É triste saber que, em pleno século 21, ainda temos que parar e falar de preconceito e homofobia. É ainda mais triste ver que pessoas tão esclarecidas e vividas tenham um pensamento tão retrógrado e mesquinho em relação ao que o outro é ou deixa de ser.
Mesmo com as diversas dificuldades que este ano tem apresentado, por conta da pandemia do novo coronavírus, a luta por direitos LGBTQIA+ não parou. Tudo porque a comunidade segue sofrendo perseguição, violência e criminalização devido sua orientação sexual e identidade de gênero.
De acordo com um relatório, divulgado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que há mais de 100 anos atua em defesa dos direitos humanos dos homossexuais, o Brasil se mantém no ranking dos que mais contabiliza mortes de LGBT+.
E, na última sexta-feira (25), Sikêra Junior, apresentador do programa Alerta Nacional, da RedeTV!, usou alguns minutos de seu programa para destilar preconceito contra a comunidade LGBTQIA+. Tudo para comentar sobre uma campanha publicitária do Burger King, que mostra crianças falando com naturalidade sobre relacionamentos homoafetivos.
Palavras pesadas, como “nojentos”, “raça desgraçada”, “raça do cão” e “bando de maconheiros” foram usados pelo apresentador em rede nacional para achincalhar pessoas homoafetivas. Algo totalmente inadmissível, principalmente vindo de alguém que é jornalista, apresentador e que exerce, de certa forma, uma influência sobre quem acompanha o vespertino.
Sikêra não apenas atacou essa comunidade, como também a todos aqueles que buscam uma sociedade mais justa e humana para se viver. Não é a primeira vez, inclusive, que esse senhor usa um espaço em rede nacional para destilar expressões racistas e misóginas. Fato este levou, não tem muito tempo, o Ministério Público Federal a acusá-lo por dano moral coletivo decorrente de discurso de ódio às mulheres. A ação dizia respeito a um momento do programa em que ele usou expressões racistas e misóginas para se referir a uma mulher negra, presa sob custódia do estado da Paraíba.
A ação, que era assinada pelo procurador da República na Paraíba, José Godoy Bezerra de Souza, pedia para o apresentador se retratar publicamente, “reconhecendo expressamente a ilicitude de suas falas, mediante discurso a ser publicado em todas as suas redes sociais e na rede televisão TV Arapuan, que é afiliada da RedeTV!, onde o programa é produzido e repetido em rede nacional pela RedeTV! São Paulo.”
Esse texto reflete a opinião deste colunista, que repudia veementemente qualquer ato de preconceito, racismo, homofobia ou algo que viole os direitos e a liberdade do bem comum.
*JAIRO RODRIGUES é jornalista e crítico de TV. Participou dos programas ‘A Tarde É Show’, na Rede Brasil de Televisão, ‘Olga’ na RedeTV! e ‘Saúde & Você’ na Record News. Na Revista Ana Maria fala sobre bastidores da TV e famosos. Instagram: @jairorodriguesoficial