Taís Araujo relembrou sua primeira protagonista na TV em entrevista à revista Piauí, na última quinta-feira (9). A atriz deu vida à polêmica Xica da Silva em novela homônima de 1996, quando tinha apenas 17 anos. Ela relatou ter sofrido uma série de abusos nos bastidores das gravações.
“Eu era invisível na Barra da Tijuca, sequer beijei na boca de alguém do condomínio”, começou contando em menção ao racismo que sofria na época. Segundo ela, a vida real contrastava com a sensualidade de Xica da Silva na trama.
Os abusos nas gravações teriam sido cometidos pelo diretor Walter Avancini, falecido em 2001. Taís contou que o funcionário da Rede Manchete tinha comportamentos inadequados e fazia constantes ofensas a sua atuação – com a justificativa de que isso seria capaz de tornar as cenas mais viscerais.
Ela relembrou: “O Avancini era genial. Muito do que sei de comprometimento e disciplina, aprendi com ele. Mas era extremamente abusivo”, destacando que já ouviu que era a ‘maior decepção da vida dele’.
Avancini teria chegado a pedir desculpa pelas atitudes, mas os maus tratos só pioraram com o passar do tempo. “Eu tenho ódio de você, porque olho para sua cara e não sei o que você está pensando!”, dizia o diretor.
Mais uma estratégia abusiva era criar tensão entre Taís e os colegas de elenco. Muitas vezes, ele teria pedido para que a atriz olhar nos olhos de todos os demais para depois dizer: “Ninguém gosta de você, todos queriam fazer o seu papel”.
Para Taís, um dos momentos mais tensos foi quando Avancini decidiu explorar sua chegada aos 18 anos (nove semanas após a estreia da novela) para vender fotos nuas da atriz. “Ninguém me obrigou a fazer essas fotos, mas é claro que ali eu cedi às pressões”, contou. Na ocasião, ele teria até mesmo debochado do desconforto da jovem.