Olá, pessoal!
Passamos por mais um Outubro Rosa e, como em todos os anos, campanhas de conscientização, prevenção e diagnóstico precoces são realizadas para que a população esteja atenta à ocorrência do câncer de mama. De acordo com o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2023 foram mais de 23 mil óbitos causados pela doença.
De fato, a doença tem alta prevalência e grandes possibilidades de cura com o diagnóstico precoce, justificando que as campanhas de combate ao câncer de mama são importantes e devem ser uma prioridade. No entanto, na coluna deste mês, vamos falar de outros tipos de neoplasias ginecológicas, como os cânceres de colo de útero, endométrio e ovário, que também têm alta relevância e impacto significativo na saúde e qualidade de vida das mulheres.
O termo neoplasia vem do grego (neo – novo, plasia – formação) e se refere à formação anormal de novos tecidos. Nossas células estão em um processo contínuo de multiplicação, renovação e reparo dos tecidos (mitose). Para que esse mecanismo aconteça sem erros, depende de um controle no ciclo celular que garanta que o DNA seja replicado sem falhas e que cada célula receba o número exato de cromossomos.
Quando ocorrem falhas no processo mitótico, seja por fatores intrínsecos (idade, predisposição genética, metabolismo, envelhecimento) ou por fatores extrínsecos (ambientais, comportamentais, infecciosos), podem surgir alterações genéticas que levam à proliferação celular descontrolada. Com isso, células normais são transformadas em células tumoraisoriginando uma neoplasia, que pode ser benigna (localizada) ou maligna (com potencial de invasão e metástase).
Câncer do colo do útero
Considerado a principal neoplasia maligna do aparelho genital feminino. Em 2023, no Brasil, foram 17.010 casos diagnosticados e 7.209 óbitos. O câncer de colo uterino acomete com maior frequência a faixa etária entre 30 e 49 anos, sendo causado principalmente pela infecção pelo papilomavírus (HPV). Os tipos 16 e 18 são os mais oncogênicos. Existem dois tipos de carcinoma invasivo: o mais comum – epidermoide – 90% e o adenocarcinoma – 10%.
Fatores de risco: Início precoce da vida sexual, múltiplos parceiros, tabagismo, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), imunidade baixa.
Sinais e sintomas: Geralmente assintomático no início, sangramento vaginal anormal, corrimento vaginal fétido, dor pélvica e/ou lombar, sintomas urinários e intestinais (casos avançados com acometimento de bexiga ou reto).
Diagnóstico:Exame citopatológico (Papanicolau) + biópsia/colposcopia.
Prevenção: Vacinação contra o HPV (entre 9 e 14 anos – reduz em 90%), uso de preservativos, cessação do tabagismo.
Câncer de ovário
Embora menos incidente que o de mama e o de colo uterino, é uma das neoplasias com maior mortalidade, devido ao diagnóstico tardio. Em 2023, foram 7.310 casos diagnosticados no Brasil. A doença acomete mulheres entre 50 e 75 anos, sobretudo após a menopausa. Os tumores podem ter origens epiteliais, germinativas ou de cordões sexuais.
Sinais e sintomas: Assintomático ou poucos sintomas que atrasam o diagnóstico. Os mais comuns são sensação de bexiga cheia, ascite (líquido na cavidade abdominal), distensão abdominal, constipação e presença de massa pélvica.
Fatores de risco: Idade, terapia de reposição hormonal, mutação nos genes BRCA1/BRCA2, síndrome de Lynch (condição oncogênica hereditária), dieta gordurosa e endometriose.
Diagnóstico: Inicialmente na presença de sintomas + histórico: Ultrassom transvaginal + dosagem de CA-125. A biópsia (histopatológico) da amostra obtida por laparoscopia é o exame que confirma o diagnóstico.
Prevenção: Uso de contraceptivos orais, gestação e amamentação, evitar reposição hormonal sem orientação especializada e rastreamento genético em casos de alto risco.
Câncer de endométrio
O câncer de endométrio é uma das neoplasias ginecológicas mais comuns no Brasil. Em 2023 foram 7.840 casos no Brasil e a tendência é de crescimento, devido ao envelhecimento populacional e aumento da obesidade. Acomete, principalmente, mulheres pós-menopausa, entre 55 e 65 anos.
Fatores de risco: Obesidade, histórico familiar de câncer,hipertensão arterial, diabetes; nuliparidade (mulheres que não tiveram filhos), terapia de reposição hormonal-estrogênica isolada, menarca precoce (menstruação antes dos 9 anos), menopausa tardia (cessação da menstruação após os 55 anos).
Sinais e sintomas: Sangramento uterino anormal (principal), dor pélvica e dor durante as relações sexuais.
Diagnóstico: Ultrassom transvaginal + biópsia endometrial; histeroscopia em casos duvidosos.
Prevenção: Controle do peso e diabetes, prática regular de atividade física e dieta saudável.
Tratamento
As consultas ginecológicas periódicas são fundamentais para o diagnóstico e ajudam a evitar agravos e complicações dessas doenças. O tratamento, de forma geral, varia conforme o tipo e estágio dos tumores: abrange desde a realização de cirurgias, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia até o uso de terapias-alvo (identificação e bloqueio de moléculas e vias celulares específicas geradoras de câncer). Muitas vezes, essas abordagens são combinadas de acordo com cada caso e as escolhas devem ser individualizadas, considerando as necessidades, particularidades clínicas, emocionais e sociais para a reabilitação integral das pacientes.
Desafios no Brasil
No Brasil, embora o sistema de saúde seja universal, o acesso aos recursos para diagnósticos precoces e novos tratamentos é um grande desafio. A desigualdade entre as regiões, a carência de serviços especializados e a alta demanda de pacientes comprometem o início oportuno do tratamento. Neste contexto, a realização de programas educativos, políticas de prevenção e incentivo ao autocuidado torna-se fundamental para combater os cânceres, melhorar nossos índices de saúde e qualidade de vida. Mais que uma política social, zelar pela saúde das mulheres é uma necessidade e significa honrar a nossa própria existência.
Até a próxima! Cuidem-se e não deixem de realizar exames preventivos!








