Gloria Maria teve uma trajetória marcada por grandes momentos na televisão. Um deles aconteceu em 1980, quando denunciou o racismo que sofreu ao ser impedida de entrar em um hotel no Rio de Janeiro. Na época, ela fez questão de denunciar o caso durante uma reportagem na TV aberta, no Jornal Hoje, da TV Globo.
“Fui barrada. Fui barrada não por ser jornalista ou outro motivo qualquer. Fui barrada por ser negra. Um dos gerentes disse que negra aqui não poderia entrar. Então, eu fui à 13ª delegacia e registrei queixa, baseada na lei Afonso Arinos”, relatou na ocasião.
Glória Maria denunciando racismo na TV aberta em 1980. GIGANTE! pic.twitter.com/OZHotpaaHr
— Rômulo Costa (@romulocosta) February 2, 2023
A apresentadora foi a primeira a usar a lei, que não tratava o racismo como crime, mas como contravenção.
Em 2020, ao participar de um especial da GloboNews sobre o racismo no Brasil e no mundo, Gloria relembrou o caso. “Tenho orgulho”, disse. “Chamei a polícia e levei esse gerente aos tribunais. Ele foi expulso do Brasil, mas se livrou da acusação pagando uma multa ridícula, porque o racismo para muita gente não vale nada”, contou.
LUTA
A luta da jornalista contra a discriminação racial era antiga. Ela, que foi a primeira jornalista preta a ser repórter na história da televisão brasileira, já havia sofrido racismo pelo general João Baptista Figueiredo, no período da ditadura (1964-1985).
Depois de corrigi-lo durante uma entrevista, a jornalista foi ameaçada pelo presidente, que afirmou que iria prendê-la e arrebentá-la.
Gloria Maria morreu nesta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro. Ela lutava contra um câncer no pulmão.