A ex-ginasta Lais Souza desabafou sobre os sete anos do acidente que sofreu ao treinar de esqui. Com uma publicação no Instagram, na madrugada desta quarta-feira (27), ela relembrou o que marcou sua vida.
“Você já passou por algo que de repente mudou tudo na sua vida? Que mudou seus movimentos, sua sensibilidade e todo o controle sobre seu próprio corpo? Pois é, hoje faz exatamente sete anos desde o acidente do dia 27 de janeiro do ano de 2014 que causou isso, exatamente toda essa mudança na minha vida”, iniciou.
Em seguida, a ex-atleta recordou também os anos em que se dedicou à ginástica e refletiu sobre tudo o que aconteceu em sua vida desde então.
“Foi justamente enfrentando as grandes montanhas da minha vida, deslizando em um longo tapete branco de infinitas possibilidades, na velocidade, porém um pouco maior, do que meus desejos, que então a sutileza da vida me mostrou uma nova jornada”, disse.
“Me mostrou a necessidade de de repente mudar: de precisar mudar a rota, a direção, o caminho, e de que o treino então passaria a ser outro. O treino do olhar: treinar o olhar e aprender a enxergar as mudanças das nossas vidas, e assim aceitar a nossa pequenez e falta de controle diante das infinitas possibilidades e acasos que a vida pode nos trazer”, refletiu a jovem.
Ela ainda comentou sobre a autoconhecimento que teve ao longo destes sete anos. “Confesso que sim, às vezes me sinto drenada, por questões internas e externas: é tanta competição, dominação, injustiça, superficialidade, disputa de vaidades, medo da vulnerabilidade, e o desafio de encarar minhas sobras e autocriticas […] É isso: tudo chega até nós para o despertar do nosso eu verdadeiro.”
“E assim tenho vivido, com amor, leveza, alegria e bom humor, buscando relações permeadas por trocas orgânicas, fluidas e justas. Viver com amor faz as pernas andarem por caminhos onde somente sentir é a passagem. E saibam que é esse amor à vida, à natureza, aos bichos, às crianças e a toda vibração de amor que me fortalece, e que me tornam mais forte dia após dia”, finalizou.
Lais era ginasta artística e passou a competir no esqui em 2013. Foi durante os treinos para os Jogos Olímpicos de Inverno, em 2014, que ela sofreu um acidente que lhe causou uma torção na coluna cervical, deixando-a tetraplégica.
Com tratamentos intensivos e fisioterapia, Lais já chegou a recuperar parte dos movimentos das pernas e braços.
CONFIRA O DESABAFO NA ÍNTEGRA
“Você já passou por algo que de repente mudou tudo na sua vida? Que mudou seus movimentos, sua sensibilidade e todo o controle sobre seu próprio corpo? Pois é, hoje faz exatamente sete anos desde o acidente do dia 27 de janeiro do ano de 2014 que causou isso, exatamente toda essa mudança na minha vida. Então estou aqui para compartilhar um pouco do que representam e foram para mim esses 7 anos, após o dia do meu acidente.
Ao trazer essas reflexões me lembro de toda a minha dedicação e doação pessoal e integral por tantos anos de vida ao esporte, à ginástica, ao que eu efetivamente sempre amei fazer, e se pudesse ainda estaria fazendo, mesmo que em outras modalidades.
O esporte sempre foi a minha arte, minha paixão, minha missão de alma. E foi justamente enfrentando as grandes montanhas da minha vida, deslizando em um longo tapete branco de infinitas possibilidades, na velocidade, porém um pouco maior, do que meus desejos, que então a sutileza da vida me mostrou uma nova jornada. Me mostrou a necessidade de de repente mudar: de precisar mudar a rota, a direção, o caminho, e de que o treino então passaria a ser outro. O treino do olhar: treinar o olhar e aprender a enxergar as mudanças das nossas vidas, e assim aceitar a nossa pequenez e falta de controle diante das infinitas possibilidades e acasos que a vida pode nos trazer.
Confesso que sim, às vezes me sinto drenada, por questões internas e externas: é tanta competição, dominação, injustiça, superficialidade, disputa de vaidades, medo da vulnerabilidade, e o desafio de encarar minhas sobras e autocriticas. Mas é como bem disse o escritor [Bert] Hellinger: ‘A vida envia pessoas conflitantes para te curar, para você deixar de olhar para fora e começar a refletir o que você é por dentro’. É isso: tudo chega até nós para o despertar do nosso eu verdadeiro.
E aqui trazendo algumas reflexões livres, ao pensar em liberdade, em como ser livre, principalmente em nossos tempos capitalistas, de consumo programado em que a liberdade é pensada quase sempre sob o ponto de vista de ‘ser economicamente livre’, diante de todas as conquistas que já tive, pessoais e profissionais, percebi que a verdadeira liberdade ocorre quando a minha alma se expressa em todas as formas possíveis de criatividade.
E assim tenho vivido, com amor, leveza, alegria e bom humor, buscando relações permeadas por trocas orgânicas, fluidas e justas. Viver com amor faz as pernas andarem por caminhos onde somente sentir é a passagem. E saibam que é esse amor à vida, à natureza, aos bichos, às crianças e a toda vibração de amor que me fortalece, e que me tornam mais forte dia após dia.”
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