A nova novela ‘Todas as Flores’ terá a deficiência visual como um de seus temas centrais. O elenco contará com três atores cegos ou com baixa visão – Camila Alves, Cleber Tolini e Moira Braga – além de Humberto Carrão e Sophie Charlotte em papéis de PCDs.
Camila e Humberto comentam sobre a importância e desafios da temática em entrevista coletiva, nesta segunda-feira (3). Perguntado sobre a trajetória de seu personagem, Rafael Martinez, o ator afirma: “Provavelmente, no final da infância dele ou início da adolescência, ele sofreu um acidente de carro, algo que tenha a ver com vidro, e gerou uma cicatriz muito forte nas córneas”.
“Os médicos explicaram que, às vezes, nessa situação, você não pode logo de cara fazer um transplante. Então, ele ficou um ano ou dois sem poder enxergar e até que pôde fazer o transplante de córnea. Esse evento mudou a vida do personagem, a forma dele entender as coisas”, revela Carrão.
O artista afirma que teve os colegas PCDs como uma importante referência para tirar dúvidas sobre o assunto. “É uma novela muito difícil de fazer, porque as pessoas têm narrativas relacionadas à doença muito viciadas. Eu encho muito o saco da Camila com áudios, perguntas e mensagens. Eu e Sophie [Charlotte] estamos o tempo todo conversando sobre isso porque a gente sabe que é uma responsabilidade”.
Por sua vez, Camila fez questão de ressaltar que alguns dos termos relacionados à deficiência já não são mais utilizados. São eles: portador de deficiência, portador de necessidades especiais ou pessoa especial. “O que o Brasil adotou como terminologia correta, legalmente e socialmente falando, são pessoas com deficiência (PCD). Podem falar sem medo de errar, porque é o que a gente está esperando”, explica a atriz estreante.
Quanto à importância da temática, ela ressalta: “A gente assumiu o compromisso de tirar essa imagem das pessoas com deficiência de um lugar estigmatizado, subalterno e marginalizado”.
“É um compromisso ético, político e estético. Não é simples, porque a gente vem de uma cultura que sabe mais excluir e oprimir do que incluir (…) Tem sido muito bonito ver o Carrão e a Sophie nesse contexto, o envolvimento pessoal deles com o que a gente tem apresentado na consultoria e na preparação. Tem sido muito bonita essa construção pessoal que eles estão fazendo”, conclui Camila.