Dig Dutra tem uma história de vida recheada de qualidades, como humildade, simpatia, determinação e, especialmente, muito bom humor. Formada em Artes Cênicas e pós-graduada em Cinema, a atriz curitibana comemora 29 anos de carreira com um currículo de tirar o chapéu.
Já apresentou o programa Play List, pela CNT, atuou em 27 peças, 15 filmes e fez mais de 90 comerciais de televisão. Participou das novelas Sete Pecados, Senhora do Destino, Alma Gêmea, Da Cor do Pecado, Belíssima, Paraíso Tropical, Duas Caras, Amor e Intrigas, Começar de Novo, Beleza Pura, Pé na Jaca, entre outras. Também marcou presença em A Diarista, Sob Nova Direção, A Grande Família, Faça Sua História, Carga Pesada, Linha Direta Justiça, A Turma do Didi, Xuxa no Mundo da Imaginação, Conto ou Não Conto. Tem mais!
No teatro, dividiu o palco com grandes nomes como Chico Anysio, Dercy Gonçalves e Francisco Cuoco. Outra atuação marcante foi na encenação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Pernambuco, como Maria Madalena.
Prestes a completar 45 anos e dona de um sorriso contagiante, ela vive um momento especial na carreira. Com quatro trabalhos novamente no ar, a artista mostra toda sua versatilidade, talento e desenvoltura.
Atualmente, a morena pode ser vista nas reprises de Malhação – Viva a Diferença, A Força do Querer, ambas na Globo, Floribella, na Band, e Zorra Total, dando vida à personagem Abadia, aquela menina que roda as tranças, no Canal Viva.
Sempre ligada às artes, Dig também é desenhista, pintora e ilustradora, e se prepara para lançar seu primeiro livro: “Como qualquer pessoa, durante a pandemia, precisei me reinventar. Aproveitei a paixão pela pintura e vendi alguns quadros. Agora, estou até pensando em fazer uma exposição de obras”, afirma orgulhosa.
Ela está com tudo e não está prosa! Acompanhe o bate-papo que a atriz teve com a AnaMaria.
“A MINHA CASA ERA A SACADA”
Dig aprendeu a lidar com os altos e baixos da profissão de atriz já ao se mudar para o Rio de Janeiro para investir em sua carreira. “Eu só saí de Curitiba quando eu considerei estar pronta para esse desafio. Já estava formada, além de ter trabalhado durante 11 anos como atriz na minha cidade. Mas foi quase como começar tudo novamente. Ninguém me conhecia e tive que conquistar tudo de novo”, conta a atriz, que chegou a dormir na sacada de um apartamento nos primeiros meses na nova cidade.
“Tinha um tio que morava no Rio e minha mãe perguntou se eu poderia morar com ele. Quando cheguei, o cômodo reservado para mim era a sacada! Sim, minha casa era a sacada e ainda precisava dividi-la com o jornal do cachorro. As roupas ficavam em uma caixa. Mas isso só me deu força para continuar lutando e também valorizar o conjugado em que eu fui morar em seguida. Era um apartamento minúsculo, porém era o meu canto. Todo arrumadinho e colorido. Enchi as paredes com frases de incentivo e acordava todos os dias com vontade de conquistar o mundo!”, relembra.
A CONQUISTA DO SONHO
De degrau em degrau, Dig Dutra se manteve firme e focada em seu objetivo. O caminho foi longo e puxado, como ela define, mas chegou ao seu destino: “No começo, eu não tinha história com ninguém. Eu fazia parte da classe artística de Curitiba e, como já falei, ninguém me conhecia. Estou aqui há mais de 15 anos. Sou muito grata por cada degrau, porque nada aconteceu em um estalar de dedos. Nada foi do dia para a noite. Como atriz, passei por todas as etapas. Conheço a profissão pelo lado do teatro sem glamour. Tenho a vivência do ator não famoso, mas digo com orgulho que conquistei um sonho”.
VÁRIAS VERTENTES
Sempre bem lembrada pelo trabalho no Zorra Total, a atriz revela que nunca pensou em ser comediante: “Não escolhi a comédia, mas os diretores me davam papéis mais cômicos. Também fiz a peça Pot-Pourri e o Maurício Sherman, então diretor do Zorra, assistiu e me chamou para a TV. Levei a minha personagem para o humorístico da Globo e foi um sucesso durante seis anos.
Questionada sobre como surgiu a chance de fazer novelas, ela explica: “Poderia ficar na comédia para sempre, mas queria explorar outras vertentes. Na realidade, quando saí de Curitiba, queria mesmo era atuar em novela. Não é que não goste de fazer comédia, pelo contrário. Só quero dizer que, agora, estou realizada!”.
Da comédia, passando pela dramaturgia e esbanjando talento também como artista plástica, Dig Dutra encontrou uma forma de fazer arte e dinheiro durante o isolamento social e a pausa dos trabalhos como intérprete: “Neste período de pandemia, passei a me dedicar a outra paixão, que é a pintura”, conta.
Ela confessa que, desde pequena, desenha bem, mas acabou seguindo por outra direção. “Acabei deixando [as artes plásticas] de lado. Usava esse talento para desenhar figurinos, fazer adereços e cenários. Mas, com o isolamento social, a arte me salvou completamente. Ela me manteve ocupada e feliz, porque fico envolvida no processo criativo quando estou pintando. E, a cada trabalho finalizado, eu sinto uma alegria e satisfação imensas. Isso foi muito importante para me fazer bem.”
A artista revelou que tem conseguido tirar uma renda com as obras: “Como qualquer pessoa, precisei me reinventar, e tenho vendido vários quadros. Eis aí outra boa vertente. Quero continuar pintando. Até a minha exposição de quadros está esperando o isolamento acabar para acontecer”.
RETOMADA
“Fui convidada pelo diretor George Sada para fazer um espetáculo solo. Fiquei muito feliz e animada com o convite porque adoro trabalhar com ele. Não vejo a hora de começar os ensaios. Quero voltar a gravar e fazer teatro. Aliás, o teatro nunca me fez tanta falta! A vontade de subir ao palco e não poder é algo assustador… Durante a quarentena, fiz trabalhos virtuais como atriz, mas nada comparado ao contato direto com a plateia”, revela.