São mais de 30 anos de carreira. Nesse tempo, Flávia Alessandra construiu uma imagem sólida como atriz com dezenas de novelas e filmes em seu vasto currículo, graças ao seu imenso talento e carisma. No entanto, ela é muito mais do que a artista que todas nós conhecemos e estamos acostumadas a ver na telinha. Flávia é também mulher, esposa, empreendedora e mãe. Confira a conversa exclusiva que a Revista AnaMaria teve com a atriz!
O que a maternidade mudou na sua vida?
Mudou tudo! O amor de mãe é um sentimento intenso e transformador. Você deixa de olhar para você e passa a olhar para um outro ser, que é a sua prioridade. Eu amo ser mãe. É uma realização, porque eu desejava muito. Mas acredito, de verdade, que mulheres podem realizar-se de outras maneiras também sem ser pela maternidade. No meu caso, a maternidade é mais uma parte que me realiza, assim como o trabalho, meu casamento… Ser mãe entra como mais uma dessas coisas que me fazem feliz. Ser mãe é um exercício diário porque você não tem todas as respostas do mundo, você não sabe todas as coisas, você não pode proteger seus filhos de todo o mal. A gente se ajusta para esse novo universo e, com isso, a gente erra, acerta, erra, acerta e aprende diariamente. A diferença de idade entre Olivia e Giulia são de dez anos.
Você queria ter mais filhos na época? A gravidez foi planejada?
Sim, ela foi planejada. Queríamos muito. Eu e Otaviano já estávamos casados há quase cinco anos, ele queria ser pai. Giulia já estava um pouco mais crescidinha. Olívia chegou na hora certa, no momento perfeito. E ela nos completou como família, porque somos muito ligados aqui em casa. Somos bem grudentos [risos]. Gostamos dos programas em família, na mesa não tem celular… Nossos momentos são nossos.
Não tem vontade de ter mais filhos?
Nós já tivemos… Mas agora, eu e Otaviano estamos numa fase de tanto trabalho, tão produtiva… A Giulia já está bem crescida, fazendo faculdade. Olívia já está mais independente. Não consigo ver um cenário para isso, sabe? Ter um filho é uma decisão muito séria. Eu gosto de me envolver em tudo da vida delas, ser presente. Se não for para ser dessa forma, não vejo sentido.
Como ser amiga e mãe ao mesmo tempo?
A mãe vem sempre antes da amiga [gargalhadas]. Mesmo! Se for preciso chamar a atenção, eu chamo. Eu estou sempre ligada nas duas. Ao mesmo tempo, temos uma relação muito transparente lá em casa, de muita conversa e diálogo. E amo que seja assim, que elas me vejam como alguém que podem contar as coisas. Não existe nada melhor do que isso. Elas têm essa segurança na gente. E sou muito amiga delas. Gosto dessa troca diária, mas isso não me impede de ser a mãe chata quando é preciso [risos].
Você passou a olhar para a sua mãe de outra forma depois da maternidade?
Com certeza! Você consegue entender algumas atitudes que, quando era mais jovem, não entendia. Passei a entendê-la muito mais, porque é um amor que transborda, uma preocupação e zelo com aquele bem precioso, sabe? E mãe, quando fala, é bom escutar. Temos um sentido aflorado [risos novamente].
Como foi voltar a gravar Salve-se Quem Puder depois da pandemia?
Foi como se eu estivesse reaprendendo a minha profissão depois de 30 anos. Todo o nosso processo mudou nessa volta. A emissora foi muito cuidadosa e estabeleceu protocolos bem rígidos para essas gravações. O jeito de gravar, de contracenar… Tudo mudou. Passamos a trabalhar com um acrílico entre os atores, mantendo o distanciamento sempre. Testes e isolamento antes de gravar. Quando paramos, a gente nem tinha certeza se iria voltar e terminar a nossa história. Essa é uma novela leve, com humor. Algo que estamos precisando tanto nesses dias tão difíceis…
Helena começa a novela como uma mulher fria. Teve dificuldade de encontrar o tom dela, já que você é superamorosa com as suas filhas?
Foi bem difícil para mim. Eu não tinha muitas informações sobre o passado da Helena. Aliás, eu não sabia quase nada. Eu quase desisti de fazer a novela. Achava que não saberia encontrar o tom. Mas o texto do Daniel Ortiz e a direção do Fred Mayrink me ajudaram muito. O Fred, aliás, me ajudou muito no início, porque meu instinto é beijar, abraçar, e ele ia me direcionando nesse outro sentido. Eu me senti segura para caminhar com eles. E, de fato, Helena é bem diferente de mim nesse quesito afetivo.
Como fica a Flávia mulher, com os seus desejos, conciliando maternidade e trabalho?
Ela é tão importante quanto a mãe e a profissional. Eu sou todas elas e, por isso, não posso deixar uma de lado. É fácil? Não! E é claro que, às vezes, rola um desequilíbrio. Um delas fica mais atuante. Mas eu estou sempre atenta em olhar para mim como a mulher que eu sou, atender aos meus desejos e cuidar deles.
Você e Otaviano têm algum combinado sobre ter um tempo só para vocês dois?
Sim, nós temos! E a gente sempre arruma esse tempo para o casal. Com trabalho, filhos, casa… Esse tempo nosso é fundamental. É o momento em que somos os namorados, com o nosso vinho e o mundinho que criamos. Vamos completar 15 anos juntos, então, está dando mega certo [risos].
Além da atriz, existe a Flávia empreendedora. Conte sobre seus projetos fora da tela.
Eu tenho o meu salão em parceria com o Marcos Proença. Recentemente, também lancei um bazar-brechó, em parceria com a Evva Comunicação, com mais de 1.000 peças minhas, e com a renda revertida para ONGs. É um espaço em que podemos desapegar de coisas que não usamos e, de quebra, ajudar. Tenho o maior orgulho desse projeto. Agora, vamos abrir lojinhas de amigas minhas, como a Deborah Secco, Vanessa Giácomo e Vitória Strada, para que elas também coloquem peças delas lá. E eu e o Otaviano ainda abrimos a agência Family, que cuidará exclusivamente de nossas carreiras, fazendo ponte com as agências, os empresários e o mercado publicitário.
Qual é a maior lição que você aprendeu com a pandemia?
De que nossas ações impactam na vida do outro e na nossa sociedade. Nunca nos
tornamos tão responsáveis pelo bem do próximo como agora. Se você pode ficar em casa, fique. Você está ajudando os médicos que estão na linha de frente lutando contra a Covid-19, você está evitando que o vírus se espalhe. Vi uma onda de solidariedade surgindo para ajudar aqueles mais vulneráveis nesse momento. Queria muito que essa empatia, esse cuidado com o outro permanecesse. Precisamos seguir olhando para o próximo, mantendo essa corrente de solidariedade, porque tem muita gente precisando.