Receber o diagnóstico de prematuridade pode ser avassalador, mas o avanço da medicina neonatal, somado ao suporte dos pais, facilita o processo
A prematuridade, condição em que o bebê nasce antes de 37 semanas de gestação, é uma experiência que exige resiliência e preparo dos pais. Esses bebês, especialmente os nascidos antes de 31 semanas, frequentemente enfrentam desafios médicos e emocionais intensos, exigindo suporte contínuo.
Para o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, ter um bebê prematuro é uma verdadeira jornada. “Eu diria que os pais de um prematuro precisam estar preparados para uma maratona. Não se vence nos primeiros minutos; é preciso paciência, estrutura emocional e uma boa equipe médica para garantir um final feliz.”
Bebês prematuros podem ser classificados em diferentes graus:
Segundo Ejzenbaum, as causas da prematuridade podem variar. “Condições maternas como hipertensão, diabetes gestacional e infecções são fatores importantes. Além disso, gravidez de gêmeos ou problemas no útero, como insuficiência cervical, podem levar ao parto prematuro.”
Os riscos para os bebês incluem problemas pulmonares, devido à imaturidade do órgão, infecções por um sistema imunológico ainda em desenvolvimento, e complicações neurológicas. “Infelizmente, as crianças prematuras estão mais suscetíveis a hemorragias intracranianas e outras condições cerebrais. Mas com cuidados adequados, muitas complicações podem ser prevenidas ou minimizadas”, afirma o especialista.
Receber o diagnóstico de prematuridade pode ser avassalador, mas a preparação é fundamental.
Para Ejzenbaum, entender o processo é o primeiro passo. “Os pais precisam saber o que esperar na UTI neonatal. É um ambiente intenso, mas também repleto de recursos para salvar vidas.”
Além da equipe médica, contar com familiares e amigos é crucial. Participar de grupos de apoio para pais de prematuros também pode oferecer consolo e orientação prática.
Mesmo em um ambiente hospitalar, os pais podem participar ativamente. O método canguru, por exemplo, é uma prática recomendada. “O contato pele a pele ajuda na regulação da temperatura do bebê, promove o vínculo emocional e pode até melhorar a recuperação”, explica o neonatologista.
“Cuidar de um prematuro exige uma força emocional enorme”, reconhece Ejzenbaum. Ele aconselha os pais a procurarem apoio psicológico se sentirem dificuldades. Além disso, é importante se preparar para os custos, que podem incluir internações prolongadas, consultas médicas e terapias específicas.
A transição do hospital para casa é um momento aguardado, mas que exige atenção redobrada.
As visitas ao pediatra serão frequentes. "Bebês prematuros precisam de acompanhamento detalhado para monitorar peso, crescimento e sinais de complicações", alerta Ejzenbaum.
A imunização de prematuros é um cuidado essencial, incluindo vacinas específicas como a contra o vírus sincicial respiratório (VSR). “Esse vírus pode ser especialmente perigoso para crianças com pulmões imaturos”, reforça o médico.
Nos primeiros meses, é fundamental evitar ambientes com grandes aglomerações e restringir o contato com pessoas doentes.
“Fisioterapia e terapia ocupacional são aliadas no desenvolvimento motor e cognitivo. Cada bebê tem seu ritmo, e esses estímulos ajudam a alcançar os marcos do crescimento de forma mais segura”, afirma Ejzenbaum.
Embora muitos bebês prematuros cresçam saudáveis, alguns podem enfrentar desafios a longo prazo, como dificuldades de aprendizado e problemas na coordenação motora. O acompanhamento multidisciplinar é essencial para minimizar esses impactos. Profissionais como pediatras, neurologistas e fonoaudiólogos desempenham um papel importante na identificação precoce de atrasos no desenvolvimento, oferecendo soluções eficazes que ajudam a promover o progresso do bebê.
Na fase escolar, algumas crianças que nasceram prematuras podem precisar de atenção especial. Trabalhar em parceria com professores e outros profissionais da educação é fundamental para criar um ambiente que favoreça o aprendizado e o desenvolvimento social.
Além disso, é importante que os pais celebrem cada conquista do filho, por menor que ela pareça. Ejzenbaum reforça a importância desse olhar positivo: “Para um pai de prematuro, cada pequena vitória, como o primeiro sorriso ou uma consulta médica sem complicações, é motivo de celebração.”
Apesar dos desafios que a prematuridade pode apresentar, o avanço da medicina neonatal e o suporte emocional e prático dos pais tornam possível superar muitas barreiras, permitindo que os pequenos alcancem um futuro promissor.
A prematuridade apresenta desafios únicos, mas o avanço da medicina neonatal torna o processo mais fácil. Para o médico, o mais importante é entender que o processo demanda tempo e dedicação. “Por mais longa que pareça a jornada, cada passo traz mais segurança e saúde para o bebê. Com apoio adequado, a maioria das histórias tem finais muito felizes.”
Leia também:
Prematuridade extrema: o que é e quais são os principais cuidados
Descolamento de placenta: o que é e quais os riscos para a gravidez?