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Bem-estar e Saúde / FENÔMENO COMUM!

Labirintite: por que mulheres +40 têm mais labirintopatias?

O aumento das labirintopatias entre mulheres acima de 40 anos está relacionado a fatores hormonais, metabólicos e ao envelhecimento

Guilherme Giagio
por Guilherme Giagio

Publicado em 02/10/2024, às 17h50

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O sistema vestibular, localizado no ouvido interno, é o responsável pelo equilíbrio do corpo e está diretamente relacionado às labirintopatias. - Foto: Freepik
O sistema vestibular, localizado no ouvido interno, é o responsável pelo equilíbrio do corpo e está diretamente relacionado às labirintopatias. - Foto: Freepik

As labirintopatias, fenômeno caracterizado por problemas no labirinto e conhecido erroneamente como labirintite, são um problema recorrente, sobretudo entre as mulheres — e ainda mais para aquelas acima de 40 anos. Mas por quê a incidência é maior para essa fatia da população?

De acordo com o Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), essas pacientes  representam 69% dos atendimentos realizados por conta do distúrbio no primeiro semestre de 2024. No HSPE, houve um crescimento de 11% nos diagnósticos desta faixa etária entre 2023 e 2024.

A médica otorrinolaringologista Maria Dantas Godoy, do HSPE, explica o problema. Antes de tudo, ela destaca a importância de diferenciar os termos. Embora parecidos, têm significados distintos: “A labirintite é um termo genérico usado para descrever diversas doenças do labirinto, o órgão que ajuda o corpo a sentir equilíbrio”.

Labirintopatias nas mulheres mais velhas

Mulheres mais velhas e idosas são mais propensas a desenvolver labirintopatias. Mas por quê? O impacto do processo de envelhecimento no sistema vestibular, responsável por equilíbrio, pode ser o principal culpado: "Idosos e mulheres adultas mais velhas têm mais labirintopatia porque, com a idade, o corpo tende a desregular", afirma a Maria Dantas.

Como diferenciar a labirintite de uma simples tontura
O acompanhamento médico regular é essencial para prevenir e tratar o problema. Foto: Freepik

Essa desregulação é potencializada por fatores metabólicos, cardiológicos e endócrinos, que são mais prevalentes após os 40 anos. Além disso, há a flutuação hormonal, especialmente durante a pré-menopausa e menopausa, que torna as mulheres mais suscetíveis à doença.

Além disso, as mulheres vivem, em média, mais tempo que os homens. Isso ignifica que elas estão mais expostas aos efeitos do envelhecimento em geral, como os distúrbios do labirinto. Por fim, a sobrecarga: segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PENAD), de 2022,  mulheres gastam 21 horas com em tarefas domésticas, enquanto os homens atuam 11 horas em casa.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30% da população mundial sofre com problemas de equilíbrio e tontura. O número serve como um alerta extra para a população mais velha, que está mais suscetível a quedas e acidentes domésticos. Ou seja, alerta ligado sempre.

Diagnóstico e tratamento de labirintopatias

O diagnóstico da labirintite envolve uma série de testes especializados. O exame clínico na orelha, que tem cerca de 80% de acurácia, é o principal.  Exames como os bedside tests avaliam os movimentos oculares. O exame de Romberg, que analisa o equilíbrio com os olhos abertos e fechados, também é comum.

Além disso, é válido ficar de olho nos sintomas do problema. Os sintomas mais comuns são tontura e vertigem, sensação de que você ou o ambiente ao redor estão girando. As causas dessas sensações são variadas, dividal principalmente em:

  • Periférica: com problemas no ouvido interno, onde se localiza o labirinto. Geralmente são benignas;
  • Central: causada por problemas no cérebro ou no tronco encefálico que afetam o sistema de equilíbrio. Neste caso, pode estar relacionada a AVCs ou hemorragias sistêmicas.

Já o tratamento de labirintite é feito de maneira individualizada. Maria Dantas explica: “Varia de acordo com a causa, mas em mulheres mais velhas, em casos de sintomas recorrentes, é preciso considerar o ajuste das variações hormonais caso seja indicado para a paciente, é algo bastante individualizado".

Em casos periféricos, como a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) e a Doença de Ménière, o tratamento pode incluir manobras físicas para reposicionar os cristais do ouvido, medicamentos para controlar sintomas e ajustes na dieta. Essas intervenções ajudam a aliviar a tontura e melhorar a qualidade de vida das pacientes.

Prevenção e cuidados

A prevenção de crises de labirintopatias, especialmente em mulheres acima de 40 anos, passa por mudanças no estilo de vida e monitoramento contínuo da saúde. A otorrinolaringologista lista algumas das recomendações:

  • Acompanhar os níveis hormonais anualmente;
  • Reduzir o consumo de cafeína e evitar jejum prolongado;
  • Gerenciar o estresse, que pode agravar os sintomas;
  • Controlar a ingestão de açúcar e evitar refeições muito grandes, para manter a glicemia estável;
  • Manter uma dieta balanceada, rica em vitaminas e minerais;
  • Evitar movimentos bruscos da cabeça e mudanças rápidas de posição;
  • Hidratar-se adequadamente, já que a desidratação pode intensificar os sintomas de tontura;
  • Praticar exercícios físicos para melhorar o equilíbrio e a circulação sanguínea.

Durante uma crise, é importante manter a calma e seguir orientações médicas. Manter a cabeça elevada e os olhos fixos em um ponto específico pode ajudar a aliviar a vertigem. Movimentos bruscos devem ser evitados, assim como se levantar rapidamente. Além disso, é fundamental buscar ajuda médica especializada.

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