A série ‘Adolescência’ tem despertado reflexões profundas entre pais e cuidadores. A ficção espelha situações reais, expondo o que muitos adultos preferem não enxergar. Mariana Ruske, pedagoga e fundadora da Senses Montessori School, reforça que evitar conversas difíceis pode deixar os filhos vulneráveis a riscos que vão muito além do que acontece dentro de casa.
“Os pais pensam que, por estarem presentes, os filhos estão protegidos. Mas, a verdade é que a internet, as redes sociais e o excesso de estímulos criam um ambiente de pressão constante”, alerta Mariana. Para ajudar as famílias a se prepararem melhor para esse momento, a especialista compartilha cinco reflexões essenciais.
Conversas sobre sexualidade devem começar cedo
A educação sexual não tem relação com erotização. Pelo contrário: ela protege a criança e evita situações de abuso e bullying. “Até os nove anos, os pais devem ensinar sobre respeito ao corpo e reconhecer situações de risco”, orienta Mariana. Na pré-adolescência, o foco passa a ser consentimento, relacionamentos e a diferença entre pornografia e realidade.
O perigo do algoritmo e o papel dos pais
Seus filhos estão aprendendo sobre amor e autoestima online, e isso pode ser preocupante. “Muitos adolescentes são influenciados por conteúdos violentos e distorcidos, sem que os pais percebam”, diz Mariana. Cabe aos adultos monitorar o que eles consomem e abrir espaço para o diálogo.
Autoconfiança se constrói no dia a dia
Superproteção ou elogios em excesso podem impedir os filhos de desenvolver resiliência. “Crianças que nunca enfrentam frustrações podem buscar validação de forma arriscada”, explica a especialista. O ideal é permitir que enfrentem desafios, reconheçam seu esforço e se tornem emocionalmente fortes.
O exemplo dos pais é determinante
A forma como você lida com conflitos e expressa emoções impacta diretamente seus filhos. “A adolescência reflete o que foi construído na infância”, destaca Mariana. Se o ambiente familiar incentiva respeito e diálogo, há mais chances de os filhos reproduzirem isso em outras relações.
Rede de apoio faz toda a diferença
Ninguém educa um filho sozinho. “Criar laços com os amigos dos seus filhos e suas famílias é essencial”, recomenda Mariana. Quanto mais forte essa rede, menor a chance de adolescentes buscarem aceitação em grupos radicais ou prejudiciais.
Se você tem um adolescente em casa, talvez já tenha se perguntado: “Estou protegendo meu filho da melhor forma?”. A resposta está no diálogo e na coragem de enfrentar os assuntos mais difíceis. Porque o perigo real não está no que se fala, mas no que é deixado sem resposta.
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