Fatores biológicos, culturais e sociais: saiba por que a ansiedade afeta mais mulheres do que homens
Publicado em 25/09/2024, às 17h30
Estresse constante, como conciliar trabalho, responsabilidades familiares e questões financeiras: a ansiedade é um tema comum no Brasil e no mundo. Para o público feminino, esse fardo parece pesar ainda mais. Mas, afinal, por que a ansiedade afeta mais mulheres do que homens?
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no mundo: 9,3% da população. E diversas pesquisas estudos atestam a maior prevalência entre as mulheres.
Ou seja, o fato da ansiedade afetar mais mulheres é comprovado por diversas fontes. Mas por quê? Segundo os números da pesquisa da Quiddity, 55% das pessoas relacionaram o problema às finanças, enquanto outros 44% dos entrevistados creditaram à vida profissional.
No entanto, esses fatores acima estão longe de ser as únicas alternativas. À AnaMaria, o médico psiquiatra Dr. Flávio H. Nascimento acrescenta: "É possível entender que os fatores socioeconômicos estão fortemente ligados à nossa posição no ranking mundial de ansiedade”.
Além disso, há a influência de fatores biológicos e hormonais. Estudos científicos apontam que a biologia desempenha um papel importante na prevalência da ansiedade em mulheres. Isso ocorre graças às variações comuns para elas, geradas pelo ciclo hormonal.
Esses hormônios, que flutuam durante o ciclo menstrual, gravidez e menopausa, impactam o sistema nervoso central e estão associados a mudanças no humor e no nível de estresse. "Fatores psicossociais, biológicos e genéticos, que estão associados ao desenvolvimento dos transtornos de ansiedade", avalia o especialista.
Questões socioeconômicas e culturais também são elementos importantes. Mulheres, historicamente, enfrentam pressões para equilibrar múltiplos papéis. Muitas vezes, elas são responsáveis pelo cuidado com a casa, educação dos filhos e, ao mesmo tempo, precisam lidar com suas carreiras.
Esse cenário, claro, gera um nível elevado de estresse, que pode desencadear sintomas de ansiedade. Na vida profissional, as disparidades salariais e a falta de reconhecimento no mercado de trabalho também são fatores que podem explicar o fato da ansiedade afetar mais mulheres.
Por fim, a diferença entre mulheres e homens no cuidado com a saúde mental é a forma como ambos os grupos lidam com o problema. Elas tendem a buscar ajuda médica com mais frequência do que eles. Embora tenha o efeito positivo no tratamento, o comportamento também pode levar à ideia de que as mulheres são mais afetadas, simplesmente porque relatam mais os seus sintomas.
Ou seja, na verdade, pode ser que a ansiedade afete mulheres e homens de maneira mais próxima do que algumas fontes apontam. A explicação para isso estaria na subnotificação dos casos masculinos.
Prevenir e tratar a ansiedade exige um conjunto de práticas diárias. Flávio H. Nascimento sugere algumas dicas para ajudar a lidar com o problema:
1. Técnicas de relaxamento: a respiração controlada e meditação podem ser usadas tanto de forma preventiva quanto para lidar com crises.
2. Atividades físicas: exercícios físicos liberam hormônios que promovem o bem-estar, como a serotonina e a endorfina: "Ajudam no bem-estar e disposição”, explica o psiquiatra
3. Organização e rotina: manter uma rotina equilibrada entre trabalho e lazer reduz o estresse diário, além de ajudar a tornar seu dia a dia mais produtivo e previsível.
4. Sono de qualidade: uma boa noite de sono é essencial para a saúde mental. A privação de sono aumenta o estresse e dificulta o controle emocional.
5. Hobbies: um passatempo agradável ajuda a desviar o foco das preocupações e reduz a ansiedade: contribuindo para o equilíbrio emocional e a redução dos sintomas de ansiedade”, finaliza Flávio.