Marcos Mion detonou uma fala do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o apresentador do ‘Caldeirão’, o político fez um discurso capacitista ao falar que pessoas com deficiência têm “problemas de desiquilíbrio de parafuso”, durante uma reunião com ministros em Brasília.
O POSICIONAMENTO
Mion é pai de Romeo, que foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e usa as redes sociais para espalhar conscientização e defender os direitos das pessoas com deficiências intelectuais. Em seu Instagram, o comunicador se indignou com uma fala do petista que insinuava que pessoas com deficiência estariam ligadas aos massacres recentes nas escolas do Brasil.
Ele iniciou o comunicado: “A comunidade autista segue sem 1 minuto de tranquilidade”.
“Essa fala chocou todo mundo e foi considerada capacitista, que é um crime, por especialistas e por pessoas da comunidade atingida“, disparou.
No discurso, o marido de Janja Lula utilizou o termo “deficiência mental”, abolida há anos pela comunidade. Mion ressalta: “O termo usado há muito anos é deficiência intelectual e não mental, como Lula usou. A gente tem que se policiar, aprender e se adequar”.
Lula se referiu à tal grupo como pessoas com “problema de desequilíbrio de parafuso”. “Isso não só é muito pejorativo, como também incentiva que outras pessoas continuem usando esses termos que têm que ficar, de uma vez por todas, no passado”, ele comentou.
Por fim, Mion mostrou indignação pela falta de atenção à causa. “A gente está aqui lutando pela aceitação, conscientização e normatização de todas as condições, noite e dia, e aí imagina uma pessoa sem informação, olhando para o seu filho com deficiência intelectual e perdendo as esperanças… Se o presidente diz que ele tem parafuso desequilibrado, para que eu vou continuar lutando?”, questionou.
“Irresponsavelmente, a fala dele liga deficientes intelectuais diretamente aos casos de violência que infelizmente temos visto acontecer. Isso é um absurdo, pois não há qualquer comprovação. Como pai de um autista, eu me sinto atingido”, lamentou Marcos.
Falando sobre os atentados, Lula usou um dado da Organização Mundial da Saúde (OMS), para falar sobre os possíveis riscos à segurança e relacionou o problema com o número de deficientes intelectuais no Brasil.
“A OMS (Organização Mundial de Saúde) sempre afirmou que na Humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problemas de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse aos ministros e governadores no Distrito Federal.
POSICIONAMENTO DE LULA
O representante do Executivo pediu desculpas pelas falas, e garantiu que conversou com outras pessoas e está aprendendo com seus erros: “Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir”.
“Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo. Tanto eu quanto nosso governo estamos abertos ao diálogo”, se retratou.
Lula finalizou: “Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados. É assim que avançamos enquanto pessoas, país e sociedade”.