes que promovam a qualidade do descanso. Estas abordagens ajudam a garantir que os filhos desenvolvam hábitos de sono saudáveis, essenciais para seu crescimento e bem-estar geral.
Desde os primeiros meses de vida até a adolescência, as necessidades e padrões de sono mudam significativamente. Pensando nisso, Beatriz Sardano compartilhou algumas curiosidades interessantes sobre o sono infantil, as quais podem ajudar pais e cuidadores a entenderem melhor o sono dos pequenos e promoverem hábitos mais saudáveis. Confira a seguir:
Adolescentes toleram melhor a vigília e a pressão de sono: os adolescentes possuem uma capacidade maior de resistir à sonolência e de ficar acordados por mais tempo;
Crianças expressam privação de sono através do comportamento: quando dormem mal ou pouco, as crianças frequentemente mostram irritabilidade e hiperatividade;
Bebês pequenos iniciam o sono em fase REM: até os 2 ou 3 meses de idade, os bebês começam o sono na fase REM, ao contrário das outras faixas etárias;
Careta dormindo indica sono REM em crianças: se uma criança faz caretas enquanto dorme, isso significa que ela está em sono REM;
Produção de melatonina começa aos 3 meses: os bebês começam a produzir a própria melatonina a partir dos 3 meses de idade;
Parassonias do sono Não REM são comuns na infância: sonambulismo, terror noturno e despertar confusional são características da infância e têm padrão de herança familiar;
Crianças mantêm os olhos abertos durante parassonias Não REM: durante eventos de parassonias Não REM, as crianças mantêm os olhos abertos, levando os pais a pensarem que elas estão despertas;
Itens fofos no berço são perigosos para bebês até 6 meses: bebês até pelo menos 6 meses de idade não devem ter cobertores, travesseiros, paninhos, ninhos ou bichinhos no berço, devido ao risco de sufocamento;
Roncar não é normal em crianças: o ronco em crianças deve ser investigado, pois não é considerado normal e pode indicar problemas respiratórios;
Cada criança é única: cada criança tem sua própria característica e desenvolvimento. As orientações e cuidados em relação ao sono devem ser individualizadas, pois nem tudo funciona igual para todos.
Essas curiosidades sobre o sono infantil destacam a importância de compreender as necessidades específicas de cada faixa etária e de cada criança. Com esse conhecimento, pais e cuidadores podem criar ambientes mais propícios ao sono e adotar práticas que promovam uma boa qualidade de descanso. Afinal, um sono adequado é fundamental para o desenvolvimento saudável e o bem-estar das crianças.
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