No começo do ano, Eliana completou 30 anos de carreira e, nos últimos meses, vem ultrapassando a marca de 17,5 milhões de espectadores em sua atração que vai ao ar desde 2009, no SBT, e é o único programa de auditório comandado por uma mulher a competir pelo público do horário. Com esse número, ela se consagra como vice-líder de audiência nas tardes de domingo em todo o Brasil.
Apresentadora, empresária, cantora, mãe… Com tantos papéis desempenhados com maestria e muita paixão, seu carisma e talento repercutem nas redes sociais: são mais de 27 milhões de seguidores. Quando o assunto é música, Eliana também não deixa por menos. Ao todo, são 3 milhões de discos vendidos.
A receita de tamanho sucesso? Dedicação, carinho, amor pelo que faz e, acima de tudo, respeito por quem a acompanha e a tem como exemplo a ser seguido.
“Minha intenção é trazer figuras inspiradoras para o palco. Essa representatividade importa e quero que a minha telespectadora consiga se enxergar nas mulheres poderosas e protagonistas que levamos ao programa.” Vem atingindo seu objetivo com maestria, Eliana!
Confira a entrevista exclusiva, para AnaMaria, na íntegra:
São 30 anos de carreira… Qual o maior aprendizado de sua profissão que levou para a vida pessoal?
Durante tantos anos de carreira, aprendi que sinceridade e honestidade com o público são os principais fatores que mantiveram e mantêm essa relação tão duradoura que temos. E levo esse ensinamento para a vida: a melhor manutenção para os nossos relacionamentos é exatamente isso, repito: sinceridade e honestidade. Boas relações nascem de diálogos de peito aberto.
Qual o segredo para uma trajetória tão longeva?
Acredito que o meu trabalho como apresentadora tem dado certo porque o telespectador, quando assiste a nós, se sente na companhia de um amigo fiel.
E você é a única mulher à frente de um programa dominical de auditório. Como se sente em relação a isso?
Sinto que estou no caminho certo, sendo a única mulher a ocupar esse hall tão concorrido da programação dominical da TV aberta brasileira, que é predominantemente masculino. Fico feliz de estar quebrando esse paradigma e mantendo o sucesso comercial e artístico. Ao mesmo tempo, sinto muita vontade de ver mais mulheres comandando grandes atrações dominicais de auditório. Temos muito talento e capacidade para ocupar também esses espaços.
As mulheres estão mesmo ganhando mais espaço na mídia em geral?
Sim, estamos. Não apenas na mídia, mas nos negócios, na política, nas causas sociais também… Vejo com muita felicidade o movimento do protagonismo feminino, que só cresce. Mas ainda existe um longo caminho a percorrer para alcançarmos a igualdade.
No dia a dia, a luta pela igualdade de direitos e empoderamento também se fortalece? Como você acredita que coopera com essa luta?
Vejo isso como um efeito dominó: quando as figuras femininas da mídia se empoderam, as mulheres que as acompanham enxergam essa possibilidade nelas também. É por isso que, no programa Eliana, meu objetivo é sempre trazer figuras inspiradoras para o palco. Essa representatividade importa e quero que a minha telespectadora consiga se enxergar nas mulheres poderosas e protagonistas que levamos ao programa.
A TV, especialmente no passado, já foi muito acusada de ser um meio machista. Permanece igual hoje? Quais avanços você enxerga claramente?
Como já comentei, ainda enxergo muitos avanços que precisamos alcançar para nos tornarmos uma sociedade igualitária. Mas já vejo a televisão discutindo pautas hiperimportantes, como o protagonismo feminino e as narrativas LGBTQIA+, de forma bem mais aberta atualmente. Isso é maravilhoso!
Como a maternidade mudou a sua maneira de se relacionar com o trabalho?
A chegada do Arthur e da Manu mudou tudo. Depois da maternidade, percebi um novo valor nas coisas e entendi que, contanto que meus filhos estejam bem, todo o resto é possível resolver. Ou seja, minhas prioridades mudaram, passei a escolher melhor minhas batalhas. Achei o equilíbrio entre a profissão e a vida pessoal que faltava antes da maternidade.
Em entrevista ao jornal Extra, você disse: “Nós, mães, mulheres, armamos nossas próprias armadilhas, queremos fazer tudo, cuidar de tudo e depois ficamos exaustas. Hoje sou mais generosa comigo mesma e consigo viver de forma mais leve”. O que a levou a ter tal discernimento e adotar tamanha mudança?
Esse entendimento chegou com a maturidade. Percebi que a ideia de ser uma supermulher, que tudo pode e de todos cuida, acaba nos pressionando a sermos biônicas o tempo todo, a nunca errar e estarmos sempre prontas para dar atenção e cuidar do outro, nunca da gente. Mas precisamos aprender a cuidar de nós mesmas também. Entender a importância do autocuidado, até para eu poder ser uma mãe e uma profissional melhor, descobrir isso foi realmente libertador. Gostaria que mais mulheres também tivessem o privilégio de poder cuidar de si mesmas de vez em quando, mas sei que essa não é a realidade de todas, infelizmente.
QUEBRA DE PARADIGMA
As mulheres continuam ocupando e se destacando em postos importantes da televisão e nos seus mais diferentes setores. Um bom exemplo disso é o futebol: num ambiente tão masculino, a presença feminina na reportagem de campo e na própria narração deixou de ser uma novidade. E pode-se afirmar que Eliana possui uma grande parcela de contribuição nessa quebra de paradigma. Afinal, como mencionado anteriormente, ela é a única mulher a comandar um programa de auditório aos domingos ininterruptamente, desde 2009, se posicionando em uma faixa e cenário marcados por comunicadores homens há décadas.
TRAJETÓRIA REPLETA DE NUANCES
Eliana iniciou sua carreira ainda na adolescência, ao integrar o elenco de uma agência de modelos. Fez publicidade e participou de diversos comerciais, entre eles, o filme Meu Primeiro Sutiã.
Em 1986, passa a ser uma das cantoras do conjunto A Patotinha, tendo lançado diversos hits como Zig Zag Little Richard, Maria Rita, e uma versão melody de Deixa Isso pra Lá, de Jair Rodrigues.
Em 1990, com o sucesso do conjunto, Gugu Liberato a convidou para participar do grupo Banana Split. Percebendo sua desenvoltura, Silvio Santos a chamou para apresentar um novo programa infantil no SBT, dando início à sua carreira de apresentadora.
Em 1991, estreava Festolândia. No seguinte, ela comandou Sessão Desenho – nesse mesmo tempo, gravou o primeiro disco, com um sucesso que atravessa décadas: Os Dedinhos, vendendo milhares de cópias.
Em 1993, uma nova proposta de programas infantis, sem auditório e com uma vertente educacional e didática, voltada para crianças de 0 a 4 anos, foi formatada e teve a apresentadora à frente: nascia o Bom Dia e Cia.
Em 1996, Eliana comanda em paralelo o TV Animal, sua primeira incursão em um game voltado ao público infanto-juvenil e, no ano seguinte, o Bom Dia passa a se chamar Eliana e Cia.
Em 1998, migra para a RecordTV, onde comanda Eliana e Alegria, Eliana no Parque, Eliana na Fábrica Maluca, Eliana Especial Mulher, Eliana (voltado ao público teen) e Tudo É Possível – programa que marca sua estreia aos domingos.
Em 2009, Eliana volta ao SBT e se consolida como a única mulher na guerra de audiência dos domingos em um programa que fala com a família brasileira, bastante versátil, leve, pra cima, mantendo a vice-liderança consolidada de audiência.