Segundo estudo, 37% das pessoas se sentiram mais ansiosas em relação à comida
O dia 4 de março foi estabelecido como o novo Dia Mundial da Obesidade e tem por objetivo fazer um alerta para essa condição, que é também um grande fator de risco para uma série de doenças crônicas, além de elevar o risco de um quadro mais severo de Covid-19.
Considerada uma doença crônica pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a obesidade atinge aproximadamente 26% dos brasileiros, que muitas vezes são alvos de estigma e preconceito por questões físicas. O que poucos sabem é que os fatores emocionais e comportamentais, impulsionados por uma genética individual, também impactam seus hábitos alimentares.
Uma pesquisa inédita da Ipsos na América Latina, encomendada pela Merck, empresa líder em ciência e tecnologia, buscou entender a percepção das pessoas em relação aos hábitos alimentares, à ansiedade e à compulsão alimentar. Os dados apontaram que 37% das pessoas se sentiram mais ansiosas em relação à alimentação durante a pandemia, sendo que a maioria delas apresenta excesso de peso.
O isolamento social e as incertezas causadas pela pandemia certamente impactaram a ansiedade. Mas a pesquisa também aponta que, de forma geral, o brasileiro leva suas emoções para o prato. 40% das pessoas afirmam que o humor do dia a dia interfere na forma como se alimentam e 50% afirmam que frequentemente pensam em celebrar os bons momentos em torno de uma mesa posta.
Outro ponto do estudo explica que 54% dos brasileiros afirmam não abrirem mão do prazer da alimentação, ao mesmo tempo em que se preocupam com a qualidade e a saúde ao comer. A comida aparece como uma válvula de escape para os problemas de 22% dos participantes do estudo.
“A pesquisa apontou que a alimentação muitas vezes é o refúgio para algumas pessoas que estão enfrentando um período difícil na vida – seja a pandemia, a perda de um ente querido ou o término de um relacionamento. Esses períodos de ansiedade e incertezas são gatilhos que podem levar à compulsão alimentar, um quadro sério que precisa de tratamento”, afirma o endocrinologista Marcio Mancini.
DIETAS SEM ACOMPANHAMENTO PODEM PIORAR
Segundo o estudo da Ipsos, 64% das pessoas já fizeram alguma dieta ao longo da vida, sendo que 33% afirmam já ter tentado emagrecer mais de cinco vezes ao longo da vida, enquanto 23% adotam dietas com frequência, mas nunca conseguem chegar ou manter-se no objetivo esperado. “As dietas ou programas alimentares devem ser individualizadas e conter o acompanhamento de um profissional especializado”, diz o especialista.
“O efeito-sanfona, que é caracterizado pela perda e reganho de peso, deixa o paciente muito frustrado, o que dificulta ainda mais que ele se motive a tratar do problema e implementar uma mudança completa de hábitos de vida”, afirma Mancini, que completa: “Isso acontece porque a obesidade é uma doença crônica. Toda doença crônica recidiva quando o tratamento é interrompido. O mesmo acontece com pressão alta e diabetes, por exemplo”.
A informação pode ser uma grande aliada para a identificação de transtornos alimentares, porém a pesquisa mostra que 50% das pessoas afirmam que encontram informações desencontradas e pouco confiáveis sobre emagrecimento e alimentação saudável.
OBESIDADE E A PANDEMIA
“O estresse causado pelo isolamento social agravou ainda mais o quadro de ansiedade de muitas pessoas, acentuando maus hábitos alimentares”, pondera o médico. Isso se refletiu no peso dos brasileiros: 50% das pessoas afirmam que engordaram na pandemia, sendo que 18% ganhou mais de 5 quilos.
A pesquisa da Ipsos ainda mostrou que 41% dos brasileiros sentiram que, em geral, comeram mais na pandemia. “Quando a pessoa não se sente confortável com os próprios hábitos alimentares ou percebe que isso de alguma forma afeta sua saúde, é necessário procurar um profissional da saúde, como um nutricionista ou um endocrinologista, para chegar a uma solução sustentável”, finaliza Marcio.
Além do impacto nas questões emocionais, há fortes evidências de um risco aumentado de gravidade da Covid-19 nas pessoas com índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m2, bem como naqueles com diabetes e outras doenças crônicas.
De acordo com um estudo realizado por médicos especialistas em obesidade na América Latina, os fatores nutricionais podem influenciar diretamente na gravidade da infecção pelo novo coronavírus, especialmente por conta de problemas que são acarretados pela obesidade, como inflamação interna, aumento da coagulação e tendência ao vírus se replicar no tecido adiposo¹. “Isso reforça a importância de procurar ter uma alimentação o mais saudável possível e, na presença de obesidade, implementar mudanças de estilo de vida que permitam uma redução, mesmo que discreta, do peso corporal”.
O estudo online da Ipsos, encomendado pela Merck, ouviu 800 pessoas de 30 a 55 anos, entre 10 e 22 de fevereiro de 2021, no Brasil. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.