Natália Lummertz está numa felicidade só! Não é à toa… Ela é uma das novas apostas da RecordTV e integra o elenco da sexta fase da série Reis, interpretando Eleora. “Minha personagem foi um grande presente. Ela é espontânea, amável e sincera. Essas são características com as quais eu também me identifico. Admiro sua relação mulheres. Existe uma grande irmandade entre elas, e isso é incrível e necessário em qualquer tempo.”
Aliás, a atriz carrega em seu DNA a forte consciência de que assuntos como violência doméstica e sororidade devem ser constantemente debatidos, e usa sua voz para levantar discussões a respeito: “Sempre que posso falo nas redes sociais sobre como nós, mulheres, temos que abraçar umas às outras. Existem dores que só nós sabemos como são. Como atriz, também consigo comunicar muitas coisas por meio das histórias que contamos na TV. Nem sempre as pessoas têm conhecimento sobre esses assuntos até vê-los representados. E, então, se identificam [violência doméstica] ou percebem a importância de existirem e de se apoiarem [sororidade]”.
Questionada sobre como percebe o uso desenfreado de filtros na internet, Natália finaliza: “A sociedade está doente, tentando alcançar uma realidade que não existe. Ninguém é perfeito. O filtro é legal quando é algo fantasioso, mas, quando é usado para modificar o rosto na tentativa de se tornar ‘perfeito’, isso é preocupante”. Que lucidez!
Confira a entrevista completa:
Você é gaúcha e saiu de sua cidade natal para trabalhar no Rio de Janeiro. Como foi ficar longe da família e tentar a carreira artística tão distante?
Foi um grande desafio. Morar numa nova cidade onde eu não conhecia ninguém foi, com certeza, uma experiência e tanto. Mas fui muito bem acolhida por essa cidade maravilhosa. Foi paixão à primeira vista! Hoje, tenho uma família enorme aqui feita de amigos e amo conhecer cada dia mais o Rio. Além de, claro, ter minha família e amigos do Sul me apoiando. Mesmo de longe, eles estão sempre comigo.
Como surgiu o convite para Reis? O que mais chamou a sua atenção na personagem?
Eu ainda morava em Porto Alegre (RS), quando conheci uma produtora de elenco da RecordTV. Estava num festival de atuação da minha escola de interpretação. No final do festival, ela pediu para tirar uma foto minha, e assim começou o processo para a novela. Em um mês, estava me mudando para o Rio. Minha personagem foi um grande presente para mim. Ela é muito espontânea, amável e sincera. Essas são características com que eu também me identifico, então me tornei muito próxima dela de cara! Admiro muito sua relação com as outras mulheres. Existe uma grande irmandade entre elas, e isso é incrível e necessário em qualquer tempo.
Como é fazer uma novela de época, principalmente em um tempo em que as mulheres não tinham vozes e nem direitos?
É uma experiência muito interessante. Estudamos muito a época e os costumes antes de gravar, e é muito chocante ver como nós éramos tratadas naquela época. Mas lembro que, durante a preparação, nós começamos a perceber o quão próximas essas mulheres eram uma das outras e o quanto elas se apoiavam, apesar de tudo. Eram tempos extremamente injustos com as mulheres, porém a relação linda que elas tinham entre si foi o norte para criarmos nossas relações.
Sua personagem é uma serva do rei. Ela é uma mulher submissa? Você tem algo parecido com ela?
Eleora trabalhava para Abigail [Maiara Walsh] antes de virar serva do rei Davi [Cirillo Luna]. Abigail era sábia e ensinou muito bem Eleora. Com isso, ela leva muitos ensinamentos e aprendeu que inteligência, bondade e amor são as maiores grandezas que ela poderia ter. Me identifico mesmo com Eleora. Acho que somos muito parecidas na maioria das coisas. Me considero fiel, amorosa, alegre e amiga, assim como ela. Acho que nossa principal diferença é que, às vezes, Eleora pode agir de maneira infantil quando se encontra em certas situações, algo que eu, Natália, acho que não agiria.
Seu núcleo aborda assuntos como violência doméstica, sororidade e amizade feminina. Para você, qual a importância de falar sobre esses temas nos dias de hoje?
Acho de extrema importância trazer esses assuntos à tona, especialmente na tela. A televisão tem um alcance imenso e nem sempre as pessoas têm conhecimento sobre esses assuntos tão necessários, até vê-los sendo representados na televisão. E, então, se identificam [violência doméstica] ou percebem a importância de existirem e de se apoiarem [sororidade e amizade feminina]. Fico muito feliz de trazer esses temas tão relevantes para a casa das pessoas.
Enquanto mulher e pessoa pública, como você pode ajudar outras mulheres que necessitem de ajuda?
Sempre que posso falo nas redes sociais sobre como nós, mulheres, temos que abraçar umas às outras. Existem dores que só nós sabemos como são. Sempre posto algo voltado para o feminismo ou assuntos que acredito serem importantes. Acredito também que, como atriz, consigo comunicar muitas coisas por meio das histórias que contamos na TV. Como já disse, o alcance da televisão é enorme e chega a mulheres que, às vezes, estão passando por uma situação parecida, mas acreditam ser ‘normal’ aquilo, por conta da criação ou falta de informação. São novos tempos e há coisas que são inadmissíveis, e todas nós precisamos saber disso.
Fale sobre sua ‘relação’ com as redes sociais e como percebe o uso dos filtros pela maioria das pessoas, até pelos adolescentes…
A rede social é algo incrível e, ao mesmo tempo, terrível. Facilita muitas coisas em nosso cotidiano, mas permite que façamos comparações com coisas irreais, corpos falsos e rostos modificados. Temos que filtrar o que consumimos hoje, pois muitas coisas no mundo da internet são mentiras. A sociedade está doente, tentando alcançar uma realidade que não existe. Ninguém é perfeito. O filtro é legal quando é algo fantasioso, como se transformar em desenho ou caricatura, por exemplo, mas, quando é usado para modificar o rosto na tentativa de se tornar ‘perfeito’, isso é preocupante.
O que te dá segurança? E o que te deixa insegura?
Já passei por muitas situações que me fizeram duvidar de mim, em todos os aspectos, mas acredito que hoje sou muito segura de quem eu sou, do que eu quero e não quero, do que eu admito e não admito, e garanto que isso é a melhor coisa que a gente pode ter na vida. Sobre inseguranças, todos nós temos alguma. Existem dias e dias. Às vezes, a gente acorda com uma espinha num lugar terrível ou não gostamos tanto do que olhamos no espelho, e são nesses dias que eu tento fazer coisas que me façam feliz. Vou a um lugar legal, ouço alguma música que eu gosto e tento me lembrar de que sou minha própria casa, e que a gente deve amar esse lugar tão incrível que é o nosso corpo.
O que você gosta de fazer nos momentos de lazer?
Amo conhecer museus, ver exposições, ir a festivais de música, teatro, cinema… Amo receber meus amigos em casa e, claro, conhecer restaurantes novos. Também estou sempre lendo ou escutando música.
Quais são os seus conselhos para quem está começando na carreira artística?
Estude e persista. O estudo nunca é demais, e sempre temos algo novo para aprender. Cursos, livros, filmes e peças são vitaminas para o nosso trabalho. Então, sempre que puder, vá ao teatro, ao cinema, leia livros e faça aula de interpretação. Agora, sobre a persistência, é uma carreira cheia de altos e baixos, não existe fórmula mágica. Por isso, persistir e estudar estão um ao lado do outro, é um trabalho em dupla.
O que você faz para cuidar da beleza e da saúde? Tem alguma dica bacana?
Amo fazer skincare… de verdade! Para mim, é um momento de relaxamento e tem até efeito terapêutico, sabia? Acho que a maior dica que posso dar para o cuidado com a pele é usar protetor solar diariamente e em todos os momentos. Também faz muito bem praticar exercício físico, qualquer um, seja alongamento, musculação, ioga, dança, o que for. Tudo faz bem! Estar conectada com o nosso corpo só nos traz coisas boas. E, por último, indico fazer terapia. Sim, porque cuidar das nossas emoções é a melhor coisa que podemos fazer por nós mesmas. Ajuda a nos conhecer e entender quem somos, nossos medos, nossos sonhos. É maravilhoso!
Deixe um recado para as leitoras da AnaMaria…
Se ame! O amor é o sentimento mais genuíno que existe, e o amor-próprio, então, é o mais especial e importante de todos. Você só tem você no final de tudo, se ame nos seus erros, se ame nos seus acertos, se perdoe, se mime, se aceite, se conheça. Nosso corpo é nossa casa. Cuide bem dele e o encha de amor!