Estabelecer um vínculo mãe-bebê é um dos primeiros passos para construir uma relação saudável e segura entre mãe e filho. Segundo a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, essa conexão emocional começa ainda durante a gestação. “Durante a gestação, mãe e bebê já estão em conexão. O bebê percebe as vibrações emocionais da mãe através de alterações hormonais e do ritmo corporal”, explica.
Embora a maternidade traga desafios, praticar gestos de interação com o bebê durante a gravidez e após o nascimento pode fazer toda a diferença. Confira a seguir as estratégias sugeridas por Rafaela para fortalecer esse laço desde o início!
O que é o vínculo mãe-bebê?
O vínculo mãe-bebê é a ligação emocional entre a mãe e o filho que se desenvolve ao longo da gestação e se fortalece após o parto. Essa conexão não é apenas benéfica para o bebê – que sente mais segurança e acolhimento –, mas também para a mãe, que ganha confiança em seu papel e enfrenta os desafios da maternidade com mais serenidade.
De acordo com Rafaela, “essa relação começa na gravidez e impacta diretamente no desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança”. A especialista também destaca que o vínculo contribui para a criação de um apego seguro, fundamental para que o bebê cresça confiante e resiliente.
Como fortalecer o vínculo na gestação?
Durante a gestação, há diversas formas de estreitar o vínculo mãe-bebê. Gestos simples podem fazer a diferença:
- Converse com o bebê: falar com o bebê é uma forma poderosa de interação. “A voz da mãe é um dos primeiros sons que o bebê reconhece, ajudando na criação de uma conexão emocional”, explica Rafaela.
- Preste atenção aos movimentos: sentir os chutes e deslocamentos do bebê é um convite para se conectar com ele de maneira consciente.
- Crie rituais de carinho: ler histórias, cantar ou tocar músicas são formas de envolver o bebê em uma rotina afetuosa.
- Pratique mindfulness: momentos de relaxamento ajudam a reduzir o estresse, criando um ambiente emocional mais positivo tanto para a mãe quanto para o bebê.
Segundo Rafaela, essas práticas auxiliam no desenvolvimento da relação mãe e bebê, contribuindo para uma conexão mais profunda durante a gravidez.
A relação mãe e bebê após o nascimento
Após o parto, o vínculo mãe-bebê pode ser fortalecido ainda mais durante a “hora dourada” (golden hour), a primeira hora de vida do bebê. Esse momento é essencial para estabilizar os sinais vitais do recém-nascido e promover o contato pele a pele entre mãe e filho.
“A liberação de ocitocina durante o contato pele a pele facilita a amamentação, promove bem-estar emocional e reforça o vínculo“, afirma Rafaela. Essa prática também regula a temperatura corporal, a frequência cardíaca e a respiração do bebê, ajudando-o a se adaptar à vida fora do útero.
No Brasil, muitas maternidades implementaram protocolos para garantir a realização da hora dourada, mesmo em casos de partos cesáreos ou complicados. Um exemplo recente foi compartilhado pela influenciadora Viih Tube, que destacou como o contato pele a pele ajudou a estabilizar seu filho Ravi após o nascimento.
Quando o vínculo enfrenta desafios
Nem sempre o vínculo mãe-bebê é estabelecido de forma natural. Fatores como gestações não planejadas, ansiedade ou depressão podem dificultar essa conexão. Rafaela alerta que é essencial que as mães que enfrentam essas situações procurem apoio especializado. “A psicoterapia com um profissional perinatal é a melhor forma de ajudar essas mulheres a se conectarem com seus bebês”, orienta.
A especialista também reforça que cada mãe deve respeitar seu próprio ritmo. “O vínculo não precisa ser perfeito. Pequenos passos já são significativos”, diz Rafaela. Além disso, familiares e parceiros podem contribuir nesse processo, criando um ambiente de apoio e acolhimento durante a maternidade.
A importância do apoio familiar
A relação mãe e bebê não é apenas responsabilidade da mãe. Envolver o parceiro, familiares, rede de apoio e cuidadores nesse processo pode fortalecer ainda mais a conexão. Bebês reconhecem vozes e sons ainda no útero, principalmente a voz da mãe, mas também de outras pessoas presentes no dia a dia da gestante.
“A partir da 18ª semana, o feto já consegue identificar sons. Após o nascimento, ele demonstra preferência pela voz da mãe, mas também reconhece e se conecta com vozes familiares, como a do pai ou de avós que estiveram próximos durante a gestação“, explica Rafaela. Por isso, incluir toda a família no cuidado e nas interações com o bebê pode fazer a diferença.
Fortalecer o vínculo mãe-bebê é um processo que começa na gestação e se estende por toda a vida. Pequenos gestos de cuidado e conexão, como conversar com o bebê e criar momentos de carinho, fazem toda a diferença para estabelecer uma relação saudável e segura. Mesmo diante de desafios, é importante lembrar que cada mãe tem seu próprio ritmo e que apoio especializado e familiar pode ser um grande aliado nesse caminho. Afinal, construir um laço afetivo é uma jornada repleta de amor, paciência e aprendizado.
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