O parto de Chiara (Jade Picon) será um dos destaques do último capítulo de ‘Travessia’, quando a influenciadora dará sinais de que vai sofrer de depressão pós-parto – ao tapar os ouvidos para não ouvir o choro do próprio filho. Ela até mesmo rejeitará segurar a criança após o apelo do médico. “Não quero”, dirá, com a voz embargada na novela das nove da Globo.
De acordo com Luiz Scocca, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da USP, membro da Associação Americana de Psiquiatria (APA), a personagem estará sofrendo de depressão pós-parto, que nada mais é do que ter sintomas de depressão relacionados a gestação recente. Alguns dos sintomas são:
- Sentimentos de desesperança;
- Menos-valia;
- Choro com tristeza profunda;
- Desconexão com o bebê;
- Desejo de se ferir;
- Dificuldade em tomar decisões;
- Perda de interesse em fazer coisas que gosta;
- Alterações do apetite e de sono.
É POSSÍVEL EVITAR?
Para o especialista, é importante a grávida ter conhecimento prévio sobre o assunto por meio de fontes seguras. “Isso inclui fazer um bom pré-natal, não apenas pelos exames, mas para adquirir também informação com seu médico”, avalia.
Além disso, é importante não ter medo de ir ao psiquiatra. “Muitos obstetras irão dividir os cuidados com ele, por detectar uma tendência à depressão na gestante ou no pai, pois ele também pode ter depressão pós-parto”, conta.
Vale lembrar ainda que, muitas vezes, a culpa por “não ter do que reclamar” pode cair como um piano nas costas da nova mamãe. Assim, quanto melhor a estrutura, será mais fácil cobrir as tarefas. Também é uma questão importante não ter medo ou vergonha de pedir ajuda.
“Mas isso não quer dizer que seja suficiente, pois é fundamental o apoio da família e amigos. Não tem essa de ser “normal de gestante”, muito cuidado com esse pensamento. Podemos estar diante de um transtorno grave. Acompanhe a gestante ao médico, dê acolhimento, ouvidos, preste atenção no aparecimento dos sintomas descritos”, aconselha.
E COMO TRATAR?
O tratamento da depressão pós-parto segue os princípios do tratamento das depressões, mas com os complicadores desse período. Assim, explica Scocca, tudo depende do subtipo de depressão. A depressão leve ou moderada, por exemplo, pode responder muito bem à psicoterapia ou à terapia cognitivo-comportamental. “Se exigir medicamentos, no entanto, o aleitamento vai ter algumas complicações, mesmo com algumas drogas sendo mesmo com a amamentação”, explica.
Por fim, o especialista pede para a paciente sempre procurar o obstetra, o clínico e o psiquiatra. “Mas não deixe de tratar, pois é triste ver a mãe sofrer e a família não entender, devido à ideia de que ser mãe é um momento sempre feliz. Só que não existe bebê que tire o sofrimento de depressão – e até a separação do casal isso pode causar, pela desinformação em relação a um transtorno evitável”, aconselha.