Cientistas descobrem um novo tipo de câncer de próstata que pode revolucionar a abordagem médica no futuro; entenda
Em uma descoberta significativa, publicada na revista científica Cell Genomics, cientistas da Universidade de Oxford e de Manchester, no Reino Unido, identificaram dois tipos distintos de câncer de próstata, o que pode revolucionar o tratamento dessa doença, que é a segunda mais comum entre a população masculina. No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Para esclarecer as dúvidas sobre essa importante pauta e ajudar as leitoras a compreenderem a doença que pode afetar seu pai, seu marido ou seu filho, AnaMaria entrevistou o médico urologista Alex Meller, professor da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP e membro do corpo clínico do Hospital Vila Nova Star.
De acordo com o especialista, a recente descoberta revelou um padrão distinto de alterações genéticas ao longo da evolução do câncer de próstata, permitindo a definição de dois tipos distintos. O adenocarcinoma, o tipo mais comum, é classificado com base em sua agressividade pela escala Gleason.
“A pesquisa avançou no estudo genético do tumor, identificando suas aberrações genéticas e mutações. Os cientistas identificaram dois tipos: o canonical, com uma evolução tradicional; e o alternativo: tem uma evolução diferente por uma sequência de aberrações genéticas diferentes. Essa distinção tem implicações no prognóstico, com tumores canônicos apresentando menor risco de progressão, enquanto no outro extremo, o tumor é mais agressivo”, explica Meller.
No entanto, o médico ressalta que a aplicação clínica dessas descobertas ainda é limitada devido ao alto custo da análise genética. A pesquisa envolveu a análise de biópsias de 160 pacientes submetidos a cirurgias, comparando a quantificação genética com o quadro clínico e tumoral conhecido. Esses achados destacam a importância de compreender as nuances genéticas do câncer de próstata para melhorar as estratégias de tratamento e os resultados clínicos.
A descoberta dos cientistas pode ter um impacto significativo na abordagem do câncer de próstata. Meller explica que, embora ainda não seja aplicável no momento, a identificação dos dois tipos de evolução genética do tumor pode orientar os médicos na personalização dos planos de tratamento para cada paciente.
Por exemplo, se um paciente apresenta um tumor do tipo alternativo, mais agressivo, os médicos podem optar por um acompanhamento mais próximo, com check-ups mais frequentes e considerar tratamentos mais agressivos, como cirurgia associada à radioterapia ou administração de drogas, para prevenir uma evolução desfavorável.
Por outro lado, se o tumor apresenta uma evolução mais branda, o acompanhamento pode ser ajustado, com menos check-ups e intervenções menos invasivas. A análise genética da biópsia, junto da identificação dos padrões de mutação do tumor, pode permitir uma abordagem mais precisa e personalizada para cada paciente, melhorando, assim, os resultados do tratamento.
"Os cientistas identificaram alterações genéticas específicas, genes relacionados à próstata, que exibiam padrões distintos de perdas de cromossomos e codificação do DNA do câncer. Esses padrões foram agrupados em dois tipos diferentes de alterações genéticas. Embora essas descobertas ainda não tenham uma aplicação prática imediata, certamente representam um avanço significativo para o futuro. A ideia por trás disso é distinguir entre os cânceres mais e menos agressivos, o que pode permitir uma abordagem terapêutica mais personalizada e direcionada para cada paciente", explica Meller.
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De acordo com o urologista, ainda não é possível aplicar diretamente os resultados desse estudo em nossa realidade. Isso ocorre porque a pesquisa foi conduzida com base em biópsias, o que nos permitiu analisar as alterações genéticas ao longo do tempo no tecido tumoral.
"No entanto, já existe uma aplicação prática que podemos considerar em casos específicos, como pacientes com forte histórico familiar de câncer de próstata ou até mesmo de câncer de mama na família. Nesses casos, é possível realizar um painel genético para identificar alterações nos genes relacionados ao câncer de próstata, como o BSA1, BSA2, PT53 e o RMB", informa.
Portanto, essa análise genética pode alertar os médicos para a necessidade de acompanhar o paciente mais de perto, realizando check-ups com maior frequência e potencialmente identificando o tumor em estágios mais precoces. "No entanto, ainda não temos evidências definitivas sobre como essas descobertas podem influenciar diretamente o tratamento do câncer de próstata", aponta o médico.
Como acontece com todas as doenças genéticas, o objetivo dos cientistas é encontrar uma maneira de corrigir as alterações genéticas antes que o câncer se desenvolva. Isso pode parecer um pouco como ficção científica, mas imagine fazer um painel genético em um homem com histórico familiar de câncer de próstata e aplicar uma vacina que corrija o DNA, impedindo que as células se desenvolvam de maneira inadequada e, portanto, evitando o desenvolvimento do câncer.
"Embora isso ainda esteja distante da nossa realidade, essa é a perspectiva futura. Seria possível identificar precocemente um paciente com alterações genéticas e corrigi-las antes que o tumor se forme. Enquanto isso, podemos, pelo menos, ficar mais atentos a esses pacientes, realizar um acompanhamento mais próximo e detectar o câncer em estágios mais iniciais, o que aumentaria significativamente as chances de cura", explica Meller.
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Descobrir um câncer precocemente pode fazer toda a diferença no tratamento e no prognóstico da doença. Quanto mais cedo a doença for detectada, maiores são as chances de sucesso no tratamento, além de possibilitar opções terapêuticas menos invasivas.
Portanto, incentive os homens em sua vida, seja seu marido, filho, irmão ou pai, a fazerem acompanhamento regular e exames preventivos para detectar precocemente o câncer de próstata. A conscientização e a prevenção são fundamentais para garantir a saúde e o bem-estar de quem amamos.
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