As crianças estão cada vez mais conectadas com o universo digital e não há como negar que as telas estão presentes no cotidiano de muitas crianças pequenas. Contudo, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças menores de 2 anos não sejam expostas a telas de maneira alguma. Já na faixa entre 2 a 5 anos, o tempo de tela deve ser limitado a, no máximo, uma hora por dia.
Entre as crianças de 6 a 10 anos, ou seja, crianças em fase de alfabetização, o uso de telas deve ser limitado a duas horas por dia. Isso inclui videogames, computadores, smartphones, tablets e televisão. Além disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças até 10 anos não tenham esses dispositivos em seus próprios quartos, e que o uso seja feito apenas com supervisão parental.
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Os riscos da exposição aos dispositivos eletrônicos
Antes de partirmos para as dicas práticas de como incluir os aplicativos educativos na rotina das crianças, precisamos falar sobre a exposição excessiva à tecnologia. Diversos países têm discutido os malefícios da exposição de telas a crianças e adolescentes. No final de abril deste ano, um relatório encomendado pelo governo francês propôs a proibição de telas para menores de 3 anos.
Segundo a Academia Americana de Pediatria, crianças expostas a telas por longos períodos podem ter dificuldades em desenvolver habilidades linguísticas e de leitura, uma vez que a interação passiva com as telas substitui as atividades interativas e de aprendizado ativo que são cruciais para o desenvolvimento cognitivo.
Em entrevista à AnaMaria, o pediatra Milton Rosset explica que a exposição prolongada às telas pode interferir no desenvolvimento de habilidades executivas, que incluem planejamento, organização e controle de impulsos.
“A exposição excessiva às telas pode ter um impacto significativo no desenvolvimento cognitivo e nas habilidades de aprendizado das crianças. Estudos mostram que o tempo excessivo de tela pode prejudicar a capacidade de concentração, atenção e memória das crianças”, inicia o profissional.
“Crianças que passam mais tempo em atividades sedentárias relacionadas a telas tendem a ter menos tempo para brincadeiras físicas e interações sociais, essenciais para o desenvolvimento do cérebro. Estudos também sugerem que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode estar associado a atrasos no desenvolvimento da linguagem e a dificuldades de aprendizado, principalmente em crianças menores de 5 anos”, diz Milton.
Efeitos do uso de telas por crianças
O pediatra detalha os diversos malefícios do uso de telas na saúde física das crianças, incluindo a visão e a postura. Entre os efeitos negativos do uso de dispositivos eletrônicos, Milton destaca problemas na visão, postura e o impacto no comportamento social e emocional em crianças.
De acordo com o profissional, estudos demonstram que a luz azul emitida pelas telas pode causar fadiga ocular digital, levando a sintomas como olhos secos, visão embaçada e dor de cabeça. A Associação Americana de Optometria recomenda que crianças façam pausas regulares durante o uso de dispositivos para reduzir o risco de miopia e outros problemas visuais.
Crianças que passam muito tempo em frente a telas, especialmente em posições inadequadas, são mais suscetíveis a desenvolver dores no pescoço, costas e ombros. A postura encurvada e a falta de atividade física também podem contribuir para problemas posturais e fraqueza muscular.
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos também pode ter um impacto profundo no comportamento social e emocional das crianças. Milton acrescenta que estudos indicam que o tempo excessivo de tela pode reduzir as oportunidades de interação social face a face, fator essencial para o desenvolvimento de habilidades sociais. Crianças que passam muito tempo em frente a telas podem apresentar dificuldades em desenvolver empatia, habilidades de comunicação e relações interpessoais saudáveis.
A natureza passiva e frequentemente isolante do uso de telas pode contribuir para sentimentos de solidão e isolamento social. Crianças expostas a conteúdos inadequados ou violentos também podem mostrar comportamentos agressivos e dificuldades em regular suas emoções.
A American Psychological Association (APA) ressalta a importância do equilíbrio e da supervisão no uso de dispositivos eletrônicos, promovendo atividades que envolvam interações sociais reais e o desenvolvimento emocional saudável. Estabelecer limites de tempo e incentivar atividades que promovam a interação social e o desenvolvimento emocional são essenciais para mitigar os impactos negativos do uso excessivo de telas.
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Aplicativos educativos
Considerando a recomendação dos especialistas, é possível usar a tecnologia a favor da educação? Bruna Dias, especialista em computação aplicada à educação do grupo inglês Sandbox Group, explica que, com algumas ressalvas, sim, é possível!
As novas gerações já nascem conectadas e a tecnologia está, inevitavelmente, presente na rotina do celular, da TV e até para esquentar a comida. Em uma realidade cercada por aparatos tecnológicos, os pequenos se familiarizam desde muito cedo com celulares, gravando vídeos, fazendo selfies e dando ordens para as assistentes virtuais.
Mas, além disso, o meio digital traz infinitas possibilidades e oportunidades na educação e aprendizado infantil, seja dentro ou fora da sala de aula. Para Bruna, os aplicativos educacionais podem ser uma nova maneira das crianças aprenderem, mas é preciso ter cuidado.
“Os aplicativos educativos podem ser plataformas lúdicas e agregadoras atuando em diferentes aspectos do aprendizado e desenvolvimento infantil, mas também podem ser uma fonte de acesso ao que deve ser proibido a eles, por isso a cautela e com o conteúdo deve ser acirrada”, destaca Bruna.
Os aplicativos com conteúdo selecionado colaboram com o desenvolvimento social, intelectual, afetivo, emocional e até mesmo motor. Através deles é possível aprender outros idiomas, exercitar o raciocínio lógico, conhecer diferentes lugares, personalidades, animais e acontecimentos históricos, além de aprofundar em temas específicos e aguçar a curiosidade.
“Mas tudo isso precisa ser feito de forma lúdica, com respeito ao tempo de tela adequado para cada idade, caso contrário o efeito pode ser reverso”, diz a especialista, que faz o alerta: “Embora muitos dos aplicativos educacionais para crianças sejam adaptados para o uso infantil, a mediação de um adulto é indispensável para o aprendizado ser significativo. Mesmo que a criança já seja maiorzinha e autônoma o suficiente, é fundamental que pais e educadores conversem com os pequenos sobre o que aprenderam com o conteúdo”, finaliza.
Confira a seguir sugestões de aplicativos educativos seguros e indicados para o aprendizado de crianças:
Kindle
O aplicativo para leitura digital ‘Kindle’ está disponível em vários dispositivos móveis, como smartphones e computadores, e permite acesso a conteúdos gratuitos com direito a downloads que ficam disponibilizados na loja virtual da Amazon.
Outro aspecto importante é a disponibilidade de ferramentas que proporcionam melhorias no processo de leitura de maneira personalizada, como brilho, cor e tamanho das fontes. Um recurso muito importante e também acessível às crianças é o dicionário, que auxilia o entendimento dos significados das palavras e ainda possibilita a ampliação do vocabulário de crianças.
Ler e contar
Pensando em um aplicativo que seja multidisciplinar, a especialista recomenda o ‘Ler e Contar’. Ele é gratuito e está disponível para todos os sistemas. ‘Ler e Contar’ é uma ferramenta bastante simples, onde o pequeno aprende a falar e a escrever sílabas.
Nele também é possível aprender os números de 0 a 100, inclusive em sua forma escrita, e trabalhar com operações de soma e subtração. Para completar, o alfabeto em libras é disponibilizado. Em outras atividades, é possível acessar nomes de animais, cores e instrumentos musicais.
Um recurso completo para que a criança se divirta e absorva o conteúdo com simplicidade. O ‘Ler e Contar’ é um aplicativo disponível para Android e iOS.
Learn to Read — Duolingo ABC
Mirando nas habilidades em idiomas, e já conhecido entre quem gosta de aprender novas línguas, a versão direcionada para as crianças do ‘Duolingo’ é focada na idade pré-escolar.
Inglês para crianças: como incentivar o aprendizado bilíngue dos filhos!
O aplicativo de leitura infantil ‘Duolingo ABC’ oferece mais de 700 aulas práticas de leitura projetadas para auxiliar as crianças a aprender e gostar de ler, tornando o aprendizado da leitura em inglês divertido e eficaz. Disponível para Android e iOS.