Gilberto Gil, cantor e ex-ministro da Cultura, deu sua opinião sobre o impacto do governo de Jair Bolsonaro (PL) no setor das artes no Brasil. Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira (23), o artista afirmou que viu o campo cultural sofrer um enfraquecimento ao longo da gestão do ex-militar.
“Ficamos muito consternados. Não imaginávamos que essa fúria fosse prevalecer no caso das artes, do campo cultural. Foram instituições fortalecidas em governos anteriores. Processos e projetos de fomento foram totalmente abandonados”, lamentou.
O cantor disse ainda que são necessários esforços para mudar a atual situação do país. “Boa parte do Brasil reivindica a substituição dos que estão aí. Ficamos consternados, mas é o suficiente? É preciso batalhar, lutar e insistir no fortalecimento dos mecanismos democráticos. São importantes a liberdade de expressão, a eleição, o associativismo contemporâneo com tantos coletivos. É a sociedade brasileira tomando em suas mãos as suas responsabilidades”, disse.
Além disso, Gil comentou seu título como membro imortal da Aacademia Brasileira de Letras. Para ele, outros cantores também poderiam ter recebido o honraria, como Tom Jobim ou Heitor Villa-Lobos. “Resisti durante muito tempo, mas ao final aceitei e eles me aceitaram. Agora compartilham comigo a responsabilidade de insistir na popularização do acadêmico”, concluiu.
“LOUCO”
Recentemente, Gilberto Gil criticou a gestão de Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19, em entrevista ao portal francês “Francêsinfo Culture”. “Fui paciente, esperei, esperei. Depois, foi algo da ordem de se acostumar com essa situação, com as dificuldades do dia a dia”, completou.
Na sequência, o cantor revelou se sentiu raiva do governo e como ele lidou com a crise sanitária. “Raiva pessoal, eu não sentia. Porque eu não esperava mais nada deles. Eu já sabia que eles eram loucos. Não sentem um interesse profundo pela nação, pela sociedade? É difícil, me faltam as palavras”, disparou o artista.