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Bem-estar e Saúde / ENTENDA O CASO!

Seis pacientes receberam órgãos infectados com HIV em transplante no RJ

'Sem precedentes e não se repetirá', diz secretária estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Claudia Maria Braga de Mello, sobre os órgãos infectados com HIV

Guilherme Giagio
por Guilherme Giagio

Publicado em 11/10/2024, às 12h25

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O Governo do Estado culpa a PCS Lab Saleme pelo erro. - Foto: Ministério de Saúde
O Governo do Estado culpa a PCS Lab Saleme pelo erro. - Foto: Ministério de Saúde

Seis pacientes receberam órgãos infectados com HIV em cirurgias de transplante realizadas no estado do Rio de Janeiro. O grupo foi testado e recebeu o resultado positivo para a doença. O laboratório privado apontado como culpado pelos exames errados foi interditado.

O caso está sendo investigado pelo Ministério da Saúde e pela Polícia Civil do RJ. A informação foi divulgada pela BandNews FM nesta sexta-feira (11). De acordo com as autoridades, o caso é inédito no sistema, que existe desde 2006 no estado. 

“Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”, comentou a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ).

A secretária estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Claudia Maria Braga de Mello, falou à imprensa sobre o caso dos órgãos infectados com HIV. À BandNews FM e ao g1, ela se solidarizou com a vítima, mas ressaltou que os transplantes seguem ocorrendo: "O sistema de transplantes no Brasil é seguro e merece confiança. A população precisa ter certeza que é um caso sem precedentes e não se repetirá".

Como os órgãos infectados com HIV foram descobertos?

O caso dos órgãos infectados com HIV foi descoberto em 10 de setembro. Na ocasião, um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos. Ao fazer o teste para HIV, recebeu o resultado positivo — ele não tinha o vírus.

A partir daí, as autoridades iniciaram uma investigação para encontrar o possível causador do vírus. O paciente havia recebido um coração em janeiro. Como as instituições mantêm amostras dos órgãos doados, foi possível realizar um novo teste. Na contraprova realizada pelo pela SES-RJ, o resultado foi positivo.

A organização rastreou outros dois recém-transplantados, que receberam 1 rim cada. Em ambos, o teste para HIV também deu positivo. Além do coração e dos rins, o fígado e as córneas do mesmo doador também foram utilizados em outros pacientes.

  • A receptora das córneas, órgão que não é tão vascularizado, deu negativo;
  • A receptora do fígado morreu pouco depois do transplante. Porém, o quadro dela já era grave, e a morte não teria relação com o HIV.

Depois, a receptora de outra doadora, que recebeu o órgão em 3 de outubro, também testou positivo para HIV. Antes das doações, todos os órgãos foram liberados. Todos os testes foram realizados na empresa PCS Lab Saleme, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. 

A PCS Lab Saleme

O Governo do Estado culpa a PCS Lab Saleme pelos órgãos infectados com HIV. O estabelecimento foi contratado pela SES-RJ  em um processo de licitação emergencial de R$ 11 milhões, em dezembro de 2023. O local deveria fazer a sorologia de órgãos doados.

No entanto, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o local nem mesmo dispunha dos kits para realização dos exames de sangue. A PCs também não apresentou o documento que comprova a compra dos itens. Por isso, a suspeita é de que os testes não foram feitos e tiveram o resultado forjado.

Como medida de segurança, todos os exames de sorologia dos doadores desse laboratório foram transferidos uma unidade de saúde estadual, o Hemorio. Segundo Cláudia Mello, o departamento vai retestar o material armazenado de 286 doadores.