Lavagem nasal é um método comprovadamente eficaz no tratamento e prevenção de doenças respiratórias
Olá, pessoal! Essa semana eu vou falar um pouco sobre lavagem nasal. As redes sociais estão cheias de demonstrações de como fazer, qual é o melhor método, além de muitas opiniões a respeito. Tanto sucesso é por conta do método ser comprovadamente eficaz no tratamento e prevenção de doenças respiratórias.
Quem me conhece sabe que baseio meus tratamentos, sempre que possível, em evidências cientificas. Então, vamos por partes!
Para entender como a lavagem nasal funciona, precisamos ver primeiro como o nariz defende nosso corpo. Ele é revestido pelo epitélio respiratório ciliado recoberto por muco nasal. Seria como um grande tapete, em que cada “pelinho” do tapete corresponde a um cílio nasal.
Agora, imagine um gel sobre este tapete… este gel é o muco nasal. É no muco que estão os anticorpos para a defesa inicial do nosso corpo. Os cílios nasais batem e empurram o muco para a garganta para ser engolido.
Durante a respiração inalamos uma grande quantidade de vírus, bactérias e alérgenos (como poeira, ácaros, entre outros) que ficam presos no muco, sendo destruídos pelos anticorpos. A exposição crescente a variações climáticas, ar-condicionado entre outros irritantes nasais geram um ressecamento nasal, dificultando a defesa nasal natural do nariz. É neste momento em que ocorrem gripes, resfriados e crises de rinite!
Uma maneira de auxiliar a defesa do organismo é através da lavagem nasal. A lavagem atua como método de limpeza removendo esses agentes nocivos inalados do nariz. Além disso, ajuda na fluidificação do muco nasal e no batimento ciliar. Em outras palavras, a lavagem nasal auxilia o mecanismo natural de defesa do nariz.
A lavagem pode ser feita sempre que necessário. De acordo com estudos científicos, devemos realizá-la de maneira preventiva por, pelo menos, duas vezes ao dia.
Quando ocorrer uma infecção respiratória, a lavagem deve ser aumentada para 4 a 6 x ao dia para ajudar o reestabelecimento da adequada função nasal.
Existem diversos mecanismos disponíveis no mercado, como sprays, aerossóis e seringas. O cuidado deve existir em não deixar o aplicador encostar no septo nasal, pois uma borrifada direta nesta região pode causar dor. Assim, o aplicador deve ser direcionado para a parede lateral do nariz, em direção ao olho. Para isso o melhor é utilizar a mão esquerda para aplicar o soro na narina direita, e vice-versa.
As crianças são naturalmente mais susceptíveis a infecções respiratórias e podem apresentar em média de 8 a 11 infecções respiratórias ao ano, até os dois anos. Assim, com a lavagem nasal, ajudamos a manter uma adequada defesa e reduzir o número de infecções, alergias e nariz tampado.
Em relação ao método de lavagem nasal, utilizamos os mesmos dos adultos. Para as crianças menores, podemos utilizar ainda “sugadores” ou “peras” para aspirar o excesso de secreção.
Não existe consenso na literatura sobre a quantidade de soro ideal para a lavagem nasal. Portanto, se consideramos o tamanho do nariz de cada pessoa, teremos:
Há pessoas que realizam lavagens nasais com mais volume, o que não é prejudicial.
Após aberto, o soro fisiológico deve ser mantido na geladeira. Para realizar a lavagem nasal, o produto deve estar em temperatura ambiente ou, até no máximo, 35 graus.
Estudos indicam que, entre 3 e 5 dias, já ocorre contaminação do soro guardado na geladeira e na seringa. Assim, sugere-se trocar a seringa e soro após esse período.
Este método é um dos mais antigos relatados na literatura, sendo eficaz para a lavagem nasal. A técnica envolve inclinar a cabeça para frente e olhar para o lado. O soro entra por uma narina e sai pela outra, apenas com o auxílio da gravidade. Neste método, o soro não entra no nariz com pressão positiva (como na seringa e sprays).
A resposta é que depende. Se o objetivo for atingir os pulmões, então inalação é melhor. Nela, as partículas de vapor de água estão na dimensão adequada para chegar a via respiratória baixa. Se o problema for nasal, como nariz tampado, a inalação ajudara pouco e o melhor é realizar lavagem com soro.
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves