A carreira de Juliana Didone começou aos 12 anos como modelo. Em 2002, se rendeu à dramaturgia, participando de várias obras. Entre elas, Desejos de Mulher, Malhação, Mulheres Apaixonadas, Paraíso Tropical, Negócio da China, Passione e Aquele Beijo, da Globo. Na RecordTV, fez O Profeta, Pecado Mortal e Os Dez Mandamentos. Emprestou ainda seu talento ao teatro e cinema. Atualmente, está no elenco de Bom Dia, Verônica, na Netflix, e se prepara para o monólogo Manhê!, uma adaptação do livro 60 Dias de Neblina (Ed. Matrescência) sobre maternidade.
O tema não surgiu à toa, pois é o papel de mãe da pequena Liz que a atriz melhor vem desempenhando nos últimos quatro anos. “Agradeço todos os dias por ter tido minha filha. É um amor tão profundo! Eu não sabia o que era sentir isso…”, fala.
Tamanha foi a transformação que a maternidade fez em sua vida, que ela criou o canal Diário de Mãe, procurando retratar com leveza esse momento sublime e, ao mesmo tempo, desafiador. Com humor, ela retrata situações cotidianas da vida materna, visando inspirar outras mães para uma jornada sem cobranças: “A websérie surgiu do desejo de expor o que todas as mães vivem e não compartilham com medo de julgamentos. Chega de buscar uma perfeição que não existe. Tire (mais) esse peso das costas, se desvencilhe de tanta culpa… e seja simplesmente mãe!” É isso, Juliana!
Confira a entrevista completa:
Você é uma mãe superdedicada. Sempre quis ser mãe?
Lá pelos 20 e poucos anos bateu a vontade, mas não era um sonho que eu carregava. Eu sempre fui louca por crianças, mas nunca romantizei a maternidade. Sou irmã mais velha e sempre vi o ‘rock’ que foi para minha mãe criar nós três. Foi muito perrengue, muito cansaço. Minha mãe deu conta, porém, eu via a luta dela diariamente, então, sempre fiquei na dúvida entre ter ou não ter filho. Aí, o destino apareceu com a surpresa da gravidez e eu mergulhei profundamente nesse desconhecido. Agradeço todos os dias por ter tido minha filha. É um amor tão profundo! Eu não sabia o que era sentir isso…
De onde surgiu a ideia de criar o canal Diário de Mãe?
O canal surgiu do desejo de trazer leveza para a maternidade. Surgiu do desejo de expor o que todas as mães vivem diariamente e não compartilham com medo de julgamentos. Menos culpa, mais intuição, né? Não tem nenhuma situação nova, o jeito que a gente conta é que é mais divertido. E é com o desejo de fazer rir com os desastres que acontecem no meio do caminho e criar um diálogo com mulheres que não querem ser perfeitas, que estão exaustas, inclusive de tentar atingir essa projeção impossível criada pela sociedade.
A interação com as internautas é grande, né?
Sim! Acabou acontecendo de criarmos uma comunidade forte, fazendo com que a gente se apoie umas nas outras, e essa troca é muito maravilhosa. Eu amo ler os acontecimentos alheios, me deparo muito com as dificuldades pessoais de cada mãe.
Você escreve, cria e monta sozinha os cenários?
Não! Eu tomo a frente de todos esses passos, mas, para escrever, temos nosso trio fantástico de criação: eu, Clarissa Kahane e Marcellí de Oliveira. Direção, figurino e direção de arte sou eu mesma… As redes sociais permitiram isso, o faça você mesmo, né [risos]? Elas nos dão mais autonomia para criarmos nossas próprias narrativas.
Como é o dia a dia com a pequena Liz?
É bem intenso e alegre. As crianças trazem pra gente um ritmo diferente. Hoje, tenho que dar conta da minha vida inteira e da dela também. Sobra pouco tempo e precisa estar tudo planejado. Claro, ainda assim existem muitos contratempos e aí eu tenho aprendido a não me frustrar tanto e aceitar quando as coisas fogem daquilo que eu imaginava que seria o ideal. Aliás, o ideal não existe, né? Tenho me aberto para pensar que tudo o que acontece na vida é por um motivo, um recado do universo. Precisamos estar atentas aos pequenos sinais. E, claro, sem jamais esquecer: o bom humor melhora qualquer perrengue, irritação, chateação, cansaço…
Qual o mundo que você espera que sua filha encontre daqui a 20 anos?
Quero um mundo com menos fome e menos corrupção. Só assim será possível viver em segurança no Brasil, sem medo de sair na rua. Ah, sem racismo e sem tráfico também. Um mundo mais humano é o que eu desejo para a Liz, mais integrado com a natureza.
O melhor de ser mãe é…
Receber o sorriso mais sincero e o olhar mais amoroso da vida todos os dias.
Em posts recentes no Instagram, você apareceu com uma forma física invejável, recebendo muitos elogios. O que você faz para manter o corpo sempre impecável?
O meu corpo não é impecável [risos]. Tenho várias celulites, rugas, cabelos brancos, uma barriga pós-gravidez que nunca mais foi embora… Eu percebo a transformação dele e aceito. Não sou muito disciplinada, mas procuro o equilíbrio. Então, quando rolam os excessos, depois eu compenso. Bebo muita água, estou sempre com uma garrafa na mão. Pode ser o consumo de chá também. Estou na fase de chá gelado, de hibisco, camomila, jasmim, lavanda, capim-limão. Acho que os líquidos sempre dão uma limpada. Eu também tomo vinho e como chocolate. Mas aí, no outro dia, eu faço uma caminhada ou corro de leve… Acho que a neurose com o corpo aumenta o descontrole e a ansiedade.
Qual é a sua opinião sobre os padrões de beleza atualmente? Você costuma usar filtros em suas fotos antes de postar?
É um vício, concorda? A gente se acostumou a se ver com eles, mesmo que seja só para uma leve corrigida, mas estão sempre lá [risos]. É uma ilusão. Ninguém mais tem olheiras de manhã, como assim?
Falando sobre carreira, qual personalidade que, se tivesse a oportunidade de interpretar, você faria muito feliz?
Madre Teresa de Calcutá. Ela foi uma mulher gigante e seu exemplo de resiliência, coragem, força e humildade me tocou muito quando li sua biografia. Seria uma bela história para o cinema: a humanidade está precisando se alimentar mais de amor.
E qual a personagem que você já deu vida e mais a marcou?
A verdade é que me apaixonei por todas as personagens que interpretei. Cada uma me enriqueceu artisticamente, me ensinou sobre averdade dos sentimentos. Mas, com certeza, a Letícia, de Malhação, é inesquecível para mim e o público. Tem também a Fernanda, de Paraíso Tropical. A personagem tinha um conflito tão bem construído… Eu amava a perturbação que ela sofria por ser apaixonada pelo irmão. Foi muito bom fazer.
Em breve, iremos assistir a Ju Didone na TV ou no cinema? Algum outro projeto bacana para o futuro?
Acabou de estrear a segunda temporada de Bom dia, Verônica!, interpretando a personagem Mônica, uma mulher que sofre abuso de um líder religioso. A série fala sobre o abuso da fé, tortura psicológica, violência doméstica. Temas polêmicos e importantes de ser abordados. Está na Netflix, corre pra ver!