Paulo Gustavo faleceu há exato um ano e sua irmã, Ju Amaral, falou publicamente sobre o assunto pela primeira vez desde a morte do humorista, em maio de 2021, decorrente da covid-19.
A produtora abriu o jogo de sua relação com o irmão, a quem se refere a Paulo no presente, e contou que se chamavam de “almas gêmeas”. “A única forma de definição que consigo é a que sempre falávamos: que somos almas gêmeas! Nunca houve assunto proibido entre a gente. Conversávamos até no olhar. Todos os momentos ao lado do meu irmão foram de pura emoção. Somos apaixonados um pelo outro. Somos melhores amigos”, contou ela em entrevista ao jornal ‘O Globo’, publicada na última terça-feira (3).
Durante o relato sensível, Ju também comentou sobre o processo de luto que passou ao lado da mãe, Déa Lúcia. “Vivemos juntas, ela cuida de mim, e eu cuido dela. Há dias em que a gente está no rir, em outros, no chorar. A nossa fé é que nos faz levantar da cama todos os dias. Mas o entendimento e a aceitação [da morte], ainda pretendo alcançar na doutrina espírita”, revelou.
A assistente de direção contou ainda que o carinho dos fãs ajudam com a saudade que sente do irmão: “Recebo milhões de mensagens. Não consigo ver todas mas me emociona muito o que as pessoas escrevem”, começou, revelando o que costuma ler em seguida.
“São sempre os mesmos temas como: ‘Seu irmão me salvou’, ‘Seu irmão faz muita falta e eu estou fazendo terapia para suportar a ausência física dele’. ‘Graças ao seu irmão, meus pais me aceitaram’. ‘Graças a seu irmão e a dona Hermínia [personagem de Paulo Gustavo em que interpretava sua mãe, Dea Lúcia], , eu aceitei meu filho’. E por aí vai, sempre sou abordada com muito respeito e carinho.Choro sempre”, confessou.
APOIO DOS SOBRINHOS
A irmã de Paulo revelou que além da espiritualidade e o carinho dos fãs, o amor pelos sobrinhos, Gael e Romeu, frutos do relacionamento de Paulo Gustavo com Thales Bretas, contribui para lidar com o luto.
“Meus sobrinhos são lindos, engraçados, são os meus amores e eu sou alucinada por eles. E eles por mim”, contou. Na sequência, Amaral declarou que a ligação com os gêmeos a ajudou a compreender a ausência do irmão.
No entanto, Ju revelou que para os meninos o processo é mais complicado: “Eles são muito pequenos ainda para esse entendimento. Às vezes, os dois dizem que ‘o papai Paulo veio visitar’ e aí já viu, meu olho enche de lágrima, eu disfarço para eles não me verem chorar”.
A irmã do humorista contou experiências que os gêmeos relatam para ela. “Outro dia, Gael disse ao apontar para o céu: ‘Olha lá a luz do papai Paulo’. Romeu também já falou, quando acordou chorando: ‘O papai Paulo não virou estrelinha, ele estava aqui, agora, brincando comigo’”, disse emocionada.
Embora as vacinas já tivessem chegado ao Brasil quando Paulo estava no hospital, o humorista não teve oportunidade de receber o imunizante a tempo. “Dizer que não me revolto seria uma hipocrisia. Estou buscando na minha espiritualidade e fé esse entendimento e conforto. São muitas as dores para mim”, contou Ju Amaral.
“Não foi só pelo meu irmão, assim como ele, milhares de pessoas morreram por falta de uma vacina que já existia. Mas pelas milhares de famílias atingidas por essa tragédia. Aproveito para falar da importância de se tomar a vacina. A vida social voltou aos poucos graças a ela. Tomem a vacina”, pediu.
Por fim, Ju também falou sobre o projeto ‘Lei Paulo Gustavo’, que propunha o repasse de R$ 3,8 bilhões para o enfrentamento dos efeitos da pandemia de covid-19 sobre o setor cultural e foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro. “Foi vetado, mas ainda vamos vencer essa. A minha parte vou fazer. As eleições estão aí para todos exercerem o poder de eleger um presidente que respeite o cargo que ocupa e a nação do país que o elegeu, o que definitivamente não é o caso do atual”, criticou.