Dizem que a vida começa aos 50 anos, e apesar do envelhecimento estar sendo cada vez mais discutido, no mundo da moda o fim deste preconceito ainda parece distante de ser superado. Luciana Gimenez, apresentadora, mãe e modelo, revelou que já sentiu o etarismo na pele.
Em entrevista exclusiva para o portal ‘Máxima’, Luciana contou que praticamente morreu para o mercado editorial quando completou 30 anos, e isso abalou profundamente a própria autoestima: “Sempre admiti para todos que eu odeio ficar velha, e isso desde os meus 30 anos. Então, já tem um certo (auto)preconceito, mas não sabemos o quanto isso foi motivado pela rejeição alheia”.
“Há mais de 20 anos comecei a ser questionada.”, continuou a musa, que vive o auge aos 52 anos: “É algo imputado na cabeça que não tem, necessariamente, a ver com idade. Penso que é mesmo a percepção alheia e essa agressão desnecessária, que vão levando você a este patamar de não gostar da situação. Quando fiz 31, quase morri. Foi um peso para mim. É como se, nós todos, não fôssemos envelhecer. O outro, que está apontado o dedo, também vai ficar velho”.
Luciana ainda explicou que o processo da auto aceitação sob o assédio constante da mídia em torno de sua idade, ainda é um desafio: “Eu acho muito legal quando as pessoas falam que adoram quando ficam maduras. Eu não levanto essa bandeira, porque realmente ainda tenho uma dificuldade com isso. Muito pior do que você não conseguir trabalhos ou ser rejeitado em outros, é você se rejeitar. Você pensa que, realmente, não tem mais idade para as coisas”.
NA PELE
Luciana Gimenez compartilhou, ainda, situações pessoais e profissionais que viveu e que contribuíram para as cicatrizes emocionais que cultiva até hoje: “Já ouvi editoras dizendo que não tinha idade para fazer uma capa de revista. E depois, apareceu uma menina que era mais nova que eu na capa”, contou.
A apresentadora também ressaltou que os homens são mais livres deste tipo de pressão e ostracismo: “Acho interessante que, muitas vezes, quando aparece meu nome, aparece a idade do lado. Isso não acontece com um homem. O homem mais velho é levado como ‘gostosão’’, maduro. A mulher não… Tive uma pessoa na minha vida que falava: ‘Homem envelhece e mulher apodrece’. Ouvia ainda adolescente e isso ficou na minha cabeça”, relembrou sobre a fala “cruel”, em suas próprias palavras, que a fez desejar até a própria morte.
AUTOESTIMA
Na intenção de ajudar mulheres que, como ela, sentem o preconceito mais pesado do que a própria idade, Luciana compartilhou um exercício que pratica sempre que recebe um elogio: “Eu estou fazendo um exercício de, quando a pessoa me elogiar, eu ser grata e não falar nada de ruim sobre mim. Outro dia saí, e as pessoas me elogiaram muito. Tentei interiorizar isso”, começou.
“Eu falo sobre isso [etarismo], mas com dor no coração. Sou um exemplo disso que elas vivem. Eu também me sinto sensível com o assunto. A idade não é um fator determinante. Eu, hoje, meu lado racional, me sinto tão apta a fazer coisas que não fazia antes. Entre os 20 e 30 anos eu não saia de casa, tinha muita preguiça. Ficava na frente da televisão e não tinha vontade de fazer nada. Hoje em dia, tenho muito mais vontade de fazer as coisas, energia e querer viver. Temos que pensar que estamos no jogo!”, finalizou.