Em busca de inclusão e maior visibilidade, o gordo ativismo prega a liberdade
Qual mulher nunca recebeu dicas não solicitadas sobre como emagrecer? E nunca teve a saúde questionada por conta de seu peso? Ou quem nunca se sentiu pressionada a mudar o próprio corpo?
Padrões de beleza e de comportamento são impostos às mulheres diariamente. Somos cobradas a segui-los e, quando isso não acontece, recebemos represálias. E a imposição deste padrão acontece de duas formas: pressão estética e gordofobia.
Toda mulher sofre de pressão estética. Somos bombardeadas com mensagens sobre o corpo “ideal” e o quanto ele pode levar ao sucesso e à beleza. Essa pressão constante faz com que mulheres fora do padrão se sintam mal consigo mesmas, criando um ciclo de infelicidade e inconformidade em que fazemos de tudo para mudar.
Já a gordofobia acontece somente com mulheres acima do peso. E, além de sofrermos preconceito com os olhares e as piadinhas, também somos privadas do convívio social. É a catraca que não comporta a silhueta, a cadeira que não suporta o peso, as roupas que não servem, a poltrona que não cabe, o espaço por onde não passamos... Ou seja, é o corpo gordo à margem da sociedade.
Foto: Pixabay
Outra forma de gordofobia e, acredito que seja a mais comum, é a falsa preocupação com a nossa saúde. Nas redes sociais é possível encontrar fotos de diversas mulheres plus size lindas e livres com seus corpos. E, da mesma forma, dá para achar comentários nessas fotos questionando a saúde das mesmas.
A preocupação do outro surge, mas apenas para o corpo fora do padrão, porque ninguém questiona a mulher magra com a estrutura óssea aparente. A verdade é que a preocupação com a saúde é só um disfarce para questionar o corpo fora do padrão. Porque ser gorda incomoda.
INCLUSÃO
Nós não somos doentes e não temos obrigação de provar isso para ninguém. Alimentação saudável, check up anual e exercício físico não são exclusivos para pessoas magras. Manter hábitos saudáveis e vestir tamanho 54 não são condições opostas. Na verdade, é como muitas mulheres gordas vivem, inclusive eu.
Em vez de questionar a nossa saúde, por que não promover um ambiente mais acolhedor nas academias? Por que não incluir tamanhos maiores na marca de roupas fitness? Por que não ajudar outras mulheres a se libertarem dos padrões e ser um aliado?Se o peso do outro não interfere no seu, por que te incomoda tanto?
*DANI RUDZ é especialista em mercado plus size, criadora de conteúdo, consultora, empresária e executiva. Na Revista Ana Maria fala sobre moda, autoestima e tudo sobre o universo plus size. Instagram: @danirudz