Após um tempo variável, mas quase sempre menos de dez horas, a pessoa recobra toda a memória e fica como se nada tivesse ocorrido
"Tenho 55 anos e ando
perdendo a memória.
O médico fez exames e falou
de amnésia global transitória. O
que é isso? Pode virar Alzheimer?”
M. I., por e-mail
Amnésia global transitória é uma
perda de memória totalmente
reversível. Ela vem acompanhada
frequentemente de questionamentos
repetitivos por parte dos acometidos:
“Onde estou?”, “O que faço aqui?” Isso
causa estresse e dúvidas em quem
presencia a situação, além do próprio
paciente após recobrar a consciência.
Simplificando, sem nenhum
desencadeante aparente, a pessoa de
uma hora para outra perde a orientação
e não sabe o que, quando, onde, por
que ou como está daquele jeito. Nesse
período, em geral, a pessoa é incapaz
de adquirir novas informações. Após
um tempo variável, mas quase sempre
menos de dez horas, a pessoa recobra
toda a memória e fica como se nada
tivesse ocorrido.
As pessoas acometidas com mais
de 50 anos sempre pensam em
Alzheimer. Mas não há relação
direta com a doença. O Alzheimer é
irreversível e piora progressivamente.
Nada disso ocorre na amnésia global
transitória. Quando se diagnostica
a doença, precisa-se excluir
principalmente distúrbios circulatórios
e manifestações atípicas de epilepsia,
mas não o Alzheimer.
Nem toda alteração de memória é
sinônimo de doença de Alzheimer ou
um fator de risco para a doença. No
seu caso, leitora, vale pesquisar outras
causas aparentemente tratáveis.
Pessoas com mais de 50 anos acometidas
pelo problema sempre pensam em Alzheimer.
Mas não há relação direta com essa doença.
Mais comum do
que pode parecer
Segundo estudo realizado no Brasil
por uma farmacêutica, 40% das
pessoas acima de 50 anos sofrem
com lapsos de memória, sejam
leves ou agudos. Porém, 12%
afirmaram ter esquecimento diário.
O mais preocupante é que muitos
relutam em procurar os médicos:
50% dos homens nessa situação
nem cogitam a possibilidade de
buscar um profissional capacitado.
O motivo? Ficam aborrecidos ao
sentirem-se mais velhos. Envelhecer
não é sinônimo de esquecimento.
Dr. Paulo Camiz
é geriatra e professor
da Faculdade de
Medicina da USP. É
também idealizador
do projeto “Mente
Turbinada”, que
desenvolve exercícios
para o cérebro.
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escritos por ele, acesse
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