A ex-BBB e influenciadora digital Hana Khalil anunciou em suas redes sociais que irá doar 1.500 absorventes reutilizáveis e 500 coletores menstruais para o Voz das Comunidades, organização do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), que ajuda moradores em situação de vulnerabilidade social.
A ação, em parceria com a marca Inciclo, visa reforçar a importância da higiene menstrual, isto é, o acesso das mulheres a produtos de higiene íntima durante seus ciclos. Além disso, um dos objetivos é atuar no combate à pobreza menstrual – termo que significa a falta de recursos no período da menstruação. Vale lembrar que não só a falta de absorventes ou coletores menstruais fazem parte do problema, mas também o simples acesso a saneamento básico.
“Além dos absorventes, também traremos algumas palestras sobre higiene menstrual e informações sobre questões de saúde básica, anatomia e sexualidade, para que se reduza minimamente esse dilema”, explica ela à AnaMaria Digital.
“Definitivamente não mudaremos nem 0.1 do tamanho do problema, mas poderemos trazer dignidade menstrual para algumas das pessoas que vivem esse pesadelo da falta de acesso. Seguimos no caminho ao combate à pobreza menstrual e rumo ao direito básico de menstruar e poder cuidar da própria higiene. Higiene menstrual é direito”, destaca a influencer.
No Brasil, cerca de 713 mil meninas vivem em casas sem banheiros e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas, como água, sabão ou papel, segundo o relatório ‘Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos’, lançado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) neste ano. Isso sem falar na crescente população de rua e de vulneráveis do país.
“Se menstruar já é um momento delicado todo mês, imagina ficar sem cuidados básicos durante a menstruação? No Brasil, não temos absorvente gratuito disponibilizado. Isso porque a misoginia e os problemas da desigualdade social atingem questões de saúde pública quando se trata de mulheres”, afirma ela.
Dados da Organização Mundial da Saúde (ONU) revelam que, em todo o mundo, uma em cada 10 meninas deixam de ir ao colégio durante o período menstrual, por questões relacionadas à falta de acesso ao básico, por medo, vergonha ou pela combinação desses fatores. No Brasil, essa proporção é mais urgente: uma estudante a cada quatro faltam à escola quando menstruam. Por conta disso, a ONU reconheceu, em 2014, o direito das mulheres à higiene menstrual como uma questão de saúde pública e de direitos humanos.
“Por não terem acesso ao básico, muitas mulheres recorrem a métodos improvisados e nada seguros para reter o fluxo, como pedaços de pano, papelão, jornal e até mesmo miolo de pão, que são usados na vagina durante o período menstrual”, lamenta Hana.
Ela defende que a dignidade menstrual seja um direito de todas. “Precisamos de absorventes disponibilizados gratuitamente no SUS, mas também precisamos eleger pessoas que tenham como meta priorizar políticas públicas responsáveis com a saúde dos brasileiros, trazendo saneamento básico e água potável. Não é um privilégio, é um direito. Não podemos considerar como privilégio o mínimo de acesso à higiene básica se isso é indispensável para o bem-estar humano e social”, completa.