O Dia Mundial da Prematuridade, celebrado em 17 de novembro, reforça um tema urgente: o Brasil continua entre os dez países que mais registram prematuros no mundo. Em 2023, cerca de 300 mil bebês nasceram antes de 37 semanas, número que supera a média global e evidencia, portanto, a necessidade de cuidado contínuo, humanizado e tecnicamente estruturado desde o parto.
A campanha internacional de 2025 adota o lema “Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes”, destacando a importância da amamentação desde os primeiros minutos de vida. Não é por acaso: segundo especialistas, o leite materno atua como um verdadeiro tratamento natural para esses bebês, já que sua composição se adapta às necessidades de quem chega antes da hora.
A neonatologista Dra. Juliana Alves explica que o corpo da mãe produz um leite especialmente rico para esse perfil de bebê. A fórmula natural reúne mais proteínas, lipídios, imunoglobulinas e fatores protetores que fortalecem o sistema imunológico. Além disso, facilita o desenvolvimento gastrointestinal, reduz infecções graves, melhora o ganho de peso e apoia a formação da microbiota, peça-chave para a imunidade ao longo da vida.
Como o leite materno chega aos bebês ainda frágeis
Nos primeiros dias, muitos prematuros ainda não conseguem sugar no peito. Por isso, as equipes de neonatologia ofertam o leite ordenhado em copinho ou por sonda, garantindo segurança enquanto o bebê desenvolve coordenação e força. Conforme a médica explica, essa transição só acontece quando há maturidade neurológica, estabilidade clínica e suporte especializado.
Nesse processo, a presença ativa da mãe faz toda diferença. O contato pele a pele, especialmente por meio do método canguru, ajuda a regular o estresse do bebê, estabilizar sinais vitais e estimular a liberação de ocitocina, essencial para a descida do leite. Além disso, reforça o vínculo e cria um ambiente emocional mais seguro para toda a família.
Entretanto, muitas mulheres enfrentam desafios logo no início, que incluem cansaço, separação do bebê, insegurança e dificuldade para manter a produção. Para evitar quedas no volume produzido, a ordenha precoce é decisiva.
A fisioterapeuta e especialista em aleitamento humano Alessandra Paula orienta que a extração ideal começa na primeira hora pós-parto ou, no máximo, até 24 horas após o nascimento. Ela recomenda cerca de oito ordenhas por dia, combinando bomba dupla com expressão manual para otimizar o resultado.
Bancos de Leite no cuidado dos prematuros
A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano apoia milhares de famílias ao oferecer acolhimento, triagem e leite pasteurizado para os bebês cuja oferta ainda é insuficiente. Esse leite doado reduz significativamente o risco de enterocolite necrosante, uma das doenças mais graves entre os prematuros, e garante continuidade ao processo de recuperação.
Mesmo após a alta, os cuidados seguem intensos: manter mamadas frequentes, evitar bicos artificiais, observar o ganho de peso e buscar acompanhamento profissional sempre que surgir dúvida. Como reforça a especialista, cada gota conta. Para esses bebês, o leite materno representa nutrição, proteção, vínculo e oportunidade real de desenvolvimento saudável.
Resumo: O Brasil registra quase 300 mil nascimentos prematuros por ano, o que reforça a importância do cuidado humanizado desde o parto. O leite materno oferece proteção, imunidade e desenvolvimento ideais para esses bebês. Especialistas explicam como a ordenha precoce, o método canguru e os Bancos de Leite garantem recuperação e segurança.
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