Morador de Santos, litoral paulista, morreu em Morro de São Paulo (BA), após ficar internado por cinco dias em razão da picada de aranha-marrom
Publicado em 17/07/2024, às 12h00
O turista Cid Penha, de 65 anos, morreu durante uma viagem a Morro de São Paulo (BA), no último domingo (14), após uma suposta picada de aranha-marrom. Ele ficou cinco dias hospitalizado, mas não resistiu.
Cid estava viajando com amigos ao destino turístico e, juntos, fizeram um passeio de lancha pela região, na terça-feira (9). Durante a noite, o grupo jantava em um restaurante, quando ele manifestou um incômodo na panturrilha esquerda, que seria a possível picada do inseto.
No dia seguinte, o turista procurou a Unidade Básica de Saúde de Morro de São Paulo com a perna vermelha e inchada, se queixando de dores. Segundo a Secretaria de Saúde de Cairu, a equipe de pronto atendimento seguiu os protocolos para picadas de animais não identificados.
Com a necessidade de aplicação de soro, Cid foi encaminhado para a Santa Casa de Valença, cidade a 52 km de Cairu. A unidade de saúde, entretanto, descartou a picada de aranha-marrom, justificando "raridade na região e considerando ainda que o paciente e seus acompanhantes não tinham certeza na indicação do animal".
O turista não melhorou mesmo diante dos procedimentos médicos que recebeu e a perna já apresentava coloração escura, indicando princípio de necrose. Cardiopata, Cid foi transferido para o Instituto do Coração (Incar), em Santo Antônio de Jesus, ainda consciente e com queixa de dor. Foi neste hospital particular que ele ficou internado e intubado até o óbito. A causa da morte não foi informada até o momento.
O corpo foi levado para Santos, no litoral paulista, onde Cid morava. Ele deve ser velado e cremado nesta terça-feira (16).
Em nota, a prefeitura de Cairu afirmou que será realizada uma varredura para averiguar o incidente envolvendo possivelmente uma aranha-marrom. "A equipe da vigilância sanitária (visa), conjuntamente com equipes da secretaria municipal de turismo e a secretaria municipal de meio ambiente farão uma varredura em toda área onde ocorreu o possível incidente para averiguar o ocorrido. Reiteramos nosso compromisso com a saúde e segurança da população e dos visitantes e continuaremos a seguir rigorosamente todos os protocolos das normas em vigor", afirmou.
O Restaurante Sambass, onde Cid e os amigos jantaram, se manifestou dizendo que foi surpreendido com as notícias, uma vez que nenhum cliente noticiou a presença de animais silvestres e aracnídeos no estabelecimento.
"O Restaurante Sambass está com todos os Alvarás Sanitários em dia, além de realizar dedetização mensal, de forma preventiva, visando repelir a presença de qualquer animal nos ambientes do Restaurante, garantindo a saúde e o bem-estar de nossos clientes e funcionários.
Acrescenta-se, ainda, que na data de 15/07/2024 a equipe da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Cairu compareceu no Restaurante, sendo constatado pelos órgãos públicos competentes a regularidade sanitária das atividades exercidas no Restaurante Sambass", disse em nota à imprensa.
Vale lembrar que o Ministério da Saúde determina que os óbitos por animais peçonhentos sejam investigados.
Ainda não foi confirmado se Cid Penha levou mesmo uma picada de aranha-marrom. Existem oito espécies desta aranha (Loxosceles) na Bahia, sendo registradas duas na Mata Atlântica, no Sul do estado, e uma em Salvador.
A maioria das espécies encontradas na Bahia são da Chapada Diamantina. Na zona urbana, elas preferem ralos, frestas de paredes, pedras, quadros, armários, estantes, caixas ou entorno de casas.
O veneno da picada de aranha-marrom atinge hemácias e hemoglobinas, sendo depositado nos rins, o que leva à insuficiência renal aguda. Em caso de picada por qualquer aranha, a recomendação é buscar atendimento médico imediato, lavar o local com água e sabão, além de beber bastante água. Se possível, leve o inseto em um pote para que seja identificada a espécie e aplicado o soro antiveneno mais indicado.
A aranha-marrom tem apenas 4 cm de diâmetro na fase adulta. Ela tem coloração marrom, pernas longas e finas, e teia irregular. A aranha-marrom costuma se esconder em lugares escuros e secos, que são pouco movimentados.
Embora seja uma espécie mais frequente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, ela é capaz de se adaptar a variações climáticas extremas, ou seja, consegue suportar temperaturas de até 40°C.
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