Compreender os genes associados ao risco de AVC é essencial para o desenvolvimento de tratamentos mais específicos; entenda o que diz a pesquisa
Nos últimos anos, a ciência tem avançado no entendimento sobre o AVC (Acidente Vascular Cerebral) e os fatores que podem contribuir para sua ocorrência. Agora, um estudo publicado na revista Nature Cardiovascular Research lança nova luz sobre o impacto dos fatores genéticos, mostrando que a herança de variantes específicas do gene HTRA1 aumenta significativamente o risco de desenvolver a doença. Esse achado reforça a necessidade de considerar a genética ao avaliar os riscos individuais do AVC, que é uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo.
Além dos fatores genéticos, o envelhecimento é um fator de risco que eleva as chances de AVC, como indica o DATASUS, sistema de informações de mortalidade do Ministério da Saúde. Em 2022, mais de 34 mil brasileiros perderam a vida devido ao derrame, sendo a maior parte dos casos em idosos. Com uma população cada vez mais longeva, como apontam as previsões demográficas, compreender e prevenir o AVC se torna ainda mais essencial para a saúde pública.
A genética tem sido uma área de foco nos estudos sobre AVC, uma vez que certas mutações podem predispor o organismo ao desenvolvimento de doenças vasculares. O estudo recente focado no gene HTRA1 revelou que algumas variantes desse gene afetam diretamente os pequenos vasos cerebrais, responsáveis pela irrigação de áreas críticas do cérebro. Quando esses vasos não funcionam corretamente, o risco de rompimento ou obstrução aumenta, levando ao AVC hemorrágico ou isquêmico.
Segundo o neurologista Marcus Tulius, do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), compreender os genes associados ao risco de AVC é essencial para o desenvolvimento de tratamentos mais específicos. “Esses estudos nos aproximam da possibilidade de tratamentos personalizados, que podem reduzir o risco em indivíduos com predisposição genética”, afirma o especialista. Esse tipo de tratamento preventivo poderia beneficiar especialmente aqueles que possuem histórico familiar da doença, oferecendo novas esperanças para a prevenção do AVC.
Além da predisposição genética, o envelhecimento da população também contribui para o aumento dos casos de AVC. Estima-se que até 2070, mais de 37% dos brasileiros serão idosos, o que implica um cenário em que as doenças vasculares terão um impacto ainda mais significativo na saúde pública.
O aumento da expectativa de vida, no entanto, também traz desafios para o combate ao AVC. O cérebro envelhecido tende a perder a elasticidade dos vasos, o que pode levar ao estreitamento e aumento do risco de coágulos, além de contribuir para o desgaste natural dos tecidos cerebrais. A prevenção, nesses casos, envolve o controle de fatores de risco como hipertensão, colesterol alto, diabetes, tabagismo e sedentarismo.
Identificar os sinais do AVC e agir radidamente é fundamental para a recuperação do paciente. Os sintomas mais comuns incluem:
A identificação rápida dos sintomas permite que a pessoa afetada seja levada ao hospital o quanto antes, onde poderá receber o tratamento necessário. Cada minuto conta, pois o tempo entre o início dos sintomas e o tratamento é um dos principais fatores que determinam o impacto das sequelas.
Embora o AVC tenha fatores genéticos que não podem ser alterados, especialistas afirmam que controlar os hábitos de vida é uma forma poderosa de reduzir as chances de um derrame. Hábitos alimentares saudáveis, prática regular de exercícios físicos e o controle médico de doenças como a hipertensão são algumas das principais medidas preventivas.
Nos casos de AVC isquêmico, causado por bloqueios nos vasos sanguíneos, e AVC hemorrágico, quando ocorre um rompimento de vasos, o tratamento rápido é essencial para salvar a vida do paciente e reduzir sequelas. O atendimento emergencial e especializado, com suporte médico, pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
O estudo recente destaca como os fatores genéticos desempenham um papel crítico no risco de AVC, além dos fatores já conhecidos, como o envelhecimento e os hábitos de vida. A descoberta sobre as variantes do gene HTRA1 representa um avanço importante na compreensão da doença, apontando para um futuro em que medicamentos e tratamentos preventivos possam ser personalizados para aqueles com maior predisposição.
Contudo, independentemente da predisposição genética, medidas preventivas como uma alimentação balanceada, exercícios regulares e controle de doenças crônicas são fundamentais. Com o aumento do envelhecimento populacional, essas práticas se tornam ainda mais essenciais para que o AVC possa ser prevenido e, quando ocorrer, tratado com a urgência necessária.
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