Tarcísio Meira morreu por sequelas da covid-19 nesta sexta-feira (12), aos 85 anos. Em entrevista para a revista ‘Veja’, concedida em 2019 ao jornalista Sérgio Martins -na época em que encenava a peça ‘O Camareiro’, ele ressaltou que “artista não se aposenta”.
“Quer trabalhar, enquanto houver trabalho para ele. Isso não tem idade: existe sempre a mesma vontade de fazer as coisas”, declarou, antes de lamentar a falta de papéis em novelas: “Os autores não gostam de velhos.”
“NINGUÉM GOSTA DE PENSAR”
Na peça em que atuava na época, Tarcísio vivia um idoso à beira da morte, ocasião em que falou sobre o assunto, dizendo que “a possibilidade de morrer o assustava na vida real.” O ator ressaltou que ninguém gosta de pensar que o fim está chegando, mas que sabia que estava chegando.
“Certa vez, fui receber um prêmio de cinema. Dei de cara com o diretor de teatro Antunes Filho. Foi uma alegria, porque fazia anos que não o via. Eu disse: ‘Antunes, somos sobreviventes’. Pouco tempo depois, o próprio Antunes morreu. A esta altura da vida, muitos colegas da minha idade se foram. Daqui a pouco, vou eu. Talvez eu deixe um vazio nas pessoas”, contou durante a entrevista.
Tarcísio também explicou sobre o fato de usar cadeira de rodas, tanto para a peça quanto na vida. “Achei mais cômodo usar. Talvez fosse mais educado atender o público de pé. Mas, me perdoem, estou cansado demais para isso”, declarou.
Na ocasião, Tarcísio vinha se recuperando de uma internação por uma pneumonia. No seu aniversário de 84 anos, o ator também estava no hospital e revelou que nos dois anos anteriores (2018/2017), passou por duas gripes que atacaram seu pulmão.
