A maternidade costuma ser cercada por idealizações e frases feitas, como “ser mãe é instintivo” ou “o amor pelo bebê nasce no parto”. No entanto, essas crenças nem sempre correspondem à realidade e podem aumentar a culpa materna, tornando essa fase ainda mais desafiadora.
A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, fundadora do Instituto MaterOnline, explica que esses mitos sobre maternidade contribuem para que mães se sintam frustradas e sobrecarregadas. “Romantizar a maternidade gera uma cobrança desnecessária. Precisamos falar sobre essas questões de forma realista para aliviar essa carga emocional”, afirma.
Confira cinco crenças ultrapassadas que precisam ser deixadas para trás a seguir:
O vínculo com o bebê acontece imediatamente
A ideia de que toda mãe sente uma conexão instantânea com o filho pode gerar sofrimento. A realidade é que o vínculo com o bebê é um processo construído com o tempo. “Algumas mulheres demoram a criar essa ligação e isso é normal. Não significa falta de amor, apenas que cada mãe tem seu ritmo”, explica Rafaela. A relação com o bebê se fortalece conforme a convivência e os momentos de cuidado diário.
Pedir ajuda significa que você não estava pronta para ser mãe
A maternidade nunca foi, e nem deve ser, uma jornada solitária. Em diversas culturas, criar uma criança sempre foi uma experiência coletiva, com o suporte de familiares e amigos. “A ideia de que a mãe deve dar conta de tudo sozinha é irreal e prejudicial”, alerta a psicóloga. Ter uma rede de apoio é essencial para o bem-estar materno. Isso inclui dividir responsabilidades, pedir ajuda quando necessário e, principalmente, se permitir descansar.
O instinto materno sempre diz o que fazer
A crença de que toda mãe tem um instinto infalível gera pressão e pode aumentar a insegurança. “Ser mãe envolve aprendizado. As dúvidas fazem parte do processo e não significam que a mulher está falhando”, esclarece Rafaela. Buscar informação, conversar com outras mães e contar com uma rede de apoio são atitudes fundamentais para lidar com os desafios da maternidade com mais segurança.
Se a mãe tem ajuda, ela não pode se sentir cansada
O apoio de familiares e amigos é valioso, mas isso não significa que a mãe está livre do cansaço e da sobrecarga emocional. “Mesmo quando existe suporte, a maternidade continua exigindo energia e dedicação”, pontua Rafaela. Validar os próprios sentimentos e reconhecer os momentos de exaustão é essencial. Ter espaço para descansar e cuidar de si mesma também faz parte desse processo.
Quanto mais tempo a mãe passa com o bebê, melhor
A qualidade do tempo é mais importante do que a quantidade. Muitas mães sentem culpa ao precisar se afastar do filho, mas esse pensamento precisa ser desconstruído. “Mães que conseguem equilibrar o autocuidado com a dedicação ao filho tendem a se sentir mais seguras e menos sobrecarregadas”, explica a especialista. Quando a mãe está bem, o vínculo com o bebê se fortalece de forma natural.
Maternidade real: menos culpa e mais acolhimento
Romper com esses mitos sobre maternidade é fundamental para tornar essa fase mais leve e acolhedora. “Precisamos normalizar as dificuldades e reforçar que pedir ajuda não é um fracasso”, finaliza Rafaela Schiavo.
A maternidade não precisa ser perfeita. O mais importante é que mães se sintam seguras, apoiadas e, acima de tudo, livres da pressão de corresponder a expectativas irreais.
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