Leandro Karnal, doutor em história e celebridade da TV, é um dos formadores de opinião mais conhecidos no território brasileiro. No início do ano, a apresentador recebeu muita atenção da mídia e dos internautas após revelar ao público estar vivendo em um casamento há 4 anos com o ator Vitor Fadul.
Em entrevista à Revista Veja, o intelectual contou detalhes sobre o início de seu relacionamento com o cantor. “Um dia fui com um amigo ver uma peça no Masp (Museu de Arte de São Paulo). Ele conhecia outra atriz que estava lá, também acompanhada de um amigo, e fomos apresentados. O Vitor havia acabado de ler um livro meu para a faculdade e puxou conversa”, ele iniciou.
“Logo de cara o achei interessante, bonito, comunicativo. Depois nos reencontramos, o convidei para um sarau aqui em casa e começamos a nos aproximar. Ele estava encerrando um namoro com uma menina, eu estava sozinho e aí aconteceu. Nunca planejei encontrar alguém, pelo contrário”, Karnal detalha.
AS DIFERENÇAS
O apresentador de TV completou 60 anos recentemente, e Vitor tem 27 anos. Apesar da diferença na idade, Leandro afirma que isso não foi um empecilho na relação: “A gente brinca entre nós que o “velho” da relação é o Vitor“, brinca.
“Ele se autodeclara com 81 anos, porque quem não quer sair, odeia barulho — inclusive por causa do autismo — e quer voltar para casa logo é sempre ele. Passou até o Carnaval estudando. Eu sou um pouquinho mais dinâmico do que isso. Mas provavelmente não me relacionaria com alguém de 27 anos, se fosse alguém que gostasse de ir para baladas, se embebedar e ouvir rock pesado todo fim de semana”, ele explica.
O eleito do historiador foi diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista) enquanto estavam juntos. O historiador fala sobre derrubar preconceitos com sua revelação ao público – além da homofobia, ele enfrentou comentários etaristas e capacitistas.
“Em uma tacada só expus três questões demonizadas por parte da sociedade: a homoafetividade, o etarismo (preconceito com pessoas mais velhas) e o autismo“, ele confessa.
Mesmo assim, Karnal afirma que é privilegiado por poder expôr sua vida pessoal. “Estou em uma posição privilegiada. Além de ser branco, tenho uma carreira sólida e, por consequência, sou de classe média, e também moro em uma cidade cosmopolita como São Paulo. Várias outras pessoas correm o risco de perder o emprego, ser expulsas de casa, até sofrer uma agressão física caso façam o mesmo que eu”, disse.
Sobre o espectro autista de Vitor, ele afirma: “Ele ainda não tinha diagnóstico quando nos conhecemos. E eu achava que algumas atitudes dele eram apenas excentricidades. Quando descobrimos, isso explicou por que o Vitor estuda várias línguas sem parar e de forma sistemática. Sabe falar italiano, francês, alemão, inglês, é fascinante. Se eu começasse a dar aula hoje, talvez eu fosse um professor melhor, mais compreensivo com a dislexia, o déficit de atenção, a hiperatividade e o espectro autista — casos que são muito frequentes”.
SEXUALIDADE
O amigo de Gabriela Prioli admitiu seu nervosismo para fazer o anúncio público: “Já namorei homens e mulheres, tenho 60 anos e não cresci em um ambiente livre de homofobia. Ouvi piadas, músicas vexatórias, ironias e ataques a terceiros. Com o tempo, entendi que, quando não há argumentos em uma discussão, um agressor tenta atacar a moral dizendo que fulano é gay. Quero acreditar que essa desqualificação baseada na orientação sexual é menor para os jovens de hoje do que foi para a minha geração”, ele pontua.