O remédio expõe as células cancerígenas e permite que o sistema imunológico as destrua
Um remédio estudado nos Estados Unidos se mostrou capaz de eliminar os tumores de todas as pessoas que fizeram parte de seu grupo experimental. A revista científica The New England Journal of Medicine publicou os resultados no último domingo (5).
A pesquisa é desenvolvida por um grupo de cientistas do Centro Oncológico Memorial Sloan Kettering, em Nova York (EUA), que, durante seis meses, testou o medicamento em doze pacientes com adenocarcinoma retal avançada e com uma mutação rara.
Os resultados mostraram que, depois do período de acompanhamento, todos os pacientes tiveram boas respostas clínicas. Nos exames realizados, como a ressonância magnética, não houve evidência de tumor no organismo.
Os cientistas disseram que, até então, nenhum paciente havia recebido quimiorradioterapia nem sido submetido à cirurgia. “Nenhum caso de progressão ou recorrência havia sido relatado durante o seguimento [de 6 a 25 meses]. Nenhum evento adverso de grau 3 ou superior foi relatado", informaram.
A droga, chamada dostarlimabe, é estudada para uso em imunoterapia, um dos tratamentos que trazem melhores resultados contra diversos tipos de câncer. Ela é capaz de expor as células cancerígenas para que o sistema imunológico da pessoa consiga destruí-las.
De acordo com o The New York Times, cada dose do fármaco custa aproximadamente 11 mil dólares, equivalente a R$ 55 mil. Cinco organizações são responsáveis por financiar o desenvolvimento da dostarlimabe. O principal autor do estudo, Luis Diaz, disse em entrevista ao jornal: "Acredito que esta é a primeira vez que [uma resposta de 100%] acontece na história do câncer".
O medicamento, conhecido comercialmente como dostarlimabe Jamperli, já foi aprovado nos Estados Unidos para tratamento de tumores sólidos com o biomarcador de deficiência de reparo de incompatibilidade, como o câncer endometrial, colorretal e cânceres gastrointestinais.
Os cientistas acompanharão os pacientes que tiveram remissão dos tumores por mais um período. Eles também informaram no estudo que: "Esse tratamento deveria ser seguido por quimiorradioterapia-padrão e cirurgia. Os pacientes que tiveram uma resposta clínica completa após a conclusão da terapia com dostarlimabe prosseguiriam sem quimiorradioterapia e cirurgia".