Olá, pessoal. Chegamos ao último mês do ano e, como todo fim de ciclo, dezembro nos convida a refletir sobre encerramentos e recomeços. Nesta última coluna de 2025 e, com o início do verão, vamos falar sobre o Dezembro Laranja, relacionando o câncer de pele às mudanças climáticas no nosso planeta.
Vocês têm a sensação de que o calor tem sido cada vez intenso? Provavelmente sim. Os desequilíbrios ambientais decorrentes das ações humanas têm causado impactos importantes, como o fenômeno do aquecimento global, alterações na camada de ozônio e aumento da poluição, fatores que influenciam na nossa saúde, inclusive aumentando o risco do câncer de pele.
Dezembro Laranja é uma campanha iniciada em 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) para conscientizar a população sobre o câncer de pele, o tipo de neoplasia mais frequente. No mundo, estima-se mais de 1,5 milhão de novos casos em 2022.
No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são registrados cerca de 229 mil novos casos de câncer de pele ao ano, correspondendo a aproximadamente 30% de todos os diagnósticos de câncer no país.
De forma geral, a doença apresenta duas principais classificações:
– Câncer de pele não melanoma – mais comum, cerca de 220 mil casos/ano, que inclui o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC).
– Melanoma – menos frequente, cerca de 9 mil casos/ano, porém mais agressivo, devido à sua alta capacidade de disseminação.
Os primeiros sinais costumam ser o surgimento de pintas ou manchas na pele com alterações como mudança de cor, tamanho, formato; presença de bordas irregulares, cicatrização demorada, sangramentos, dor e coceira. Identificar as lesões em fase inicial nem sempre é fácil, pois dependendo do local acometido, pode não ser possível visualizá-las adequadamente.
Carcinoma Basocelular – CBC
O CBC é o tipo não melanoma mais comum. O tumor tem origem na epiderme, camada mais externa da pele, cresce lentamente e apresenta altos índices de cura quando diagnosticado precocemente. A lesão pode se apresentar de diferentes formas:
Nódulo-ulcerativo: a lesão inicialmente se apresenta como uma pequena elevação sólida, rósea, com aspecto perolado e crescimento progressivo até formar um nódulo. Evolui para uma ulceração crostosa que, ao ser retirada, pode sangrar;
Superficial: lesão única ou múltipla com vermelhidão (eritema) e descamação, apresentando bordas irregulares e discretamente elevadas;
Pigmentada: nódulo ou lesão ulcerada com pigmentação variada;
Esclerodermiforme: placa branco-amarelada, endurecida, lisa, com bordas mal delimitadas.
Carcinoma Espinocelular – CEC
O carcinoma espinocelular (ou epidermoide) é originado pela proliferação atípica de células escamosas. É mais frequente em homens e acomete áreas como couro cabeludo, orelhas, rosto, pescoço. A lesão costuma apresentar coloração avermelhada, com aspecto de machucado ou ferida espessa que não cicatriza, podendo ter aparência de verruga. Muitas vezes, está associado a sinais de envelhecimento da pele, como enrugamento, perda de elasticidade e alterações de pigmentação.
Melanoma
O melanoma, embora seja mais raro, tem pior prognóstico em relação aos outros tipos de câncer de pele. O tumor tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina) responsáveis pela pigmentação da pele. Quando diagnosticado rapidamente, as chances de cura são superiores a 90%.
Ele surge como uma pinta ou mancha em tons acastanhado ou enegrecido, que muda de formato, cor ou tamanho; às vezes pode ocorrer sangramento. A presença de ulceração, espessura da lesão e acometimento de linfonodos são fatores determinantes no prognóstico.
Tratamentos
O tratamento cirúrgico é a base do tratamento para a maioria dos casos. A retirada do tumor em camadas finas, com análise simultânea no microscópio (cirurgia de Mohs), é considerada o melhor tratamento para lesões de alto risco ou localizadas em áreas críticas como o rosto.
Em lesões superficiais e pequenas, procedimentos menos invasivos podem ser a melhor escolha. Em casos avançados de melanoma, além da cirurgia, tratamentos como a imunoterapia e terapias-alvo têm melhorado a sobrevida. Contudo, ainda são terapias caras e pouco acessíveis em muitos contextos.
Prevenção
A exposição à radiação ultravioleta (UV) é o principal fator de risco e está associada a todos os tipos de câncer de pele. A doença apresenta outras variáveis de risco intrínsecos, como a predisposição genética e pele clara, e extrínsecos como imunossupressão secundárias e realização de radioterapia prévia. Embora os tumores de peles sejam mais prevalentes em indivíduos de pele clara, pessoas de pele escura ou parda não estão isentas e podem desenvolver casos.
Seguir algumas orientações e realizar consultas com dermatologistas são fundamentais e ajudam na prevenção:
– Uso diário de protetor solar com FPS de no mínimo 30;
– Evitar a exposição direta ao sol entre 10h e 16h;
– Proteger as áreas de maior risco e vulneráveis à exposição solar; usar camisetas, bonés/chapéus, óculos etc.;
– Dar preferência a roupas e assessórios com tecnologia anti-UV;
– Crianças, por terem a pele mais sensível, devem ter atenção redobrada;
– Observar o surgimento de pintas ou manchas suspeitas – regra ABCDE
Assimetria: uma metade da pinta diferente da outra
Bordas: irregulares ou mal definidas
Cor: mais de uma cor na mesma lesão
Diâmetro: maior que 6 mm
Evolução: mudanças de tamanho, forma, cor, coceira ou sangramento
Consciência ambiental
Os desequilíbrios ambientais causados pelas ações humanas como a depleção da camada de ozônio, o aquecimento global e a poluição do ar atmosférico, têm sido associados ao aumento de câncer de pele. A maior incidência de radiação UV, temperaturas mais altas (que estimulam o uso de roupas curtas e maior permanência ao ar livres) e a irritação crônica da pele por poluentes contribuem para os danos cumulativos ao longo dos anos.
Nesse contexto, pensar de forma sistêmica significa entender que, além do autocuidado, algumas atitudes sustentáveis previnem doenças e melhoram a qualidade de vida. Reduzir a emissão de gás carbônico, economizar energia, utilizar fontes de energia renováveis, diminuir o uso de papel e consumo de carne vermelha, bem como incentivar a reutilização e a reciclagem são exemplos de ações que protegem nossa saúde e planeta.
Zelar pela nossa saúde, cuidando do nosso corpo é um ato de amor. Cuidar do meio ambiente, preservando nosso planeta vai além; é um ato de amor ao próximo e empatia com as futuras gerações.
Que o Dezembro Laranja nos lembre não só da importância do cuidado com nossa pele, mas também da responsabilidade de agir para proteger nosso planeta, que é a casa de todos nós.
Desejo a todos um Feliz Natal e que 2026 seja repleto de saúde e conquistas! Cuidem-se!
Muito obrigado e até o ano que vem!








