Roncar está associado, por exemplo, ao aumento do risco de hipertensão
Olá! Esta semana retomo um tema que já falei por aqui, mas que ainda gera muitas perguntas dos pacientes nas consultas: o ronco e os problemas que ele causa ao sono.
O ronco é um ruído causado pelo estreitamento das vias aéreas superiores durante a passagem do ar. Esse estreitamento causa vibração de estruturas como o palato mole (conhecido com céu da boca), úvula, língua, amígdalas e faringe e gera o barulho que identificamos como ronco.
Roncar em algumas situações pode ser normal. Por exemplo durante uma gripe, quando estamos muito cansados ou após uso de bebidas alcoólicas. Contudo, roncar todos as noites ou roncar alto denota obstrução importante a passagem do ar e pode indicar a síndrome da apneia do sono.
O problema é que na apneia do sono há interrupção a passagem do ar na respiração, com diminuição na quantidade de oxigênio no sangue. Isso traz grandes problemas a saúde como um todo. A presença da apneia do sono está associada, por exemplo, ao aumento do risco de hipertensão, insuficiência e arritmia cardíacas, derrame e diabetes.
O ronco atrapalha a rotina do sono até mesmo de quem não ronca, não é mesmo? Afinal, não é nada fácil dormir com um barulho com os mesmos decibéis que um trator dentro do quarto.
Tanto o roncador (pelas interrupções da respiração) quanto o seu parceiro (por causa do ruído), podem ter pequenos despertares ao longo da noite, o que faz o sono não ser reparador. Esses momentos, muitas vezes, não são sequer lembrados na manhã seguinte, mas não por isso são menos prejudiciais.
Sim! Especialmente se você responder sim em pelo menos uma das perguntas abaixo:
Outros sintomas indicativos de apneia do sono são:
Se o ronco for muito alto ou frequente, busque um otorrinolaringologista. Se possível, leve seu parceiro de quarto para a consulta, pois ele poderá oferecer informações valiosas durante a avaliação.
Deve ser feita uma avaliação do sono através de um exame chamado Polissonografia. Nele, é verificado o tempo de sono, frequência cardíaca, e porcentagens dos estágios de sono, além da quantidade de apneias e microdespertares.
Também associamos os sintomas clínicos de sonolência diurna, que avalia a chance de cochilar em situações do nosso quotidiano (como assistir televisão, ler, sentando no transporte público, dirigir no trânsito e etc). Assim, a qualidade do sono é extremamente importante na avaliação do roncador.
Mudanças nos hábitos de vida podem contribuir muito com a melhora da apneia do sono. Perder peso, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, dormir de lado, evitar consumo de comidas pesadas antes de dormir e elevar a cabeceira da cama entre 15cm e 20cm são algumas medidas simples que podem evitar problemas futuros. Reforço que obesidade ou sobrepeso estão relacionados a gravidade de apneia.
Há vários tratamentos possíveis para a apneia. Eles envolvem cirurgia, uso de aparelhos intraorais, CPAP, fonoterapia para fortalecimento da musculatura do pescoço. Cada uma destas opções será avaliada, caso a caso, e depende da severidade da apneia.
Ronco não é brincadeira! Procure seu médico.
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves