Neymar Jr. chegou à Arábia Saudita na última quinta-feira (18). O brasileiro, que deixou o Paris Saint-Germain rumo ao Al-Hilal em uma transferência milionária, desembarcou no aeroporto Internacional Rei Khalid com a presença de centenas de fãs e até autoridades locais.
Mas, muito além do cachecol nas cores do clube, outro acessório utilizado pelo camisa 10 chamou ainda mais atenção: um cordão com um crucifixo brilhoso. A manifestação cristã em meio a um país muçulmano deu o que falar nas redes sociais.
Não demorou muito para adeptos das duas religiões trocarem ofensas nas postagens do clube árabe. Um torcedor local falou sobre “a benção do Islã”, sendo rapidamente respondido por brasileiros: “Só Jesus Cristo Salva”.
A polêmica religiosa ainda levantou a possibilidade de Neymar sofrer punições do governo local, conhecido por prever pena de morte para homossexuais e outras represálias contra adeptos de outras religiões e costumes. Mas afinal, o jogador pode ser punido pelo ato?
🔝التاريخـي في الريـاض @neymarjr 😍💙#نيمار_هلالي pic.twitter.com/HQx4hWRzZW
— نادي الهلال السعودي (@Alhilal_FC) August 18, 2023
ANÁLISE DO ESPECIALISTA
Em entrevista ao ge, Fernando Brancoli, Professor de Geopolítica do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da UFRJ, comentou sobre o rigor religioso da Arábia Saudita. Inicialmente, ele ressalta que o país não proíbe oficialmente manifestações cristãs.
No entanto, uma pessoa comum que demonstrasse sua fé em outra religião poderia ser perseguida e sofrer represálias. Neymar, contratado a peso de ouro e com objetivo de limpar a imagem do país, dificilmente será punido pelo cordão com crucifixo.
O mesmo acontece com Cristiano Ronaldo, que é jogador do Al-Nassr, também do país árabe. O português comemorou um de seus gols pelo clube fazendo o sinal da cruz, símbolo do cristianismo, e também gerou debate.
Brancoli acredita que não vai dar nada, pois ele se insere na tentativa do governo saudita de construir uma imagem mais global. “Por ser o Cristiano Ronaldo não vai acontecer nada, mas em outros casos poderia dar algum problema, sim. Não por ter uma lei específica para isso, mas por poder pisar em calos ou coisas parecidas”, avaliou Brancoli.