A moda sem gênero deixou de ser um nicho alternativo para ocupar espaço central no debate sobre comportamento, identidade e consumo. Cada vez mais presente em vitrines, desfiles e redes sociais, o conceito propõe roupas que não se limitam às classificações tradicionais de masculino e feminino.
O movimento ganha força especialmente entre consumidores jovens, marcas independentes e grandes grifes, impulsionado por transformações sociais, debates sobre identidade de gênero e uma busca crescente por autenticidade e liberdade de expressão no vestir.
O que é moda sem gênero e como ela surgiu?
A moda sem gênero, também chamada de moda agênero ou roupas unissex, refere-se a peças criadas para qualquer pessoa, independentemente de identidade ou expressão de gênero. Embora pareça uma tendência recente, o conceito tem raízes históricas profundas.
Na década de mil novecentos e sessenta, estilistas como Yves Saint Laurent, da França, já questionavam normas ao popularizar o smoking feminino. Anos depois, nomes como Jean-Paul Gaultier ampliaram esse debate nas passarelas europeias. No Brasil, a proposta ganhou força com marcas autorais e coletivos ligados à moda independente, especialmente em São Paulo.

Por que a moda sem gênero chama tanta atenção hoje?
O crescimento da moda sem gênero está diretamente ligado a mudanças culturais e geracionais. Pesquisas citadas pela BBC indicam que consumidores mais jovens valorizam marcas alinhadas a diversidade, inclusão e responsabilidade social .
Além disso, as redes sociais ampliaram a visibilidade de influenciadores e artistas que desafiam padrões estéticos tradicionais. Celebridades como Harry Styles, do Reino Unido, e Liniker, do Brasil, ajudam a normalizar o uso de roupas que transitam entre estilos, reforçando a ideia de que vestuário é expressão pessoal, não regra fixa.
Como as roupas unissex impactam o mercado de moda?
A adoção de roupas unissex tem efeitos diretos no design, na produção e no varejo. Marcas passam a investir em modelagens mais amplas, cores neutras e tecidos versáteis, o que também dialoga com práticas sustentáveis, como redução de coleções segmentadas.
Entre os principais impactos observados estão:
- simplificação de grades e estoques nas lojas
- ampliação do público consumidor para uma mesma peça
- fortalecimento do posicionamento de marca em diversidade
- diálogo com tendências de consumo consciente
- maior liberdade criativa para estilistas
Portais como a Vogue Brasil destacam que grandes redes já testam seções unificadas, sem divisão por gênero, em lojas físicas e e-commerce
Moda sem gênero é tendência ou mudança definitiva?
Mais do que uma tendência passageira, a moda sem gênero reflete uma reconfiguração profunda na forma como a sociedade enxerga identidade, consumo e expressão individual. Ao romper com rótulos rígidos, o vestuário unissex amplia possibilidades e convida o público a repensar escolhas cotidianas.
Em um cenário onde autenticidade e inclusão ganham cada vez mais valor, a pergunta que fica não é se a moda sem gênero veio para ficar, mas como ela continuará evoluindo e influenciando o modo como nos vestimos e nos expressamos.








