Cansaço físico e mental, ansiedade, alterações de humor e do hábito intestinal são apenas alguns dos sintomas que acometem pessoas com a Tireoidite de Hashimoto, também chamada de doença de Hashimoto ou Tireoidite Linfocítica.
Aos 38 anos, a atriz e cantora Cleo, filha de Gloria Pires e Fábio Jr., sabe muito bem como é conviver com o problema. Recentemente, ela revelou ser portadora dessa doença autoimune que afeta a tireoide, ressaltando as dificuldades de conviver com os sintomas.
“Não é fácil quando a Hashimoto ataca, você fica sem forças, sem energia, seu corpo dói, você não consegue fazer nada. Sem a minha equipe eu não conseguiria fazer metade das coisas que eu faço, principalmente quando a minha saúde está gritando”, relatou.
Cleo ainda disse que a compulsão alimentar acaba piorando por conta da doença. Segundo a irmã de Fiuk, há fases em que ela não consegue ter domínio sobre isso. “E aí a compulsão ataca muito a Hashimoto e parece que você está doente mesmo, acabada, parece que passou um trator em cima de você”, lamentou ela, na ocasião.
MAS, AFINAL, O QUE É A TIREOIDITE DE HASHIMOTO?
Marcella Maria Soares, especialista em Medicina Funcional e Endocrinologia da Clínica Dr. José Bento, em São Paulo (SP), explica que a doença é uma condição na qual o sistema imunológico do corpo ataca a glândula tireoide. Essa resposta imune resulta em inflamação e pode levar ao hipotireoidismo, que corresponde a aproximadamente 80% dos casos relatados na vida adulta.
A condição, mais comum em mulheres do que em homens, normalmente é diagnosticada entre os 30 e 60 anos de idade. Também tem início devido a uma predisposição genética, mas existem outros fatores que facilitam seu desenvolvimento, como os que permitem um aumento da permeabilidade da barreira intestinal.
Com isso, o sistema imune começa a cometer ‘erros’ de produção de anticorpos que, neste caso, agem contra a glândula da tireoide. Ou seja: é gerada uma perda de tolerância do sistema imunológico, que acaba produzindo anticorpos contra a estrutura do próprio corpo, atacando-a como um ‘inimigo’ e ocasionando o início da doença.
Portanto, apesar da Tireoidite de Hashimoto ser uma doença da tireoide, ela se inicia no intestino, explica Marcella.
SERÁ QUE EU TENHO?
Os sintomas da Tiroidite de Hashimoto se assemelham muito aos do Hipotireoidismo. A médica explica que, devido a inflamação crônica gerada, os sintomas são sistêmicos, ou seja: todos os órgãos e tecidos são acometidos e podem sofrer alterações.
Entre os mais comuns estão:
- Fadiga/cansaço físico e mental;
- Sintomas de alteração do humor;
- Depressão ou ansiedade;
- Alteração de hábito intestinal mais comum a constipação;
- Dores musculares e articulares;
- Alteração menstrual;
- Dificuldade para perder peso
- Infertilidade.
O QUE FAZER?
A doença é diagnosticada por meio de exames de sangue e ultrassom. Quanto ao tratamento, pode ser realizado por toda a vida e, segundo a endocrinologista, é multidisciplinar e integrativo, visando a melhora dos cinco pilares da saúde, que são:
- Dieta anti-inflamatória;
- Atividade física regular;
- Sono adequado e de qualidade;
- Gerenciamento de estresse;
- Diminuir exposição de potenciais gatilhos estressores do sistema imune, associado a suplementação individualizada para as correções metabólicas, inflamatórias e hormonais.
A TIROIDITE DE HASHIMOTO PODE CAUSAR PROBLEMAS MAIS SÉRIOS?
Se não cuidada corretamente, sim. Mais uma vez, Marcella chama a atenção para o cuidado redobrado com o intestino: “Se não tratada essa inflamação intestinal com a estimulação constante do sistema imune, aumentamos as chances de manter essa produção inadequada de autoanticorpos e, assim, surgirem outras doenças autoimunes”.
Além disso, ela diz que essa sinalização inflamatória pode dar início a doenças crônicas comuns como diabetes, demências, problemas cardiovasculares e até mesmo problemas no sistema reprodutor. Fique atento!
CUIDADO COM OS POLIVITAMÍNICOS
Tomar polivitamínicos se tornou um hábito bastante comum nos últimos anos. Seja para o cabelo, unhas ou para a imunidade, eles podem ser facilmente encontrados em farmácias ou na internet.
“É sempre fundamental a prescrição de vitaminas por um profissional que entenda e análise de suas necessidades individuais, pois os polivitamínicos prontos podem conter substâncias que prejudicam o tratamento do Hashimoto como, por exemplo, o excesso de iodo”, alerta Marcella.
ALGUNS ALIMENTOS PODEM AGRAVAR O QUADRO
Sim, isso é fato. A médica alerta que açúcares e farinhas refinadas, aditivos e conservantes sintéticos, além de glúten, leite e as lecitinas dos grãos são alimentos inflamatórios e que devem ser consumidos com cuidado e orientação.
“Já as frutas, legumes, vegetais, carnes, ovos, castanhas e raízes fazem muito bem e devem ser inseridos na dieta. Lembrando que sempre é interessante ter a orientação de um profissional nutricionista”, finaliza a endocrinologista.