A origem, os sintomas (cansaço, dores constantes, veias “saltando”) e o fim dos transtornos circulatórios que marcam suas pernas
Quatro a cada dez brasileiros
sofrem com varizes. Isso
equivale a 78 milhões de
pessoas – em sua maioria, mulheres!
E como o assunto interessa a
muita gente, lá vamos todos pesquisá-lo
na internet. No entanto, o
resultado da busca mais confunde
do que explica, pois existem muitas
teorias desencontradas sobre os
problemas de circulação, em especial
os que acometem as pernas.
A cirurgiã vascular e angiologista
Aline Lamaita esclarece de vez suas
dúvidas sobre varizes.
Não é tudo igual!
Existem diferenças entre varizes
e vasinhos. Enquanto elas surgem
em veias de calibre maior e
localizadas nas camadas mais
profundas das pernas, os danadinhos
(também conhecidos como
“aranhas”) aparecem somente em
veias finas, que ficam próximas
à superfície da pele – e, por isso,
podem ser vistos facilmente. Quem
sofre com as varizes costuma sentir
inchaço e dores nas pernas. Já
os vasinhos causam apenas danos
estéticos. Mas não se engane: os dois
costumam andar juntos! Apesar de
também surgirem separadamente,
o mais comum é que estejam
interligados. Ambos são sintomas do
mesmo problema: a doença varicosa.
Como aparecem?
O mal é decorrente de um defeito
nas válvulas das veias, que se
dilatam mais do que o necessário.
Isso atrapalha a circulação do
sangue: apesar de chegar aos pés,
ele tem dificuldade para retornar
à parte superior do corpo.
Os riscos
Se não tratada da maneira
correta, a doença pode evoluir
para inflamações (flebites) ou
entupimento (trombose) das veias,
além de resultar no aparecimento
de úlceras varicosas, que são
feridas de difícil cicatrização.
SAIBA NO QUE ACREDITAR!
“Sinto muito cansaço nas
pernas, mas não vejo veias
estouradas. O que pode ser?”
Mesmo sem enxergá-las, as
varizes podem estar lá. Procure um
angiologista para descobrir a origem
da questão. Se os exames indicarem
que essa região está saudável,
siga investigando. Hipotireoidismo,
obesidade e diabetes também se
escondem por trás desse incômodo.
“Se passo muito tempo em
pé, fico com manchas roxas
nas pernas. É um sintoma?”
Quem sofre desse mal costuma ter
uma fragilidade capilar maior do que
os outros. Por isso, os vasos estouram
com facilidade, deixando marcas
sob a pele. Vale a pena investigar.
“Minha mãe tem a doença.
Corro o risco de desenvolvê-la?”
Sim. O problema, além de genético,
acomete mais as mulheres devido
à concentração de hormônios que
deixam as paredes venosas mais
flácidas. Se toma anticoncepcional,
o risco aumenta ainda mais.
“Câimbra e varizes têm
algum tipo de conexão?”
A câimbra, principalmente
noturna, é queixa comum de
quem tem varizes. Ela está
relacionada à retenção de
líquido na região das pernas.
“Grávidas também podem
desenvolver o problema?”
Sim. Durante a gestação, a produção
de hormônios que modificam as
paredes das veias aumenta. Além
disso, o corpo produz mais sangue
para nutrir o bebê e o sistema
circulatório trabalha mais. Nos
últimos meses, quando o útero
já está expandido, há também a
compressão da veia cava. Tudo isso
pode iniciar o quadro de varicosa.
“Cruzar as pernas e usar
salto alto contribuem para
o aparecimento de varizes?”
Mito. Ao cruzar as pernas pode haver
formigamento, que está relacionada
ao sistema neurológico. Já o uso
diário de salto alto pode atrofiar
a musculatura da panturrilha, mas
não há estudos que associem esse
efeito ao surgimento da doença.
“Passar muito tempo em pé
ou sentada piora o quadro?”
Sim. Ficar muito tempo na mesma
posição prejudica a circulação
sanguínea. Então, mexa-se!
“Deitar de pernas para
cima ajuda a aliviar as dores?”
Sim, pois “anula” o efeito da
gravidade, tornando o retorno do
sangue mais fácil. Fazer compressas
geladas também é ótimo para
quem sente a região inchada.
“Posso comprar meias de
compressão por conta própria?”
Ouça a avaliação de um médico
sobre a necessidade do uso
e a intensidade mais adequada
para o seu caso.
“Pomadas ou cremes com
cânfora tratam as varizes?”
Não. Estas são apenas medidas
paliativas para o alívio dos sintomas.
“Quem sofre desse mal
pode viajar de avião?”
Pode, mas se o trajeto for longo, há
mais risco de trombose. Pegue com
o seu médico orientações necessárias para a viagem. Beber muita água,
fazer exercícios para a panturrilha
e levantar da cadeira a cada duas
horas são medidas preventivas.
“Tenho varizes. Posso malhar?”
Sim! Apenas casos extremos,
como de halterofilistas, devem
ser avaliados com cuidado.
“A doença piora no verão?”
O calor provoca vasodilatação
e mais retenção de líquidos no
corpo, o que agrava os sintomas.
CONHEÇA OS TRATAMENTOS!
Todos eles fecham ou
removem as partes afetadas.
É possível fazer isso com
injeções à base de glicose,
laser, radiofrequência ou
aplicação de uma espuma que
queima as veias flácidas. Para
situações mais graves, cirurgias
removem completamente os
vasos. Há ainda a chance de
combinar duas dessas técnicas
para melhores resultados.